quarta-feira, setembro 03, 2008

EUROPA E EUA LUTAM EM NOME DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO CONTRA PAÍSES ISLÂMICOS NA ONU

Os governos europeus e norte-americano, juntamente com organizações de direitos religiosos, estão a travar dura batalha na ONU para derrotar a resolução «Combate à Difamação de Religião» que exige respeito pelo Islão e por outras religiões mas que tem sido usada para justificar a perseguição das minorias religiosas e poderá servir para silenciar toda e qualquer crítica ao Islão em solo europeu.
A resolução é apoiada pelos cinquenta e sete países da Organização da Conferência Islâmica (OIC) e tem sido aprovada pela ONU anualmente desde 2005, estando agora a aproximar-se a altura do ano em que se costuma renová-la.
Os EUA afirmam quererem persuadir os países muçulmanos ditos moderados - Senegal, Mali, Nigéria e Indonésia - a rejeitarem a medida, que não tem força de lei mas que tem fornecido cobertura diplomática para reprimir a liberdade de expressão, como acontece neste momento no Paquistão, no Sudão, no Afeganistão e no Egipto, onde estão a ser emitidas duras leis contra a blasfémia.
Segundo a norte-americana Comissão da Liberdade Religiosa Internacional, esta medida islamista começou por ser «uma resolução sem impacto nem implementação; agora, estamos a assistir a uma clara tentativa da OCI de impor o conceito a todo o mundo e de inseri-la em todos os outros tópicos que possam. Estão a transformar a liberdade de expressão em restrição de expressão.»
O Centro Europeu para a Lei e para a Justiça avisa que tal tipo de resoluções anti-difamatórias «estão em directa violação da lei internacional a respeito dos direitos à liberdade de religião e de expressão.»
A OCI, por seu turno, afirma que mais não faz do que querer a salvaguarda do direito das minorias religiosas a uma «vida de respeito, livre de coerção, medo ou ameaça», e, tentando jogar a cartada do anti-racismo, chamam a atenção para o aumento da discriminação «religioso-racial».
Ora, que incidentes é que a OCI considera ameaçarem as minorias religiosas?
Os exemplos que citou são significativos e esclarecem o que há a esclarecer sobre a sua mentalidade e as suas reais motivações: as palavras que o papa Benedito XVI proferiu sobre o Islão no ano passado e a publicação em jornais dinamarqueses de caricaturas satirizando Maomé.
Ora considerar que isto são incidentes que devem ser «prevenidos» é dar força a quem quer silenciar toda e qualquer crítica ao Islão.
Segundo o supracitado Centro Europeu de Lei e Justiça, a resolução «substitui o critério objectivo de limitação da liberdade de expressão que é o de impedir a incitação ao ódio e à violência contra crentes pelo critério subjectivo de saber se determinado discurso ofende ou não os crentes».
Ou seja, passa-se duma situação em que se penaliza apenas os que manifestamente apelem à violência para uma situação em que se penaliza quem quer que diga coisas que desagradem a outrem.
O Fundo Becket da Liberdade Religiosa, organização sediada em Washington, acusa a resolução de «dar poder aos Estados em vez de aos indivíduos, protegendo ideias em vez de proteger as pessoas que as defendem.»
E é precisamente aqui que está a fronteira entre a existência e a inexistência da liberdade de expressão, fronteira esta que demasiada gente não compreende, a começar pelos muçulmanos em geral mas a incluir também muitos cristãos - numa sociedade realmente livre e democrática, as pessoas têm direito a ser respeitadas no seu bom nome e reputação, mas não têm direito a que as suas ideias estejam além de toda a crítica.
Criticar, atacar, satirizar uma ideologia não é o mesmo que criticar, atacar ou satirizar as pessoas que promovem ou que acreditam nessa ideologia.
A diferença entre pessoas e ideias é pois essencial para que possa haver crítica sem agressão e/ou subsequente censura.
Uma pessoa não é uma ideia. Uma ideia não é uma pessoa. Uma pessoa é um ser separado da ideia que pode ou não escolher essa ideia.
É quem não percebe isto que se sente pessoalmente atingido quando a sua religião/ideologia é criticada, é quem não percebe isto que a partir daí parte para a agressão pessoal do crítico, é quem não percebe isto que quer silenciar as críticas aos seus ideais, o que resulta evidentemente numa negação da liberdade de expressão e num consequente caminhar para a censura e para o totalitarismo.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

«...passa-se duma situação em que se penaliza apenas os que manifestamente apelem à violência para uma situação em que se penaliza quem quer que diga coisas que desagradem a outrem.»


Não se pode agradar a Gregos e a Troianos.

3 de setembro de 2008 às 20:17:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Então se formos Gregos, mais vale agradar aos Gregos.

3 de setembro de 2008 às 20:19:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/middle_east/7593765.stm#posy

«Egypt voices: Sexual harassment»

3 de setembro de 2008 às 20:58:00 WEST  
Blogger Silvério said...

"Não se pode agradar a Gregos e a Troianos."

"Então se formos Gregos, mais vale agradar aos Gregos."

Curioso é que nós já estamos tantos habituados a viver esse ditado que já nem sabemos se somos gregos ou troianos, por isso é que se diz gregos e troianos, nós por cá somos sempre or árbitro.

3 de setembro de 2008 às 21:17:00 WEST  
Blogger Matos said...

Reino Unido:
«Erecção de Jesus Cristo» acaba em tribunal

A cristã Emily Mapfuwa colocou um processo contra a instituição por se ter sentido ofendida com a imagem. A mulher, de 40 anos, considerou que se a imagem fosse de Maomé o museu não se teria atrevido a exibi-la daquela forma.


http://diario.iol.pt/internacional/ereccao-processo-museu-jesus-cristo-tribunal-reino-unido/987176-4073.html

4 de setembro de 2008 às 01:57:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Curioso é que nós já estamos tantos habituados a viver esse ditado que já nem sabemos se somos gregos ou troianos, por isso é que se diz gregos e troianos, nós por cá somos sempre or árbitro.

Exactamente, foi precisamente isso que quis dizer - nós não temos de ser «neutrais» nas situações que nos dizem respeito, nós somos sempre ou Gregos ou Troianos.

4 de setembro de 2008 às 10:23:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"No ano de 711, a Espanha foi conquistada pelos muçulmanos e os judeus saudaram a sua vinda com júbilo. Eles regressaram a Espanha dos países para onde haviam fugido. Eles sairam ao encontro dos conquistadores, ajudando-os a tomar as cidades de Espanha."

Deborah Pessin, The Jewish People, Edição da United Synagogue Commission on Jewish Education, págs. 200-201

"Os barbarescos ajudaram o movimento Árabe a estender-se até Espanha, enquanto os judeus sustentavam o empreendimento ao mesmo tempo com homens e com dinheiro. Em 711, os barbarescos comandados por Tarik cruzaram o Estreito e ocuparam a Andaluzia. Os judeus convergiram com piquetes de tropas e guarnições para o distrito."

Josef Kastein, History and Destiny of the Jews, Nova Iorque 1933, pág. 239

...mas sim esta senhora e este cavalheiro, que por sinal até nem podem ser acusados de anti-semitismo. Há coisas fantásticas, não há?



Publicada por caceteiro

4 de setembro de 2008 às 12:19:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

«No ano de 711, a Espanha foi conquistada pelos muçulmanos...»

Afinal não chegaram à Peninsula primeiro que ninguém. Já lá havia nativos.

4 de setembro de 2008 às 18:09:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

http://www.petitiononline.com/bancatms/

PETIÇÃO CONTRA AS COMISSÕES SOBRE LEVANTAMENTOS EM ATMs (Multibanco).

5 de setembro de 2008 às 04:23:00 WEST  

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