sábado, dezembro 17, 2022

... IO SATURNÁLIA...


O Natal genuíno tem origem na grande cerimónia da Saturnália, uma das celebrações mais festivas e desinibidas da Romanidade, que marcava o aniversário da dedicação do templo de SATURNO.
Durava sete dias e incluía o Solstício de Inverno.
Quem a preside é SATURNO, o Deus da semente e da semeadura (e, por extensão, do semen), derivando o Seu nome, provavelmente, de «Satus» («brotado de» ou «semeado»). A Sua celebração ocorria no final da última semeadura do ano.
A Sua esposa é OPS, o recurso alimentar do qual os Romanos usufruíam após a colheita do Verão. A Opália tem lugar a 19 de Dezembro.
Diz a Wikipédia que, passo a citar,
Na época romana, acreditava-se que tais Divindades, saídas das profundezas do solo, vagassem em cortejo por todo o período invernal, isto é, quando a terra repousava e era inculta por causa das condições atomosféricas. Deviam então ser aplacadas com a oferta de presentes e de festas em Sua honra e, além disso, induzidas a retornar ao outro mundo, onde teriam favorecido as colheitas da estação estiva. Tratava-se, em suma, de uma espécie de longo "desfile de carnaval".
O templo de SATURNO continha a estátua do Deus, recoberta de óleo, o que constituiria eventualmente uma técnica de preservação; estava além disso envolvida em laços de lã, que eram desfeitos no dia do Seu festival.
Macróbio diz que isto simboliza a semente que tinha estado nas entranhas e que brota no décimo mês, que era Dezembro, como o próprio nome do mês indica, isto no antigo calendário, no qual o primeiro mês do ano era Março. («Saturnália», 1.8.5).
O templo de SATURNO também continha o tesouro do Estado («Aerarium Saturni»).
A SATURNÁLIA, o «melhor dos dias» (optimus dierum, de acordo com Catulo, em «Carmina» 14:15) era iniciada neste templo com um grande sacrifício, no qual os senadores e os cavaleiros usavam as togas. Os sacrifícios a SATURNO eram realizados «Graeco Ritu», isto é, de acordo com o Rito Grego, ou seja, com a cabeça descoberta («capite aperto»), segundo o que diz Plutarco em «Questões Romanas» (11). Tal facto pode derivar da identificação de SATURNO com o grego CRONOS, Rei da Idade do Ouro, que é um aspecto de SATURNO especialmente importante durante a SATURNÁLIA, por motivo óbvio, como a seguir se verá.

A seguir ao sacrifício, realizava-se um banquete («convivium publicum», ou «convivium dissolutum»), ao qual toda a gente podia ir e que parece ter sido estabelecido em 217 b.c. ou 433 a.u.c. (segundo Macróbio, «Saturnália», 1.10.18; e também segundo Tito Lívio, «Ab Urbe Condita», ou «Desde a Fundação da Cidade», 22.1.19).
Lívio diz que se realiza nesta ocasião um «lectisternium», ou seja, um banquete oferecido aos Deuses em certas cerimónias solenes ou em sinal de reconhecimento, em que as estátuas dos Deuses são colocadas em leitos junto das mesas.
Neste dia, usavam-se roupas menos formais («synthesis») e capas leves («pilei»); as pessoas enchiam as ruas gritando «Io Saturnalia!».
A alegria reinava; encerravam-se lojas, tribunais, escolas, e os aedis permitiam a jogatina em público.
Nas casas com servos, os donos tratavam-nos como iguais. Por vezes os senhores serviam os servos à mesa, em alusão à igualdade e à transposição das hierarquias, evocando a mítica Idade de Ouro, quando tudo era perfeito. No seio da família, juntamente com os escravos, escolhia-se um rei momo, ou «Saturnalicius Princeps», que usava máscara e trajava de vermelho (a cor dos Deuses), o que não deixa de fazer lembrar o actual Pai Natal. Na verdade, esta igualdade, e por vezes inversão social (escravos a serem servidos por senhores) seria mais simbólica e religiosa do que propriamente social e real, pois que na maior parte dos casos eram os escravos que preparavam o banquete e, por detrás da desordem festiva, permanecia a sólida ordem romana.
Ofereciam-se presentes, tais como pequenos objectos de cerâmica, incluindo bonecas de cerâmica («sigillaria») às crianças (especialmente nos sextos e sétimos dias). Aos amigos, davam-se velas de cera («cerei»). Catão (em «De Agricultura», 57), recomendava que se concedesse aos subordinados uma ração adicional de 3+1/2 de vinho («vinum familiae»).

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Interessante!

https://www.youtube.com/watch?v=zHw8Htgy7GQ

19 de dezembro de 2022 às 01:22:00 WET  
Blogger Caturo said...

Interessante? A respeito desta matérias, o fulano só regurgita merda às catadupas, a miúda tem mais razão que ele em praticamente tudo. Limitar-se o gajo a dizer «o Pai Natal não é o Odin, é o São Nicolau» é pura indigência mental, trata-se de repetir acefalamente a propaganda cristã e ignorar imbecilmente as «coincidências» que a rapariga aponta. O mito cristão não é critãmente nada menos do que verdade literal. Se não é verdade literal, então não tem cabimento no Cristianismo. Se a narrativa tida como literalmente verdadeira é na verdade uma versão local de um mito mais antigo, isso pode servir para os cultos pagãos todos, que não têm de fazer interpretações literais das narrativas, mas não serve para o Cristianismo.
Só faço um reparo ao que ela diz - é verdade que o Pai Natal apresenta elementos odínicos, mas, a meu ver, é essencial e quase directamente uma versão cristã de Saturno, Deus da Idade de Oiro que veste de vermelho, traz abundância e fraternidade.

Quanto ao desafio palerma que o sujeito lança à mulher de provar que o culto do Sol Invicto se tivesse feito antes da data por ele indicada, não seja por isso, fica já aqui: «An inscription of unique interest from the reign of Licinius embodies the official prescription for the annual celebration by his army of a festival of Sol Invictus on December 19".[45] The inscription[46] actually prescribes an annual offering to Sol on November 18 (die xiv kal(endis) decemb(ribus), i.e., on the fourteenth day before the Kalends of December).»
Bastava-lhe ter ido pelo menos, pelo menos, à Wikipedia, já não fazia a triste figura que fez.

20 de dezembro de 2022 às 02:20:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Só faço um reparo ao que ela diz - é verdade que o Pai Natal apresenta elementos odínicos, mas, a meu ver, é essencial e quase directamente uma versão cristã de Saturno, Deus da Idade de Oiro que veste de vermelho, traz abundância e fraternidade."

E o meu carro tem semelhanças como uma mota, vamos a ver é baseado em tal veiculo.

"Bastava-lhe ter ido pelo menos, pelo menos, à Wikipedia, já não fazia a triste figura que fez."

Qual é o primeiro ano no qual foi celebrado o Sol Invictus? E qual foi o primeiro ano no qual foi celebrado o Natal? É que não percebi esse pormenor nessa transcrição.

20 de dezembro de 2022 às 03:10:00 WET  
Blogger Caturo said...

«E o meu carro tem semelhanças como uma mota, vamos a ver é baseado em tal veiculo.»

Não é nada impossível. De resto, hoje há milhões de veículos desse género, «se calhar» na altura eram raros e não consta que o São Nicolau usasse tal coisa ou que algum dos apóstolos conduzisse quadrigas... «detalhes» significativos.


"Bastava-lhe ter ido pelo menos, pelo menos, à Wikipedia, já não fazia a triste figura que fez."

«Qual é o primeiro ano no qual foi celebrado o Sol Invictus?»

A transcrição que eu trouxe é da altura de Licinius. Licinius foi imperador entre 308 e 324.

«E qual foi o primeiro ano no qual foi celebrado o Natal?»

354.

20 de dezembro de 2022 às 12:06:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Também da wiki:

Since the 12th century,[48] there have been speculations that the near-solstice date of 25 December for Christmas was selected because it was the date of the festival of dies natalis solis invicti, but historians of late antiquity make no mention of this, and others speculate Aurelian chose December 25 to shadow early Christian celebrations already on the rise

21 de dezembro de 2022 às 09:00:00 WET  
Blogger Caturo said...

Pois... dizerem porquê é que está quieto...

21 de dezembro de 2022 às 18:41:00 WET  

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