DIFERENTES MATANÇAS E SUBSEQUENTES SENSIBILIDADES
Partindo da mentalidade da maioria dos Ocidentais em 2025, podem imaginar-se os seguintes cenários:
- se um burgesso qualquer magoa um gato, facilmente se levanta hostilidade contra o burgesso;
- se quem magoa um gato é um cão, dificilmente há hostilidade contra o cão; a agressividade de quem vê a cena rapidamente se transfere para o putativo proprietário do cão, que deixa o seu pobre animal indevidamente à solta;
- se quem magoa um gato é uma cobra, facilmente se quererá eliminar de imediato a cobra, cortando-a aos bocados se for caso disso.
Será hipocrisia? Não. A hipocrisia é consciente.
Trata-se, em vez disso, de uma questão de sensibilidade, de sentir imediato e não reflectido - expressa por isso o modo como a sensibilidade está formada na maioria das mentes ocidentais da actualidade.
Do mesmo modo, quando uma minoriazita entre os Ocidentais, a trupe da antifaria/antirraria, sobretudo a de Esquerda, vê um negro a matar alguém de raça branca, mesmo que seja uma mulher branca, não há da parte desse tipo de espectador qualquer animosidade ou raiva contra o agressor. Não se trata de hipocrisia. É outra coisa. É toda uma formatação, lavagem cerebral profunda, contra a sua própria gente. Não se forma uma sensibilidade destas do dia para a noite. Não é um filme, ou uma série, que faz isso. São muitos filmes, muitas séries, muitas revistas, livros, palestras, ao longo de anos, décadas. É toda uma mentalidade, originada, não em meia dúzia de conspiradores de avental, mas sim no próprio cerne da doutrina moral do credo religioso que se impôs no Ocidente há coisa de mil e setecentos anos. Poder-se-á dizer que não havia disto na Europa de há cem anos, ou se calhar havia mas não era muito visível, mas isso é não perceber que a bola de neve se avoluma no seu percurso e de acordo com a sua própria natureza. A derrocada da Religião em si não eliminou a moralidade correspondente a qualquer religião em particular. Uma coisa é a crença no sobrenatural, inerente a qualquer religião propriamente dita; outra, bem diferente, é o conjunto de valores que lhe está associado. Não acreditar que um carpinteiro judeu foi executado por crucificação e saiu da tumba dois dias depois, não acreditar nisso não impede que se comova uma pessoa diante do sacrifício do crucificado na sua marcha final para o Calvário. No caso da ética cristã, já muito infiltrada nas almas das classes pensantes, o universalismo militante laicizou-se, tornou-se humanista, e o resultado dificilmente poderia ser outro senão este. É uma doença nunca antes vista, HIV civilizacional, sida doutrinal, produziu as metástastes com pernas que agora se vêem nas «manifes» anti-racistas e afins, mas não é, afinal, difícil de perceber.
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