sexta-feira, maio 17, 2024

A PROPÓSITO DA REACÇÃO TUGUESA À ADESÃO DE UMA EX-COLÓNIA DE PORTUGAL AO GANGUE RUSSO


Diana Soller (comentadora de política internacional), 11 de Maio de 2024, CNN Meia-Noite:
- ... Há uma certa ingenuidade de Portugal há muito tempo, diria eu, e tenho vindo a defender isto várias vezes, de que tem uma influência sobre os países lusófonos que na verdade não tem - não tem. E se nós tivéssemos dúvidas disso, com este caso do acordo, e das reacções ao acordo, isso tornou-se bastante claro. Isto, de alguma maneira, e a minha crítica aqui não é apenas aos líderes vigentes, mas também aos anteriores, há na ideia da política externa portuguesa e de todos os programas de governo que vêm nas políticas externas portuguesas, de que há três vectores fundamentais da política externa portuguesa, que é o Atlântico, a Europa e os países de língua portuguesa, encapsulados na CPLP, que normalmente é aquilo que se usa para explicar aquilo que Portugal tem uma influência em África, e até no Brasil, enfim, quer dizer, se nós tivéssemos verdadeiramente estado atentos, já tínhamos percebido há bastante tempo que a CPLP nunca foi controlada por Portugal, que Portugal não tem uma grande influência nas deci... - uma grande ou se calhar nenhuma - influência nas decisões de países como Angola e o Brasil, já há muito tempo, se é que alguma vez teve, e quer dizer, e países pequenos como S. Tomé, que poderia usar a sua relação com Portugal para entrar na Europa, perante a oferta de uma grande potência, ou de um país que não é propriamente uma grande potência à escala global, mas que estes pequenos países vêem como uma potência, escolhem efectivamente, e como provavelmente a maioria dos países escolheria, essa grande potência; e portanto, esta reacção de Portugal foi uma reacção verdadeiramente exagerada; a única coisa que o governo português tinha que dizer, e que o presidente da república tinha que dizer, era que S. Tomé é um país soberano; e não o fazendo, de alguma maneira, acabam por demonstrar uma enorme fragilidade portuguesa perante tudo aquilo que se está a passar. Isto para mim é o dado mais importante. São Tomé e Príncipe à escala global não tem qualquer importância; pode ter importância estratégica no sentido que são ilhas, que são ilhas do Atlântico, que a Rússia poderá usá-las de alguma maneira, enfim, mas é relativo, tendo em conta todos os outros países que a Rússia e que a China podem vir a influenciar. Agora, isto cria para Portugal um grande embaraço que era desnecessário, porque ele só existe porque Portugal proclamou durante décadas que um dos vectores mais importantes da sua política externa era o vector dos países lusófonos, e isso já não era verdade há muito tempo, e todos sabíamos que não era verdade, mas todos, enfim, andámos sempre a tentar...

Jornalista (Sara ) - Havia essa vontade, mas isso não acontece também no caso de vários países do Ocidente?, ou seja, porque é que o Ocidente, porque é que Portugal e vários países do Ocidente, estou aqui a pensar por exemplo nos Estados Unidos, não avançaram para mais influência junto do continente africano, deixando caminho aberto para países como a Rússia e a China?

Diana Soller - Eu penso que há aqui duas questões que têm de ser ditas relativamente a isso. A primeira, é que há um, eu penso que há alguma injustiça, digamos assim, relativamente à ausência da Europa em África. A Europa tem sido a maior doadora líquida, a fundo perdido muitas vezes, dos países africanos, e portanto, a Europa tem sempre tido um grande programa de apoio ao desenvolvimento em África que é completamente desvalorizado nesta altura, porquê?, porque aparentemente as condições da China são condições muito mais fáceis de aceitar pelos governos africanos porque nomeadamente não têm cláusulas de boa governança como têm, ou como tinham, as dos programas europeus. Pode-se dizer "bom, estas cláusulas de boa governança eram cláusulas muito paternalistas, eram..." É possível, é possível, mas a verdade é que durante muito, muito tempo, foi a Europa que amparou África no seu desenvolvimento. Pode não ter sido brilhante, pode ter tido falhas, pode ter tido um conjunto de problemas, mas, enfim, é importante reafirmar que a grande doadora de África foi sempre a Europa, sempre. Portanto, se, em condições que os países africanos não adoravam?, bom, é uma crítica que se pode fazer, é uma reflexão que eu acho que se deve, que se devia ter começado a fazer talvez há muito tempo, mas também é injusto considerar que não houve presença ocidental, digamos assim, em África, é injusto.»

* * *

Até que enfim... às tantas, pensava que era só eu que dizia estas coisas... e Diana Soller di-lo com muito mais conhecimento factual, o que só significa que até os factos que não conheço confirmam que a luso-tropicalice tem sido uma desgraça pegada para Portugal, tal como a relação do resto da Europa com o resto de África também não prima pelos bons resultados a favor dos Europeus, que, diga-se, têm andado a alimentar a explosão demográfica africana que os pode engolir...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

a mansidão e etnomasoquismo dos políticos que governam este país é tal que nem há descrição possivel

21 de maio de 2024 às 15:21:00 WEST  
Blogger Lol said...

os europeus destruiram o ocidente ao civilizar a africa unificar paises que eram tribos rivais controlavam demografia africana encheram as americas deles gerando dois continentes grandes cheios deles pra invadir o oeste

22 de maio de 2024 às 19:12:00 WEST  

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