terça-feira, agosto 29, 2023

«OPPENHEIMER»

«Oppenheimer» é filme valioso que surpreende pela positiva em matéria de ética. Numa época de domínio woke do entretenimento, alcança a proeza de brilhar sem ir ao beija-mão do ideal da moda. Longe do lugar-comum da oposição entre puros cientistas idealistas e políticos maquiavélicos, o texto põe a personagem principal a compreender a necessidade de utilizar uma arma de destruição maciça contra o Japão, dado que os Japoneses não se rendiam nem por nada e já se preparavam para resistir duramente a qualquer invasão norte-americana. Com efeito, quando a certa altura alguém diz que não se justifica largar uma bomba atómica sobre território japonês porque o Japão «já está derrotado», Oppenheimer responde «Pois, isso é bom se você não for um soldado norte-americano» referindo-se aqui aos militares ianques na iminência de perder a vida ao invadir espaço japonês.
Nada é perfeito, porém, num mundo imperfeito feito só de gente imperfeita, pelo que, ao mais alto nível da guerra, da política e da vida, continua a ser inevitável que haja erros humanos, incluindo incoerências, hesitações, isto para além dos diferentes contextos que mudam por vezes de um ano para o outro - e, a este nível, os referidos erros pagam-se mais caro que os outros. Assim, Oppenheimer acaba por ser acusado ou pelo menos fortemente suspeito, com ou sem razão, de nutrir alguma simpatia para com a URSS, simpatia esta que o teria feito reduzir o esforço militar norte-americano na manutenção da supremacia militar diante do país de Estaline.
Ao longo de toda a narrativa, o cientista nunca deixa de ter presente a responsabilidade do que fez ao desenvolver uma arma de poder sem precedentes, que cria não apenas uma vantagem política mas um portal para um novo mundo, potencialmente aterrador. A meu ver, termina a película com uma aporia - não adianta ao cientista dizer que o peso da decisão do uso de uma arma terrível pertence aos políticos, mesmo que os próprios políticos assumam ou pretendam assumir total autoria do acto, como faz, no filme, o presidente americano em conversa com Oppenheimer: «Julga que o pessoal de Hiroxima e Nagasáqui quer saber de quem fez a bomba? Não, eles vão saber é que fui que mandei»; não adianta, pois, que um político consciente o declare, porque um cientista consciente há-de sempre saber que a sua própria responsabilidade é inegável, e todavia não poderia deixar de levar a cabo a sua destrutiva obra.

1 Comments:

Blogger lol said...

Estranho genocidio atomico colored ok reds brancos ok kk sempre limpam a barra dos anglos askenazes ate demonizando bucha capacho do leste

30 de agosto de 2023 às 19:07:00 WEST  

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