SOBRE A PREVISÍVEL LADAINHA CULPABILIZADORA DOS PORTA-VOZES DO «ZEITGEIST»
Como seria de esperar, a previsível queda do regime afegão às mãos dos Talibãs despoletou um coro lastimoso a pretender falar em nome do Ocidente para fazer um mea culpa à escala continental, gemendo histericamente que «nós é que temos a culpa, esta vergonha também é nossa!»
Entenda-se: quando falam em «nós!» não estão a falar deles próprios ou sequer da elitezinha intelectual a que pertencem e que realmente toma decisões ou que pelo menos influencia directamente as decisões estatais, mas sim dos Europeus e Americanos em geral, como povos. Claro que nada desta situação do Afeganistão foi alguma vez a referendo na Europa, ou foi sequer referida em campanhas partidárias (cá, pelo menos, não o foi seguramente), mas nestas alturas é sempre bom culpar o «povinho», se calhar a fazer a cama para que o «povinho» aceite as «soluções» que entretanto alguns querem impingir aos Europeus… exemplo disso é um dos líderes do «Livre» a dizer que «esta vergonha também é nossa» e, subsequentemente, a apresentar a «solução» de deixar entrar os refugiados afegãos todos pela Europa adentro e pronto, assim vai o Europeu «redimindo-se»…
Porquê esta pungente, palermíssima e pungente auto-culpabilização?
Falando em termos concretos sem tretas demagógicas e baratuchamente sentimentais, o que sugeria esta gente que se fizesse?
Que nunca se tivesse levado a Democracia ao Afeganistão, que nunca se tivesse liberalizado a sua sociedade, que nunca se tivessem criado nesse país as condições para as mulheres poderem andar sem burca e ir à escola?
Ou que, em vez disso, o Ocidente mantivesse tropas naquelas paragens por tempo indeterminado – ou, talvez, que estas tropas procedessem a massacres selectivos de talibãs, para mais facilmente poderem ser acusadas, aos berros histéricos, de «ingerência!», «imperialismo!!», «colonização!!!», «racismo!!!!!!», «islamofobia!!!!!!!», «assassínio!!!!!!!!!!!!» e, quiçá, genocídio!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! pelas mesmas caras que agora acusam os governos ocidentais de cobardia e traição e mai’ não sei quê?
Porque será que tão emocionados doutos observadores não dizem – e nunca disseram - um real caralho sobre isto?
Porque a sua «religião» do «humanismo» universalista assim o dita…
Antes de mais nada, clarifique-se, se dúvidas houver, aquilo de que aqui se trata – a culpa do Ocidente é neste caso mínima; num tempo de confusão mental gerada por um credo altamente emocional, torna-se ridiculamente necessário dizer o óbvio: a culpa da violência talibã é dos próprios talibãs. Os Talibãs não são crianças coitadinhas obrigadas a tornar-se violentas porque os papás não gostavam delas. Os Talibãs são homens adultos, nada deficientes nem intelectual nem fisicamente, que pura e simplesmente seguem o que diz o Alcorão. Sim, é só isto, é mesmo só assim. Está escrito no Alcorão, faz-se como está no Alcorão. O Alcorão manda que as mulheres usem véu, as mulheres usam véu. O Alcorão manda bater nas mulheres se elas desobedecerem, bate-se nas mulheres se elas desobedecerem. O Alcorão manda condenar homossexuais à morte, condenam-se homossexuais à morte. O Alcorão desaconselha artes visuais que criem imagens de forma humana ou animal, proíbe-se o cinema. O Alcorão proíbe a música, proíbe-se a música. Não há ali espaço para interpretações e fedúncias. É o que está no livro e acabou.
Ora um intelectualzinho ocidental de peida alapada em graciosa e culta esplanada de um filhadaputa de um café de Paris, de Lisboa ou de Nova Iorque tem imensa dificuldade em perceber que se faça simplesmente o que diz um livro religioso, ele acha isso estranhíssimo e inverosímil, porque para ele está-se mesmo a ver que um livro religioso não se interpreta literalmente porque não, porque não e porque não, acabou, isto porque ele já está, há séculos de laicismo, habituado a achar que a religião, a religião a sério, é como o folclore, é para consumo do «povinho». Logo, o entendimento da coisa tem de ser «mais complexo», não pode ir por aí, está fora de questão ir por aí, nunca poderia ser por aí que se percebia fosse o que fosse… naaah, aquilo é algum truque, aquela gente que manda deve ser corrupta ou simplesmente maldosa e anda a manipular o «povinho» para, para, para… calma, é preciso pensar nas «causas profundas» (expressão do código esquerdês para anunciar o início do processo de pensamento cuja meta invariável é poder declarar «a culpa é do Europeu!», e pronto, Q.E.D.) e portanto, ora deixa cá ver, já sei!, para negociar as rotas do petróleo e do gás natural e mais as papoilas da heroína com os governos ocidentais, é isso!, ‘tá explicado, bem explicadinho, à «luz» da puta da perspectiva laica e humanista da vida…
Conforme diz o britânico David Lorimer citando o professor Basil Willey, «uma explicação é uma reafirmação de algo em termos de interesses e pressupostos actuais. Assim, estar satisfeito com uma explicação quer dizer aceitar determinados termos e categorias como não necessitando de mais explicação. As teorias baseadas em tais pressuposições são encaradas como inteligíveis e plausíveis, enquanto as teorias baseadas em pressupostos rivais podem passar pelo ridículo de serem consideradas como ininteligíveis e implausíveis. (…) Se a plausibilidade de uma explicação depender das nossas pressuposições, estas por sua vez dependerão da nossa formação – já em si atributo do clima intelectual prevalecente.»
Ora, quando a mentalidade das elites é o que é, verdadeira «religião» dos «direitos humanos», ou por outra, de um universalismo humanista que por sua vez produz um anti-racismo militante, decalcado, em termos de padrão mental, da religião anterior, o Cristianismo, é nada mais que previsível o que agora por aí se alvitra nos grandessíssimos mé(r)dia.
Toda a gente tem ou teve na família alguém que por tudo e por nada fala na doutrina católica para explicar seja o que for, ou porque tudo o que é mau é obra do diabo, ou porque estamos no fim do mundo, ou porque Jesus já dizia assim e assado. A maioria das pessoas já não tem pachorra para ouvir comentários desses, ou tolera-os com algum paternalismo, mas de forma alguma lhes dá razão, e porquê?, porque emanam de uma religião morta ou moribunda que perde terreno a olhos vistos, desaparecem os últimos fiéis mais devotos e fecham-se as igrejas, porque este credo já não é o eixo central explicativo do mundo – já não é, digamos, o sistema operativo de coisa nenhuma.
Deixou, todavia, descendentes – o seu universalismo, ditado por um carpinteiro crucificado na Judeia há dois mil anos, criou raízes emocionais nas elites do Ocidente e, embora o cientificismo e a democracia erodissem as estruturas de poder político-religioso cristãs, o cerne da sua moral persistiu, cada vez mais intelectualmente desenvolvido, até aos dias de hoje, produzindo assim um novo «credo», um beatismo do universalismo sem fronteiras, herdeiro, em diversos aspectos, da Cristandade.
Assim, tal como os beatos de Jesus fazem mea culpa colectiva pelos pecados da humanidade, e até dos seus (por isso usam, alguns, um cilício), o actual «beatério» humanista por tudo e por nada desbobina a sua ladainha auto-culpabilizadora, que fica ainda mais emocional e mais «forte» e «convincente» em situações dramáticas como as do actual Afeganistão, isto independentemente da sua preparação intelectual ou académica, porque isto não é, nunca foi, uma questão de intelecto e sim de sentimento.
A irracionalidade é aqui total, nunca por nunca se ouve um destes académicos a apresentar uma proposta coerente e lógica para deitar abaixo o poderio talibã, nem isso lhes interessa verdadeiramente, porque o que realmente ecoa nas suas almas é a necessidade de fazer mea culpa e de abrir portas ao mundo inteiro – e isto, repita-se, é ditado pela fé universalista. Qualquer merda que aconteça seja onde for – ébola em África, guerra na Síria, talibanices no Afeganistão ou terremotos na Mongólia – é pretexto para virar toda a agressividade justiceira contra o Nós (Europeus… brancos…) e para exigir a abertura das fronteiras «quépa» cá entrar toda a gente, não falha, é mais certinho que o cagar.
Isto ao nível das elites. A sanha humanista, todavia, não influencia grandemente as classes populares europeias – ou quaisquer outras – mas o desprezo humanista pela prática propriamente religiosa já há muito se disseminou por todo o Ocidente, a um ponto tal que até entre os mais dados a coisas do espírito é moda dizer-se que se não é religioso mas sim espiritual – nesta divisão, a religião congrega tudo o que é repressor e genericamente mau, a espiritualidade é que é boa e só tem o que é bom… e assim a religião continua em queda, já nada interessa ou explica, quando se fala da Igreja é quase sempre para se bater na pedofilia ou no casamento dos padres ou na repressão sexual (ou seja, só assuntos mundanos e sociais); o mesmo se aplica ao resto das religiões, pelo que, quando a propósito do Afeganistão se fala na força do Islão, há sempre um esperto a dizer «eh pá, aquilo é tudo negócio, é negociata, meu!, aquela cena é por causa do petróleo/heroína, ou pensas que faziam aquilo assim se não houvesse grandes interesses por trás, pois pois…» e nisto tem de imediato um coro de zezinhos a apoiá-lo ou a fazer «like» no «argumento» e prontos, méne… e às tantas, as culpas já estão todas em cima dos senhores da guerra (subentendido: capitalistas ocidentais que vendem armas), esses é que têm a culpa e nos andam a lixar a todos!, mas nós também temos culpa porque deixamos!!, e prontos, méne, ‘tá «explicado»… onde é que já vai o caralho da evidência sobre a violência religiosa muçulmana, isso já nem conta para nada, violência quê?, muçu, muçul quantas?, «isso é lá a cultura deles e ao fim ao cabo as religiões são todas iguais, andam todas ao mesmo, não tem nada a ver com isto… »
Mas não. A Religião não é toda igual; as religiões não querem todas o mesmo e não vão todas dar ao mesmo sítio.
A Religião tem mesmo tudo a ver com isto. A Religião que tem mesmo tudo a ver com isto chama-se Islão. O Islão faz exactamente o mesmo em toda parte sempre que tiver força para o efeito. O Islão só não faz o mesmo quando há, no contexto, pressões externas, exteriores ao Islão, a actuar. Exemplo disso é a Síria. A Síria é uma democracia musculada em que uma elite laica, ou pelo menos ocidentalizada, impõe um bocadito de direitos humanos no país, sabendo que, por baixo do chão, há um potencial islamista crescente e esmagador que esteve prestes a tomar o País há poucos anos e que o teria feito se Moscovo não segurasse Bashar al-Assad no poder. O mesmo se pode dizer, na generalidade, do resto do mundo islâmico. A escravatura só foi abolida na Arábia Saudita em 1962 e, na Mauritânia, em 1981… oficialmente, claro. Onde quer que a influência ocidental recue, aí retorna a escravatura, como acontece desde há alguns anos no nordeste de África, mais concretamente no sul da Líbia, onde, desde a queda do regime de Cadáfi, o Islão avançou como nunca e hoje há mercados de escravos com negros castrados e pessoas penduradas do tecto como carne a respirar para serem compradas…
A culpa do Ocidente neste caso afegão reside precisamente na mentalidade da elite reinante, humanista e laica, que julgou conseguir manipular a Religião – coisa «menor», só para o «povinho»… - para assim deitar abaixo o Comunismo soviético. O resultado está à vista – nada supera a Religião quando a Religião é viva e operante.
6 Comments:
https://www.abola.pt/nnh/2021-08-17/estados-unidos-hope-solo-acusa-megan-rapinoe-de-intimidacao/901451
A rapinoe, maluca pelo anti-racismo (leia se defesa dos negros e defesa da extinção dos brancos), quer obrigar todas a ajoelhar. Tudo tem de fazer o que a gaja acha correcto.
Os ideais dela são todos os que a agenda esquerdista e multiracialista defende.
Inquisição é mesmo assim, sempre foi, continua a ser...
O que dizes deste vídeo feito por sul-coreanos, Caturo?
https://www.youtube.com/watch?v=a8KgVluAJzI&t=0s
(até os asiáticos percebem a merda que se passa no ocidente)
Está realmente muito pertinente, só o ocidental é que «tem» de se vergar aos ditames da Nova Inquisição Anti-Racista, credo inventado no Ocidente na sequência da Cristandade, enquanto a China está bem livre para disseminar os «estereótipos» que quiser sem que um só antirra levante a sua purulenta grimpa para o criticar...
Oficialmente mesmo ja vi negras escravas em bagdad no seculo xxi vendidas com a promessa de nao se cansar de limpar areia do deserto mas claro o nazismo vem do ocidental cuckold e seus direitos humanos nazis
Ate o infanticidio genocida indigena o pt apoiou mas so e nazismo o bozo querer integrar os indios ao sistema produtivo
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