quarta-feira, setembro 18, 2019

A LUTA DE FEMINISTAS IRANIANAS CONTRA O REGIME MUÇULMANO DO SEU PAÍS

Recentemente três mulheres iranianas presas na famigerada prisão de Qarchak foram condenadas a penas que podem chegar a mais de 10 anos atrás das grades. O "crime" que cometeram? Não estavam a usar o véu (muçulmano), desafiando portanto o código de vestimenta islâmico.
As mulheres foram detidas depois de um vídeo por elas postado na Internet no Dia Internacional da Mulher se ter divulgado. No vídeo elas são vistas a andar de metro de Teerão, sem a cabeça devidamente coberta, distribuindo flores a outras passageiras.
"É possível ouvir uma delas dizer: há-de chegar o dia em que as mulheres não serão forçadas a lutar," ao mesmo tempo em que outra manifesta esperança que um dia as mulheres a usar hijabs (véu islâmico) poderão andar lado a lado com mulheres que optaram por não usá-lo.
A batalha em prol dos direitos da mulher de não cobrirem a cabeça estimulou a jornalista e premiada activista iraniana-americana Masih Alinejad, autora do livro recentemente lançado «The Wind in My Hair: My Fight for Freedom in Modern Iran» a pesquisar e encontrar o movimento de redes sociais "My Stealthy Freedom."
Na sua campanha, o movimento criou a hashtag #WhiteWednesdays, na qual as mulheres podem trocar fotos e vídeos delas próprias aparecendo em público sem os véus ou usando as simbólicas coberturas brancas de cabeça e outras peças de vestimenta e trocar ideias sobre o direito das mulheres.
Nos cinco anos desde a sua criação, o My Stealthy Freedom recebeu milhares de fotos e vídeos e já conta com mais de um milhão de seguidores.
Numa recente entrevista concedida ao Gatestone Institute, Alinejad, "auto-exilada" em Nova Iorque, ressaltou: "Durante 40 anos as autoridades da República Islâmica fizeram as mulheres cair em desgraça, apelaram para a coerção e imputaram violenta repressão. O que salta aos olhos agora é que as mulheres estão-se a contrapor e reivindicando os seus direitos. Iniciei a campanha My Stealthy Freedom com a bandeira contra 'o uso compulsório da hijab' em 2014 e desde então o movimento cresceu exponencialmente incorporando iniciativas como a White Wednesdays, dando ao regime constantes dores de cabeça porque as mulheres se imbuíram de coragem para contestar as autoridades quanto aos seus direitos civis."
"As autoridades da República Islâmica dizem que o 'uso compulsório da hijab' está na lei e precisa de ser cumprido. No entanto, leis ruins devem ser contestadas e alteradas. Hoje, as mulheres que lutam contra a retrógrada lei do uso compulsório da hijab são o maior desafio ao regime clerical no Irão e, como um rio que ao fim e ao cabo acaba vencendo qualquer obstáculo, não há já maneira de travar estas mulheres."
"Contudo necessitamos do apoio da comunidade internacional, que ela levante o problema junto às autoridades iranianas e tome as medidas cabíveis."
Os textos e a actuação em defesa da causa política custaram muito caro a Alinejad. Segundo as suas palavras no jornal The New York Times em 2018, não visita o Irão desde 2009 por medo de ser encarcerada. Além disso, a sua família, que "ainda mora no paupérrimo vilarejo onde ela foi criada na região norte do Irão," tem vindo a ser ameaçada pelo regime, tanto que a irmã dela a contradisse na frente da TV iraniana no horário nobre.
Ao referir-se ao interrogatório de duas horas a que foi submetida recentemente a já idosa mãe de Alinejad, a Amnistia Internacional manifestou preocupação de "que as autoridades venham a destacar declarações feitas por ela sob coação em futuros vídeos de propaganda, dado o longo histórico dessas práticas abusivas por parte do regime."
Activistas de direitos humanos são, via de regra, tratados com requintes de crueldade pelo regime iraniano. Akbar Mohammadi, irmão da activista iraniana pelos direitos da mulher, radicada nos Estados Unidos, Nasrin Mohammadi, por exemplo, foi preso durante a revolta estudantil em 1999. Akbar foi torturado e, depois de sete anos atrás das grades, acabou por morrer. Nasrin publicou o livro Ideas and Lashes: The Prison Diary of Akbar Mohammadi em 2012 que conta a história da tortura do seu falecido irmão: "A violenta repressão das mulheres iranianas é só mais um exemplo da opressão que o Povo Iraniano passa todos os dias," salientou Nasrin Mohammadi ao Gatestone Institute.
"A base desta tirania é a lei religiosa aplicada pelo governo desde a revolução de 1979. As mulheres são cidadãs de segunda categoria, no fundo escravas do Irão. A comunidade internacional precisa de ter a coragem de deslegitimar a lei religiosa e criticar abertamente a sua natureza tirânica. Assim como o mundo livre deslegitimou o Comunismo durante a Guerra Fria, deveria fazer o mesmo com a lei religiosa."
"A comunidade internacional deveria dirigir o foco sobre o Irão, trabalhar para acabar com o regime e demais governos do mesmo naipe mundo afora. Em relação ao Irão, também deveria destacar a corrupção, dado que a religião é usada como justificação para roubar dinheiro e poder ao povo."
Nasim Basiri, outra activista iraniana radicada nos EUA, assistente de professor do departamento de Estudos da Mulher, Género e Sexualidade da Universidade Estadual do Oregon, salientou ao Gatestone Institute que, apesar dos riscos envolvidos, o movimento está em franco crescimento no Irão.
Basiri disse acreditar que as "feministas estrangeiras poderiam ser nossas aliadas e servirem de voz para as mulheres iranianas e para as activistas de direitos das mulheres."
Na sequência, disse: "Muitas feministas iranianas acreditam que as políticas ocidentais favoreceram a ditadura no Irão resultando no recrudescimento da violência política e cultural contra as mulheres. Elas não querem passar pelo que passaram as mulheres afegãs e iraquianas por causa das guerras. Isto não leva à libertação e fornece justificações aos regimes autoritários para silenciarem as mulheres em nome da defesa da Nação e da luta contra o imperialismo."
Faranak Rostami, refugiada iraniana que se encontra no Catar, disse ao Gatestone Institute: "As mulheres iranianas realmente querem trocar este regime por um governo liberal. Precisamos de liberdade e igualdade de género em todas as áreas. Se não pudermos alcançar isso, que nos seja concedido estatuto de refugiada no exterior."
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Uzay Bulut, jornalista da Turquia, Ilustre Colaboradora Sénior do Gatestone Institute.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/14857/mulheres-iranianas-liberdade

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Eventualmente, muitas feministas ocidentais fingem que não ouvem este apelo das suas camaradas iranianas, porque de momento não lhes apetece bater em quem o odiado Trump bate... no seio do esquerdalhame ocidental, a agenda pró-imigracionista e antirra sobrepõe-se quase sempre à dos direitos das mulheres.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

http://blogdomrx.blogspot.com/2019/09/retorno-do-paganismo.html?m=1

19 de setembro de 2019 às 00:49:00 WEST  
Blogger Afonso de Portugal said...

«Eventualmente, muitas feministas ocidentais fingem que não ouvem este apelo das suas camaradas iranianas, porque de momento não lhes apetece bater em quem o odiado Trump bate... »

Será que é só isso, camarada? É que eu não me lembro de elas defenderem as irianianas quando o "Nobel da Paz" queniano ainda era presidente...

20 de setembro de 2019 às 21:55:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

https://supraislam.blogspot.com

Novo blog sobre o islam

22 de setembro de 2019 às 00:24:00 WEST  

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