sábado, abril 06, 2019

SOBRE O NACIONALISMO EM PORTUGAL E NA INTERNET - E OS SEUS INIMIGOS ME(R)DIÁTICOS

A intensa e multifacetada actividade de grupos extremistas de Direita em Portugal volta a ser destacada, pelos serviços de informações, no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que chegou na Vernes à Assembleia da República. "Conferências, acções de propaganda, celebrações de datas simbólicas, eventos musicais e sessões de treino de artes marciais - num perfeito alinhamento com o modo de actuação dos seus congéneres europeus com quem mantêm contactos frequentes", escrevem as secretas.
Em escalada estão, essencialmente, os movimentos identitários e neo-fascistas, com aproximações ao Partido Nacional Renovador (PNR), que tem no discurso radical anti-imigração uma das suas bandeiras. "De forma transversal, a Extrema-Direita continua a intensa difusão de propaganda em ambiente virtual", assinalam os serviços de informações na sua análise à ameaça de extremismos em Portugal. O objectivo destes grupos está claro para a polícia: "Criar condições favoráveis ao sucesso eleitoral de forças políticas nacionalistas ou populistas em 2019."
Sinal evidente da estratégia que se está a estabelecer na Extrema-Direita têm sido as alianças tácitas que se vão formando nos bastidores entre os identitários - em crescendo na Europa e que em Portugal têm os seus activistas em grupos como o Portugueses Primeiro e o Escudo Identitário - e partidos políticos já registados oficialmente, como o PNR.
Um dos líderes emergentes deste movimento - pelo menos assim é considerado pelas autoridades que os monitorizam - é João Martins, condenado pela morte de Alcindo Monteiro, que tem marcado presença em sessões do PNR, como foi a recente apresentação da lista às eleições europeias. O Diário de Notícias perguntou a João Martins se iria integrar a lista eleitoral, mas nem ele nem o PNR responderam.
A principal forma de difusão de propaganda da Extrema-Direita tem sido na internet, sobretudo no Facebook. E é também aqui que se dá a elevada tensão e a autêntica ciber-guerra com o outro extremo ideológico, anti-fascistas e anarquistas - técnica e academicamente muito bem preparados, quer para a contra-narrativa quer para sabotar e bloquear alguns sites neo-fascistas. E não só: no passado dia 20, conseguiram mesmo atacar a página oficial do Chega, liderado pelo ex-vereador de Loures do PSD André Ventura.
Forças internacionais?
Este "grande dinamismo" da Extrema-Direita, referido no relatório, é visível, também, numa investigação que o Diário de Notícias tem desenvolvido nos últimos meses com o consórcio internacional de jornalistas Investigate Europe. Em quase todos os países em que decorreu uma longa recolha de dados nas redes sociais, as forças políticas anti-imigração dominam o debate online. Nas próximas semanas, o DN vai publicar os resultados desta investigação.
Em alguns países, esse domínio é total - e surpreendente. Noutros casos há provas de que a propagação de mensagens específicas - como as identificadas no RASI: "Combate à imigração, à islamização, ao multi-culturalismo e ao marxismo cultural" - se faz através de contas com um registo "anormal" de actividade, e alguma automação, ou seja, por meios informáticos de reprodução rápida. Isso levanta, desde logo, uma suspeita: como é que grupos pequenos, sem fontes de financiamento conhecidas, conseguem suplantar as tradicionais máquinas de campanha dos grandes partidos tradicionais?
Há várias explicações para essa suspeita. Nesta semana foi conhecida uma investigação da Open Democracy sobre a forma como grupos norte-americanos, ligados ao presidente Donald Trump e ao seu ex-conselheiro Steve Bannon, fizeram chegar aos seus aliados políticos europeus mais de 50 milhões de dólares de financiamento nos últimos anos. Estes financiadores americanos parecem, afirma a Open Democracy, "ter laços cada vez maiores com a Extrema-Direita europeia".
Dois destes grupos americanos, a Alliance Defending Freedom (ADF) e o American Center for Law and Justice, deram, juntos, mais de 20 milhões de dólares para campanhas políticas na Europa. Segundo relatos da imprensa dos EUA, entre os financiadores da AFD está a fundação da família da secretária para a Educação de Donald Trump, Betsy DeVos, e Erik Prince, o fundador da empresa de serviços militares Blackwater.
A AFD americana investe cada vez mais na política europeia. Tem escritórios na Áustria, na Bélgica, na França, na Suíça e no Reino Unido. Gasta centenas de milhares de euros em lobbying em Bruxelas. O outro grupo referido, o ACLJ, foi fundado pelo tele-evangelista Pat Robertson e é liderado por Jay Sekulow, o principal advogado de Donald Trump na equipa que preparou a defesa do presidente americano à recentemente concluída investigação Mueller.
Há ainda o Acton Institute for the Study of Religion and Liberty, financiado pelas fundações da família Koch, multi-milionários americanos conservadores que apoiam Trump. Este grupo já mandou cerca de dois milhões de dólares para a Europa. Parte desse dinheiro financia a actividade de Steve Bannon, o ex-conselheiro de Trump que reside, agora, na Europa, onde pretende construir um movimento populista capaz de disputar o poder.
Em Roma, Bannon é um dos responsáveis pelo Dignitatis Humanae Institute e um dos seus projectos é a criação de uma "escola de gladiadores para guerreiros culturais", num mosteiro nos arredores de Roma. Todos estes financiadores têm, também, relações conhecidas com alguns governantes populistas na Europa, como os da Polónia, da Hungria e da Áustria. Há ainda, como é conhecida, a suspeita de interferência russa na política europeia (financiamentos a Marine Le Pen, em França, acordos de cooperação com a FPO, na Áustria).
Quem paga
Estas são algumas das pistas que explicam a capacidade financeira destes movimentos de Extrema-Direita. Em Portugal, sem dúvida servirão também para apoiar conferências, eventos, treinos e acções de propaganda, referidos no RASI.
Mas há outra forma de entender o êxito da máquina de propaganda anti-emigração e anti-direitos sexuais: a forma como utiliza a desinformação. Segundo a nossa pesquisa, vários sites de mensagens propagandísticas estão a ser criados na Europa para difundir um discurso comum em vários países.
Um dos exemplos dessa mensagem "europeia" das forças nacionalistas é a amplificação internacional dos protestos dos coletes amarelos, em França, e a crítica ao abuso da violência por parte da polícia. Emmanuel Macron aparece em muitas destas páginas como o "inimigo comum".
Como vários estudos recentes mostram, estas campanhas são alimentadas por fake news - o estudo da Avaaz, por exemplo, foi noticiado pelo DN. Essa é a outra razão do crescimento online da Extrema-Direita. Estes movimentos nacionalistas parecem ter menos escrúpulos do que os partidos tradicionais na utilização de informação falsa. Essa é a conclusão da especialista em direitos online Nathalie Maréchal. "Porque eles não estão interessados em jogar o jogo de forma justa, muitos dos partidos políticos, que não são de Extrema-Direita, têm noção do que é uma forma justa de conduzir uma campanha eleitoral, e estão ligados a esses valores... Mas estamos a viver uma espécie de desarmamento unilateral, em que há pessoas que querem jogar limpo, de forma justa, e outras que não se importam com isso, estão a fazer batota, e os trapaceiros acabam ganhando."
Por isso, acrescenta Paul Butcher, investigador do European Policy Center (Bruxelas), acontece este efeito "bola de neve" online. "É como as redes sociais funcionam. Se há pessoas muito activas a falar sobre o perigo dos imigrantes, todas a falar sobre o mesmo assunto, acontece um efeito bola de neve: mais e mais pessoas tomam conhecimento do assunto e começam a falar sobre ele. No final, há milhões de pessoas envolvidas, algumas genuinamente acabam por ser convertidas a essa ideologia."
O que são os grupos identitários?
Os ativistas e apoiantes deste movimento têm como foco de combate os imigrantes, o multiculturalismo e tudo o que, no seu entender, põe em causa a identidade nacional. É um discurso que, por exemplo em Portugal, tem eco em partidos como o PNR ou o Chega. Os identitários, considerados os "fascistas do III Milénio", nasceram em França em 2012 e não têm parado de crescer em toda a Europa. A sua mensagem xenófoba dirige-se a estudantes e trabalhadores, sobretudo da classe média. 
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Fonte: https://www.dn.pt/edicao-do-dia/30-mar-2019/interior/extrema-direita-em-portugal-propaganda-online-e-artes-marciais-a-pensar-nas-eleicoes-10741527.html

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É mais um cúmulo do descaramento e da mais elementar falta de vergonha nas mal lavadas trombas dizer que os Nacionalistas ganham terreno «ai, porque espalham informação falsa!!!» - pudera, as informações reais relativas aos males que a imigração traz são ocultadas pelos grandes mé(r)dia e depois basta aos seus lacaios dizer «ai, não vem nos jornais dos nossos donos, logo, não é verdade!!!!», e já 'tá, «denunciaram» a informação «falsa»... 
Sintomaticamente, essa informação «falsa» bate certo com a experiência real dos europeus das classes baixas quando têm de lidar diariamente com a imigração do terceiro-mundo que a elite lhes impõe. A dita Extrema-Direita dá voz precisamente a esta camada da população - e a elite, completamente devota da religião do Anti-Racismo e querendo impingi-la aos Povos da Europa, odeia por isso a Extrema-Direita mais do que tudo. Por estas e por outras é que quanto mais os Nacionalistas falam em discurso directo ao Povo, mais o Povo vota nos Nacionalistas... a Democracia leva água ao moino dos Nacionalistas e a elite não consegue aceitar que esta «sua» querida Democracia está a «trair os ideais de Esquerda. É por isto que só o Nacionalismo pode verdadeiramente salvar a Europa do maior veneno ideológico que se infiltrou nas veias europeias desde a conversão forçada ao culto de um Judeu Morto há dois mil anos. O universalismo militante é o veneno, só o etnicismo militante é antídoto.