terça-feira, janeiro 08, 2019

SOBRE A TURQUICIZAÇÃO DA ÁREA OCUPADA DE CHIPRE

Um mosaico de São Marcos do Século VI, roubado de uma igreja quando as forças armadas da Turquia invadiram Chipre em 1974, foi recentemente recuperado num apartamento do Mónaco e devolvido às autoridades cipriotas. A milenar obra-prima foi descrita por Arthur Brand, investigador holandês que a localizou, como "um dos últimos e mais belos exemplos de arte desde os primórdios da era bizantina".
Inúmeras relíquias culturais cipriotas de igrejas e outros sítios arqueológicos foram roubadas de Chipre por invasores turcos e contrabandeadas para o exterior. No passado, uma parcela dessas relíquias foi recuperada e devolvida. Em 1989, mosaicos roubados da Igreja de Panagia Kanakaria, localizados nos Estados Unidos, foram devolvidos a Chipre.
No Verão de 1974, a Turquia realizou duas campanhas militares de vulto contra Chipre, ocupando a região norte da ilha (que a Turquia agora chama de "República Turca do Norte de Chipre", reconhecida somente pela Turquia). Desde a invasão turca, muitas informações surgiram, não só a respeito às atrocidades cometidas contra os cipriotas, mas também no tocante à destruição de monumentos históricos, culturais e religiosos.
Segundo o relatório, "A Perda de uma Civilização: Destruição do Património Cultural no Chipre Ocupado", publicado em 2012: "A Turquia tem vindo a cometer dois monumentais crimes internacionais contra Chipre. A Turquia invadiu e dividiu um país europeu minúsculo, fraco, mas moderno e independente (desde 1º de Maio de 2004, a República de Chipre é membro da UE), a Turquia também mudou o carácter demográfico da ilha e tem-se dedicado à sistemática destruição e erradicação do património cultural das regiões sob seu controle militar..."
"Este é um dos aspectos mais trágicos do problema de Chipre e é também uma prova taxativa da determinação de Ancara de 'turquificar' a região ocupada e de manter uma presença permanente no Chipre."
"A força de ocupação e seu regime fantoche, desde 1974 até hoje tem trabalhado metodicamente para apagar tudo o que é grego e/ou cristão na Chipre ocupada..."
Um documento da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos de 2015 confirma o relatório: "Equipas arqueológicas do exterior que participavam em escavações no Chipre foram forçadas a descontinuar o trabalho após os eventos de 1974. Os seus valiosos achados foram saqueados e as equipas não tiveram permissão de voltar e retomar o trabalho de escavação."
"Calcula-se que devido às escavações ilegais na região norte de Chipre, mais de 60 mil objectos de arte cipriotas foram roubados e levados ao exterior para serem vendidos em casas de leilões ou por marchands. O exemplo de um milenar sítio arqueológico que data da era neolítica em Cabo San Andres ilustra a assertiva. O sítio, que já havia sido escavado sob a égide do Departamento de Arqueologia antes de 1974, foi posteriormente danificado pelo exército turco aquando da instalação e içamento das bandeiras da Turquia e da TRNC (República Turca do Norte de Chipre)."
Em 2016 um relatório do Ministério das Relações Exteriores de Chipre observou que: "Mais de 550 igrejas ortodoxas gregas, capelas e mosteiros localizados em cidades e aldeias das regiões ocupadas foram saqueados, deliberadamente vandalizados e, nalguns casos, demolidos. Muitos lugares de culto cristãos foram transformados em mesquitas, depósitos do exército turco, currais e celeiros de feno. Estes factos provam de forma contundente que a herança religiosa nas regiões ocupadas são e tem sido alvo do regime de ocupação como parte da sua política de erradicar o carácter cultural daquele sector da ilha. Além disso, inestimáveis monumentos culturais e locais de culto continuam a ser inacessíveis porque estão localizados dentro das 'zonas militares' do exército de ocupação turco..."
"A destruição não se limita aos monumentos pertencentes à Igreja de Chipre, mas também se estende aos monumentos religiosos pertencentes ao Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém e às Igrejas arménias, maronitas e católicas de Chipre, como por exemplo o Mosteiro Arménio Sourp Magar em Halefka e o Monastério Maronita do Profeta Elias em Skylloura."
Um artigo da Artnet de 2017, que desvenda as barbaridades do Estado Islâmico (ISIL) na destruição de relíquias em museus, mesquitas, igrejas e sítios arqueológicos na Síria e no Iraque, ressalta que "a UNESCO considera a destruição intencional do património cultural um crime de guerra".
A Turquia, que tem vindo a empreender intencionalmente a destruição da herança cultural na zona ocupada de Chipre há mais de quatro décadas, continua membro da OTAN e candidata a membro da União Europeia. Trata-se de um quadro que o Ocidente tem o dever de forçar a Turquia a abordar e não apenas quando um objecto de arte em particular é saqueado, como é o caso do mosaico de São Marcos, e resgatado.
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Uzay Bulut, jornalista da Turquia, Ilustre Colaboradora Sênior do Instituto Gatestone. Ela está atualmente radicada em Washington DC
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/13511/cultura-crista-chipre

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Estes turcos metem nojo e mesmo fazendo isto deixamos entrar imigrantes daquele país e ainda queremnos dentro da ue

8 de janeiro de 2019 às 22:12:00 WET  

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