terça-feira, abril 03, 2018

QUANDO É MAIS NÍTIDA A DISTÂNCIA ENTRE O NACIONALISMO E O PATRIOTISMO IMPERIALISTA

Alguém disse um dia, não sei se foi Mussolini, que abandonar o que já se teve na mão constitui sinal de fraqueza. Este princípio é um veneno - um veneno, não porque possa levar à guerra, mas porque fomenta constantemente um rol de injustiças. É um veneno tanto mais profundamente inoculado nas veias quanto menos é pensado e mais é irreflectidamente sentido. 
Tudo o que se teve na mão através do roubo, da usurpação, da opressão, nunca pertenceu por direito a quem o roubou, usurpou, a quem oprimiu para se impor a outrem - esta evidência ética, que parece uma banalidade entre as banalidades, um lugar-comum dos mais primariamente óbvios, é na verdade demasiadamente esquecida ao longo da História até aos dias de hoje. Sucede isto porque em matéria de comodidades e privilégios, ou vivências confortáveis, «descer» é sempre difícil de suportar - ou seja, abdicar daquilo que se habituou a ter como seu chega por vezes a ser traumático, sobretudo quando não se raciocina friamente sobre a natureza do que se «perde». 
Guerras civis da nobreza contra a plebe pela recusa da cessação de privilégios aristocráticos são hoje parte de um passado que eventualmente não volta na Europa, mas, por outro lado e mais colectivamente, os impérios continuam vivos. Até há relativamente pouco tempo ainda havia quem cá pelo burgo declarasse com plena convicção que «Angola é nossa!», e quanto mais patriótico se fosse mais difícil seria demarcar-se de tal asserção; enquanto isso, no país ao lado, irmão, os Castelhanos nem por nada aceitam que devem deixar de submeter a Catalunha. Em Inglaterra não serão muitos os autóctones prontos a deixar «ir» a Escócia, muito menos a Irlanda do Norte e muito menos ainda Gales ou a Cornualha; em França é pouco provável que haja muitos franceses prontos para reconhecer que a Bretanha, a Occitânia, a Alsácia, não lhes pertencem por direito, aplicando-se o mesmo aos Italianos a respeito do Veneto e da Lombardia, bem como aos Alemães no que toca à Bavária (ou Baviera)... muito mais difícil seria convencer os patrióticos e endurecidos Russos que nada do que está a oriente dos Urais deveria estar na posse de Moscovo... obrigar os Chineses Han a abdicar do controlo do Tibete, ou de Xinjiang, não é coisa que se esteja para ver nos tempos mais próximos. Diante de tanto imperialismo, é de esperar a reacção defensiva de quem ainda tem impérios: «se "eles" (Chineses, Russos, etc.) não abdicam do seu poderio, não temos nada que dar parte de fracos e fazer o que eles não fazem!!!» Sucede simplesmente que a continuidade do império ameaça futuramente quem o mantém, muito mais do que quem nunca o teve ou já dele abdicou. Ameaça também, durante e à posteriori, a proximidade natural entre gentes irmanadas pela Natureza - de facto, sabe-se do ódio que durante muito tempo existiu em Portugal contra os seus parentes ibéricos (Castelhanos), e também do ódio, e temor, que opõe hoje Polacos e Ucranianos aos seus parentes Russos, igualmente eslavos. 
Os Impérios ascendem e caem - as Nações perduram, se houver no seu seio uma coesão e uma recusa da diluição.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Estes minho timoristas / traidores (ver videos), nem sabem o que é uma nação:

https://www.youtube.com/watch?v=WYQgOtK4QQg
https://www.youtube.com/watch?v=zdOdMjYNuI0

4 de abril de 2018 às 00:28:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Felizmente que Portugal não é uma monarquia e que o pessoal copinho-de-leite e conservador deste género não tem poder nenhum (ou se calhar tem, no CDS)...

4 de abril de 2018 às 00:36:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Toma, é o que precisas:

https://www.campusreform.org/?ID=10720

4 de abril de 2018 às 15:37:00 WEST  

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