sábado, novembro 11, 2017

FORÇAS NACIONALISTAS ESTÃO CADA VEZ MAIS ORGANIZADAS A NÍVEL MUNDIAL

A Extrema-Direita está cada vez mais sofisticada, globalizada e recrutando activamente os jovens, diz um novo estudo.
O ecossistema antes perpetuamente fracturado da Extrema-Direita, composta por nacionalistas brancos nos EUA e grupos anti-imigração na Europa, além de outros grupos como o próprio MBL no Brasil, está a tornar-se coeso e altamente adaptável. O Fringe Insurgency, um estudo publicado pelo Institute for Strategic Dialogue, mostrou que embora estes movimentos ainda sejam diferentes em ideologia e abrangência, estão cada vez mais a trabalhar juntos. 
Essencialmente, a Extrema-Direita - muito dela com isolacionismo e Nacionalismo como ideologias-chave - globalizou-se: "Há um relacionamento realmente paradoxal nesses movimentos ultra-nacionalistas começando a agir internacionalmente e a globalizar os seus ideais anti-globalistas", disse Julia Ebner, uma das autoras do estudo, à VICE. "Acho isto bastante irónico."
Pode ser irónico, mas não é algo para ser considerado levianamente.
A pesquisa foi baseada em três estudos de caso: a campanha Defend Europe, o protesto em Charlottesville e as eleições na Alemanha. Foca-se, mas não se limita, na alt-right, nos neonazis, no movimento identitário (europeus etno-nacionalistas que querem preservar a cultura e a identidade europeia) e acções contra-jihadistas. Julia Ebner e Jacob Davey, autores do estudo, analisaram mais de 5 mil trechos de conteúdo de mais de 50 canais de comunicação, incluindo Twitter, 4chan e canais da Extrema-Direita. 
"Havia uma necessidade de começar a entender o que está a causar esta explosão de activismo de Extrema-Direita globalmente", disse Davey à VICE. "É preciso começar a juntar dados por trás de tudo isto e ver que mecanismos estão a permitir que isto aconteça. "Eles não são todos idiotas... A grande coisa aqui é que eles estão cada vez mais sofisticados. É um crescimento e expansão contínuos, e se você observar de perto, eles estão constantemente aprendendo uns com os outros. Estão mais conscientes de que podem ter um grande impacto."
A Extrema-Direita tem vários objectivos — eleição de líderes populistas, remoção de leis sobre discurso de ódio, entre outros —, mas um dos maiores objectivos compartilhado por estes grupos é pressionar pelo que é conhecido como "janela de Overton". A janela de Overton é uma gama de ideias que são aceitáveis no discurso público e a Extrema-Direita gostaria que mais das suas ideias marginais caíssem nessa janela.
A globalização não se limita à actividade online. Vários desses grupos, o mais proeminente sendo o movimento identitário na Europa, estão a expandir-se no mundo real. Os identitários recentemente reuniram-se para abrir uma ramificação britânica, que poderia funcionar como ponte entre norte-americanos e europeus. Ebner disse à VICE que o grupo tentou abrir um ramo no Canadá, mas a ideia não colou. No entanto, como temos visto com o surgimento de grupos de patrulha anti-imigração como os Soldados de Odin, grupos obcecados com segurança de fronteiras como o Storm Alliance, e milícias que se descrevem como anti-Islão como III% Canada, a Extrema-Direita também está a florescer no hemisfério norte.
Na pesquisa deles, a dupla encontrou um ecossistema sofisticado que está apto para recrutar, fazer propaganda e mobilizar. Utilizando uma variedade de plataformas de redes sociais, a Extrema-Direita é cada vez mais capaz de traduzir as suas actividades online para dinheiro real. Mais de US$200 mil foram levantados em várias plataformas online pelo Defend Europe — uma missão dos identitários contra refugiados no Mediterrâneo — e as doações vieram do mundo todo, não só de países onde os identitários existem. 
O estudo pinta um retrato sombrio de quão sofisticada a Extrema-Direita se tornou, e os autores sugerem que o movimento está um passo à frente de políticas criadas para contê-lo. Segundo a dupla, "análises ilustraram que a Extrema-Direita actualmente está à frente em pelo menos três níveis:" eles são 'early adopters' de tecnologia, sabem como trabalhar juntos e sabem como falar com os jovens. Além disso, vários grupos de Direita estão a ensinar e a aprender uns com os outros. "O que estamos a ver, especialmente a coligação construída entre identitários europeus e norte-americanos, é que eles estão a tentar aproveitar essas vantagens comparativas que cada um tem", disse Ebner. "Os norte-americanos têm vantagem na trolagem e [nas actividades online] e os europeus têm uma base mais intelectual para o seu movimento, mas também mais experiência em golpes publicitários e comícios."
Segundo o estudo, a Extrema-Direita está a recrutar através de canais mainstream na internet, não apenas em lugares como o 4chan. Usando porta-vozes como Richard Spencer e organizações mais "palatáveis", o movimento extremo consegue "penetrar novos públicos" que normalmente sentiriam repulsa pela Direita underground. Estão cada vez mais a visar os "normies" da Geração Z para radicalização, agindo como parte da contra-cultura pressionando para uma hegemonia progressiva.
"O recrutamento da juventude vem como uma gamificação das suas campanhas de informação, o modo como você se pode envolver, o modo como você pode-se tornar num activista online", disse Davey. "É usar a cultura da internet como arma, uma guerra memética, a sedução inteligente com as margens da internet, esse cruzamento com a cultura gamer."
Um dos estudos de caso dos pesquisadores — a marcha Unite the Right em Charlottesville em Agosto, onde a contra-manifestante Heather Heyer morreu atropelada por um carro dirigido por um nacionalista branco — tornou-se numa evidência gritante da existência da Extrema-Direita na América do Norte e da transição do reino online para actividades do mundo real. Ao analisar a comunicação em torno do evento, Ebner e Davey descobriram que a marcha fez a ponte entre vários grupos utilizando diferentes pontos de mensagem sobre o evento, cada um pensado para um público-alvo diferente. A análise do tráfego no Twitter em relação à hashtag #unitetheright mostrou as principais preocupações dos envolvidos: raça era a primeira, seguida por um sentimento anti-esquerda.
O estudo de caso mais recente deles, a eleição alemã, teve como foco a tendência emergente da Extrema-Direita ao redor do mundo — a busca por tentar atrapalhar e impactar as eleições. Nas eleições de França, EUA e Alemanha, a Extrema-Direita mobilizou campanhas activas com níveis variados de sucesso. Ebner e Davey escrevem no seu estudo que uma união coesa dos "exércitos trolls" europeus e norte-americanos colocaram duas das hashtags mais poderosas no Twitter dias antes da eleição alemã.
O estudo diz que grupos europeus "trocaram know-how com a alt-right norte-americana" e que "a Extrema-Direita declarou uma 'Infokrieg' ('guerra de informação'), mobilizando uma variedade de fóruns e aplicativos com criptografia". Esta é uma tendência que Davey acredita que deve continuar.
"O que precisa ter mais atenção no futuro são as tentativas de atrapalhar o processo democrático", disse Davey. "Trabalharam nisso nas eleições francesas, norte-americanas e alemãs com diferentes graus de sucesso. Estão a tentar continuar isso, por isso temos de estar conscientes desse lobby subversivo."
Um dos apontamentos mais perturbadores do estudo descobriu que "as técnicas sofisticadas e coordenadas de intromissão nos média e artigos de opinião da Extrema-Direita baseiam-se em guias militares como os documentos vazados da GCHQ e de comunicação estratégica da OTAN".
"Um dos elementos mais surpreendentes foi o grau em que eles usaram os documentos militares do governo contra o seu próprio governo e contra os seus processos e estruturas democráticos", disse Ebner. "Acho isso assustador, eles tiveram acesso a esses documentos e conseguiram implementá-los de maneira muito hábil."
O relatório do ISD afirma que é "imperativo que contra-estratégias sejam desenvolvidas para responder à sofisticação da Extrema-Direita em níveis tecnológico, cultural e de comunicação". Recomendam mais pesquisa, programas de inclusão digital e uma coligação internacional para enfrentar os esforços de ódio. Ebner e Davey não listaram cada recomendação que fazem, em vez disso pedem que os legisladores entrem em contacto directo com eles para tentar achar um meio de ultrapassar a Extrema-Direita.
E mesmo parecendo que a Extrema-Direita está a vencer a batalha no mundo online, Ebner diz que nem tudo está perdido. "Acho que essa coligação oportunista de ideologias é um dos sinais mais preocupantes, porque permite que eles tornem as suas ideologias mainstream, mas pode ser uma das melhores chances de abordar e expor todas as diferenças entre eles. E para expôr o que eles estão a esconder por trás do seu rosto nas redes sociais, qual é realmente a sua crença interna."
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Fonte: https://www.vice.com/pt_br/article/59ypnn/a-extrema-direita-esta-cada-vez-mais-organizada-globalizada-e-ganhando-a-geracao-z

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A histeria «antirra» é sempre tão previsível como ridícula. Sempre que desse lado se ouvem gritos de raiva e cagaço, é sinal de que o tiro está a ser certeiro... Tenho feito esta experiência com essa macacada ao longo de mais de quinze anos e confirmo - nada irrita e aterroriza mais essa «gente» do que a constatação de que há forças nacionalistas de diferentes países a cooperar umas com as outras, ultrapassando assim o chauvinismo limitado: primeiro, porque deita por terra a narrativa de que os Nacionalistas são saloios autistas que pura e simplesmente «odeiam o estrangeiro» (que chatice não se poder usar esse argumento...), depois porque a consciência etno-racial europeia/árica fica mais coerente com estes contactos positivos, ou seja, concretiza-se precisamente o maior medo do anti-racistame que quer aniquilar não apenas uma ou outra identidade local mas sim a identidade etno-racial em si...
No fim do texto, a coisa roça o autismo, os seus autores parecem sinceros em querer determinar «qual é realmente a crença interna» dos Nacionalistas... ou autismo ou desonestidade pura e dura, como quem se prepara para inventar uma calúnia qualquer, «credibilizada» por anos e anos de «estudo»... não terem ainda percebido que o Nacionalismo político constitui nada mais do que a organização e sistematização do espírito tribal, a pulsão mais forte em qualquer colectivo etnicamente definido - Povo, Nação - é, realmente, não ter corno de noção de nada do que de mais importante há em Política.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

pai perdoa assassino do filho, no video pode-se ver que o assassino é um negro
https://www.noticiasaominuto.com/mundo/898227/homem-perdoa-assassino-do-filho-e-abraca-o


"Uma 'selfie' com Hitler? Museu tira estátua depois de críticas"
https://www.dn.pt/mundo/interior/uma-selfie-com-hitler-8910805.html

11 de novembro de 2017 às 22:39:00 WET  

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