terça-feira, julho 19, 2016

COMEÇA A COLOCAR-SE A POSSIBILIDADE DE UM REFERENDO PELA REUNIFICAÇÃO DA IRLANDA

O líder do principal partido da oposição irlandês diz ter esperanças de que o Brexit aproxime mais a Irlanda da reunificação. Micheál Martin dá a entender que apoia as aspirações de parte dos habitantes da Irlanda do Norte de uma consulta popular para decidir a saída da região do Reino Unido, de forma a poder ficar na UE.
Num discurso numa universidade de Verão, Martin, líder do partido conservador Fianna Fáil, disse que “pode bem ser que a decisão da Irlanda do Norte de opôr à maioria inglesa e anti-UE seja um momento decisivo para a região” e defendeu que não se pode ignorar o facto de a maioria dos norte-irlandeses (56%) querer permanecer no bloco europeu.
“O voto a favor da permanência [na UE] mostra que as pessoas precisam de repensar os actuais acordos. Espero que isto nos aproxime de um apoio da maioria à reunificação e que, se tal acontecer, haja um referendo à reunificação [da Irlanda]”, disse Martin.
IRLANDA DO NORTE E ESCÓCIA QUEREM FICAR NA UE
A 23 de Junho, quando os habitantes de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte foram chamados a pronunciar-se sobre o futuro do Reino Unido na UE, 52% dos eleitores votaram a favor da saída, sendo na sua maioria de Inglaterra e Gales. Tal como aconteceu na Escócia, na Irlanda do Norte, onde se situa a única fronteira terrestre do reino com o bloco europeu (com a Irlanda, que é um Estado-membro de pleno direito), a maioria votou a favor da UE e contra o Brexit.
Desde esse referendo, os debates públicos e políticos na Irlanda e na Irlanda do Norte têm girado em torno do futuro da região, temendo-se que as dezenas de milhares de pessoas que todos os dias atravessam a fronteira para trabalhar, fazer compras e viajar, possam ser afectadas pela decisão do Reino Unido de abandonar a UE.
Na semana passada, o novo ministro britânico para assuntos da Irlanda do Norte, James Brokenshire, insistiu que não quer a reintrodução de controlos na fronteira com a Irlanda, mesmo que o novo Governo britânico, chefiado por Theresa May, avance com a suspensão da circulação livre de pessoas.
Martin, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros cujo partido está neste momento à frente nas sondagens, diz que “quaisquer novas barreiras entre as duas partes da ilha podem potencialmente atrasar-nos décadas”. O líder do Fianna Fáil admite, contudo que a consulta sobre a reunificação irlandesa não está para breve. “Neste momento a única prova que temos é a de que a maioria da população da Irlanda do Norte quer manter as fronteiras abertas e permanecer no mercado único nesta jurisdição e no resto da Europa.”
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Fonte: http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-07-18-Lider-da-oposicao-da-Irlanda-sugere-referendo-a-reunificacao-com-o-Norte   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa.)

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Mais um caso em que a UE pode bem beneficiar uma causa nacional(ista) - de uma maneira ou doutra, o desenrolar natural dos acontecimentos leva água ao moinho do Nacionalismo. Os Nacionalistas mais úteis são os que souberem usar em proveito da sua causa tudo e mais alguma coisa.