quarta-feira, setembro 04, 2013

REFLEXÕES DO PNR SOBRE A CALAMIDADE DOS INCÊNDIOS

Fonte: http://www.pnr.pt/2013/09/03/debaixo-de-fogo-reflexoes-sobre-a-calamidade/
O passado dia 25 de Agosto fica tristemente marcado para a História como aquele em que ocorreram nada menos de 362 incêndios florestais! No total, neste mês de Agosto ardeu mais área do que em todo o ano de 2007 ou 2008. Incêndios que se prolongam por vários dias, que atravessam concelhos, que matam bombeiros e demais inocentes, destroem casas e haveres de toda uma vida, aterrorizam as populações, disseminam o medo e a insegurança. Nas últimas três décadas, morreram ao serviço do País nada menos de 210 bombeiros. Uma perda irreparável para as suas famílias. No PNR, desde sempre estamos gratos pelo trabalho incansável dos Bombeiros, que arriscam a vida em defesa do bem comum. Não basta reconhecer o seu esforço, é necessário recompensá-lo. Muitos dos nossos Bombeiros recebem 25 cêntimos por hora! De facto, só um grande amor ao seu País, os leva a enveredar por missão tão arriscada.
O património florestal ardido nas últimas quatro décadas ascende a 3 mil milhões de hectares de área, equivalendo cada hectare a um campo de futebol. Assim, podemos ver melhor a proporção da catástrofe. Zonas protegidas como a Serra do Caramulo, Serra de Sintra, Serra da Arrábida, Serra da Estrela, Serra de Mochique, Parque da Peneda-Gerês, ou seja, alguns dos santuários naturais e principais reservatórios de diversidade arbórea são devastados ciclicamente.
Em algumas zonas do País, o ar torna-se irrespirável (carregado de fumo e cinzas), o ambiente pesado e as populações – sobretudo idosos e crianças – são sujeitas graves doenças respiratórias.
Fala-se da “Época dos Incêndios” como se fosse uma inevitabilidade, quando nada disto acontecia num passado não muito distante.
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Ninguém vai à raiz do problema: é preciso limpar a floresta e ordená-la, criando um mosaico florestal capaz de propiciar rendimentos a cada um dos concelhos. Enquanto o Ministério da Agricultura gastar quatro vezes menos nestes programas de prevenção e funcionalidade, do que o Ministério da Administração Interna gasta no combate, a situação não terá solução. Existem de facto negócios obscuros em redor desta catástrofe que de ano para ano se repete e piora.
Depois, há a eterna questão da descoordenação das diferentes tutelas governamentais, sendo que são quatro os ministérios com responsabilidade sobre a Floresta, quando deveria criar-se uma única unidade política para esse efeito.
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