UMA OPINADORA NA LAICÍSSIMA TURQUIA...
Na Turquia, a senhora Sibel Üresin, que se auto-intitula «treinadora de vida islâmica», e que já causou polémica por defender a poligamia, disse, durante uma entrevista concedida à Ikra, revista religiosa, que «as mulheres falam sem cessar, sendo portando as únicas responsáveis por morrer às mãos dos maridos». Disse também que «a mulher, que é por natureza rancorosa, enlouquece o seu esposo com o seu parlar incontinente» (...), «conheci mulheres que nunca fecham a boca» (...) «quando a mulher é economicamente auto-suficiente, possui um enorme ego e isso faz com que fale demasiado» (...) «a mulher deve ser ingénua, submissa, obediente e suave, como estabelece a nossa religião. E se a respeito de algum assunto souber mais do que o seu cônjugue, deve calar-se e permanecer nessa atitude silenciosa.» (...) «A maior arma que uma mulher tem é a sua capacidade de guardar rancor e mostrá-lo na sua atitude, mas os homens recorrem à violência, porque são feitos dessa maneira.»
Parece que Sibel Urezin é pessoa importante lá por aqueles lados... e constitui boa medida do tipo de civilização de um Povo quando alguém com tais opiniões se torna tão mediaticamente audível. Poder-se-á dizer que a elite é uma coisa e o povo é outra, e na Turquia tal contraste parece particularmente notório, segundo se conta: nos níveis superiores da sociedade, alcandoradas nas altas chefias militares e nos tribunais, perdura um núcleo ideológico kemalista, isto é, laico e ocidentalista; na massa popular, pelo contrário, é forte, e cada vez mais dominante, o elemento islâmico. Ora esta senhora representa obviamente a mentalidade que impera no seio da camada popular, fiel seguidora de Mafoma, aquela que se galvaniza através do governo que elegeu, o do islamista Recep Tayyip Erdogan...
É isto que a elite reinante no Ocidente quer meter pela Europa adentro - na Tugalândia, em particular, até já o «direitista» CDS mudou o bico ao prego e passou a ser favorável ao ingresso da Ásia Menor no continente europeu. Em Portugal só o PNR se opõe a tão civilizacionalmente suicidário acto.
10 Comments:
«na massa popular, pelo contrário, é forte, e cada vez mais dominante, o elemento islâmico.»
Mas não era suposto o povo ser menos dado a universalismos?
entre os anos 30 e os 80 viveu-se uma onde de euforia secularista na turquia: até um filme pornográfico turco já vi na net. o que importava era parecer ocidental, comportar-se como tal e pensar como tal, mas com erdogan e os seus islamistas o caso vai mudar de figura. a turquia que se prepare para uma reviravolta brutal nos costumes e na cultura.
começando pela situação das mulheres: a luta que travou kemal ataturk para libertar as mulheres de séculos de opressão familiar social vindas do islamismo não tardará a tornar-se letra morta.
a tendência para a aproximação aos regimes radicais islâmicos é uma realidade e um perigo a médio prazo para a europa.
por isso, nunca, em hipótese alguma, poderá a turquia fazer parte da união europeia. além de que não é um país com afinidades com a europa.
Ora nem mais.
«
Mas não era suposto o povo ser menos dado a universalismos?«
E é. Mas o Povo não tem de ser sempre coerente com o coração da doutrina do credo que pratica. Esse é talvez um dos motivos pelos quais o povo saudita, tão devotamente islâmico, tem em muitos casos um imenso desprezo pelos Paquistaneses, que, note-se, são seus devotos correligionários.
E é. Mas o Povo não tem de ser sempre coerente com o coração da doutrina do credo que pratica. Esse é talvez um dos motivos pelos quais o povo saudita, tão devotamente islâmico, tem em muitos casos um imenso desprezo pelos Paquistaneses, que, note-se, são seus devotos correligionários.
pois, o islão tem varias divergencias internas e povos com rivalidades antigas vizinhos uns dos outros, do mesmo modo que os países que eram cristãos não são um só estado
«E é. Mas o Povo não tem de ser sempre coerente com o coração da doutrina do credo que pratica. Esse é talvez um dos motivos pelos quais o povo saudita, tão devotamente islâmico, tem em muitos casos um imenso desprezo pelos Paquistaneses, que, note-se, são seus devotos correligionários.»
Mas isso é contraditório, era como se na Europa o nacionalismo estivesse a crescer mas ao mesmo tempo o cristianismo também.
Não. Dependeria de como o Cristianismo crescesse. O Cristianismo autêntico, o da doutrina propriamente dita, é incompatível com o Nacionalismo. Mas o Cristianismo popular é bem outra coisa - é ritual, é hábito antigo e pagão mas cristianizado, é transmissão da religião no seio familiar: é, paradoxalmente, uma espécie de Paganismo. O motivo pelo qual o homem comum, do povo, se diz cristão, é, significativamente, o mais pagão dos motivos: «sou ... porque fui baptizado, porque os meus pais o eram», ou seja, trata-se de um culto de família, transmitido de geração em geração, tendo por base o rito, nem sequer grande crença, mas o rito, colectivo e «étnico». Isto é o cerne do modo religioso pagão da Antiguidade romana. Nos tempos em que o Cristianismo popular estava mais forte, digamos, há apenas trinta anos, se um comum aldeão dizia aos pais que rejeitava o baptismo, podiam amaldiçoá-lo e chamar-lhe de bandalho para baixo, mas se em vez disso dissesse que se borrifava para essa história de amar o Outro como a si mesmo, ou que não acreditava na vida para além da morte, os pais, os parentes, os amigos da taberna, pura e simplesmente encolhiam os ombros e se calhar até aproveitavam para despejar similar desabafo.
neden bu kadar çok ocidental insan hala halkımıza karşı nefret ile bugün?
Geçmişte ne oldu, orada kaldı, bizim engel olmamalıdır.
Biz Batılılar nefret etmiyorum benim ülkemde, onların varlığı gibi ve onlarla öğrenmek ve huzurlu bir şekilde onlarla birlikte almak istiyorum.
milletimizin babası Kemal, her zaman işbirliği ve sizden öğrenmek, batı ülkeleri ile iyi ilişki için özlemi vardı.
en kenara eski kızgınlıklarının etsinler, benim ülkemde ülkelere arkadaş olarak istiyor.
«Não. Dependeria de como o Cristianismo crescesse. O Cristianismo autêntico, o da doutrina propriamente dita, é incompatível com o Nacionalismo. Mas o Cristianismo popular é bem outra coisa»
Eu sei, mas duvido que no mundo islâmico haja muita diferença entre o islamismo das elites e o do povo. Mesmo que o povo ponha, inconscientemente, a sua instintiva repulsa por estrangeiros acima do artificial universalismo islâmico o que é certo é que eles islâmicos, povo e elite, parecem comportar-se todos como um só em matéria religiosa.
Talvez, mas em que aspectos? Lá lutarem todos juntos, independentemente das etnias, isso lutam, lado a lado, mas sem que o forte espírito de clã deles desapareça. O Islão combate declaradamente o racismo, mas os chamados insurgentes iraquianos odiavam os soldados negros norte-americanos, segundo se diz, e consta que a presença de afro-americanos no Iraque foi para estes insurgentes um insulto acrescido, e que em certas alturas abstiveram-se de disparar contra os soldados americanos brancos, reservando as balas para os negros... não sei se isto é propaganda islâmica para no fundo poupar os soldados afro-americanos de credo muçulmano... podia tratar-se aí de uma jogada para levar a que o público norte-americano não aceitasse a ida de afro-americanos para o Iraque, mas a ideia parece-me rebuscada.
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