UM INTELECTUAL SURPREENDENTEMENTE LIVRE OLHA O ANTI-RACISMO DE FRENTE
Da página A Verdadeira Face da Imigração (apenas o texto a itálico):
Renaud Camus, pena livre das letras francesas e sem qualquer ligação à “extrema-direita”, no editorial nº42 da In-nocence.org
«[O antiracismo] (…) a partir do momento em que deixou de ser simplesmente uma activa indignação moral e política... tornou-se uma ideologia, um dogma, um instrumento de poder e uma indústria (dele dependem muitos empregos, não o esqueçamos) que tem todo o interesse em aumentar indefinidamente o que lhe convém classificar sob a designação de racismo. E deus sabe que não se fez rogado. Desde logo tudo se tornou racismo, tudo o que desagradava ao anti-racismo, o obstruía ou simplesmente o aborrecia. Em lugar do anti-racismo se definir em relação a algo estável e pré-existente, de moralmente e intelectualmente bem circunscrito, face ao qual ele fosse, por assim dizer, a “antítese”, é o racismo, pelo contrário, que é definido em relação ao anti-racismo, e por via disso é racista tudo aquilo que o anti-racismo assim decide, a começar, claro, por todos e tudo aquilo que tem o descaramento de contestar o seu poder.
É preciso dizer que a ambiguidade sobre o racismo, a aptidão conferida a essa palavra, de querer dizer tudo e mais alguma coisa, não passa de uma ambiguidade de segunda linha, uma anfibiologia de segunda, digamos que o segundo muro de defesa do anti-racismo. O primeiro muro de ambiguidade, colocado mais à frente, assenta sobre a palavra raça, que, ao contrário da palavra racismo (objecto da extensão semântica indefinida e ilimitada que acabámos de recordar) sofreu um enorme estreitamento do enorme espectro de significado que tinha na língua clássica: o anti-racismo, para mais facilmente a maldizer, deixou de entender, muito curiosamente, que o significado que lhe deram os verdadeiros racistas, um significado absurdo, pseudo-científico, e que nunca representou mais que um centésimo, o mais sinistro e mais estúpido, do que pudemos dizer através dos tempos com essas quatro letras muito úteis – encarregou-se, constrangeu-nos, forçou-nos, a fazer-lhe o nosso luto, como em relação a tantas outras coisas.
Estas duas ambiguidades de tenazes afiadas, sobre o racismo e a raça, permitiram ao anti-racismo banir da linguagem, das conversas, dos jornais, de todos os media, do discurso político, mas sobretudo, e é o mais grave, da própria percepção que podemos ter do mundo, tudo o que advém, não só das raças, no sentido lato e no absurdo sentido estreito, mas das etnias, do povos, das culturas, das religiões enquanto grupos ou massas de indivíduos, das civilizações enquanto colectividades hereditárias, das origens e mesmo das nacionalidades na medida em que essas nacionalidades pretendam ser algo mais que uma mera pertença administrativa, uma convenção, uma criação contínua. O homem do anti-racismo está nu perante a sorte, ele não vem de parte alguma, nenhum passado o protege. Ele começa em si mesmo, em si mesmo no “agora”. Num planeta idealmente sem fronteiras, sem distinções de tipo algum e sem nuances, é um viajante sem bagagem, um pobre diabo. A toda a hora ele refunda-se como pode, numa espécie de senilidade do recomeço perpétuo, de infantilismo instituído, de puerilidade académica (star-academy mais propriamente). A pertença, desde que não seja convenção pura (os famosos “papeis e passaporte”) é entendida e transmitida unicamente como uma carga, uma tara, um peso morto, um fardo incómodo do qual é preciso desembaraçar-se o mais rapidamente, uma herança maldita.
São partes inteiras de conhecimento, de cultura, do saber acumulado da espécie, que são assim recusadas, deitadas abaixo, enterradas. Mais grave ainda, são partes inteiras da experiência, da actualidade claro, mas mais directamente da experiência quotidiana de viver, de viajar, de habitar a terra e habitar a cidade, de sentir o que acontece quando descemos a rua, quando apanhamos o autocarro ou o metro, não falando mesmo dos sinistros comboios, são partes inteiras do tempo, partes inteiras do olhar, partes inteiras da tactilidade de existir, que, por convenção, será conveniente, sob risco dos mais graves castigos, deixarem de existir, deixarmos de as sentir, deixarmos de as ver mesmo que nos entrem pelos olhos (por vezes quase literalmente) – tudo isso apenas existe na nossa cabeça, na nossa perversa cabeça.(…)»
«[O antiracismo] (…) a partir do momento em que deixou de ser simplesmente uma activa indignação moral e política... tornou-se uma ideologia, um dogma, um instrumento de poder e uma indústria (dele dependem muitos empregos, não o esqueçamos) que tem todo o interesse em aumentar indefinidamente o que lhe convém classificar sob a designação de racismo. E deus sabe que não se fez rogado. Desde logo tudo se tornou racismo, tudo o que desagradava ao anti-racismo, o obstruía ou simplesmente o aborrecia. Em lugar do anti-racismo se definir em relação a algo estável e pré-existente, de moralmente e intelectualmente bem circunscrito, face ao qual ele fosse, por assim dizer, a “antítese”, é o racismo, pelo contrário, que é definido em relação ao anti-racismo, e por via disso é racista tudo aquilo que o anti-racismo assim decide, a começar, claro, por todos e tudo aquilo que tem o descaramento de contestar o seu poder.
É preciso dizer que a ambiguidade sobre o racismo, a aptidão conferida a essa palavra, de querer dizer tudo e mais alguma coisa, não passa de uma ambiguidade de segunda linha, uma anfibiologia de segunda, digamos que o segundo muro de defesa do anti-racismo. O primeiro muro de ambiguidade, colocado mais à frente, assenta sobre a palavra raça, que, ao contrário da palavra racismo (objecto da extensão semântica indefinida e ilimitada que acabámos de recordar) sofreu um enorme estreitamento do enorme espectro de significado que tinha na língua clássica: o anti-racismo, para mais facilmente a maldizer, deixou de entender, muito curiosamente, que o significado que lhe deram os verdadeiros racistas, um significado absurdo, pseudo-científico, e que nunca representou mais que um centésimo, o mais sinistro e mais estúpido, do que pudemos dizer através dos tempos com essas quatro letras muito úteis – encarregou-se, constrangeu-nos, forçou-nos, a fazer-lhe o nosso luto, como em relação a tantas outras coisas.
Estas duas ambiguidades de tenazes afiadas, sobre o racismo e a raça, permitiram ao anti-racismo banir da linguagem, das conversas, dos jornais, de todos os media, do discurso político, mas sobretudo, e é o mais grave, da própria percepção que podemos ter do mundo, tudo o que advém, não só das raças, no sentido lato e no absurdo sentido estreito, mas das etnias, do povos, das culturas, das religiões enquanto grupos ou massas de indivíduos, das civilizações enquanto colectividades hereditárias, das origens e mesmo das nacionalidades na medida em que essas nacionalidades pretendam ser algo mais que uma mera pertença administrativa, uma convenção, uma criação contínua. O homem do anti-racismo está nu perante a sorte, ele não vem de parte alguma, nenhum passado o protege. Ele começa em si mesmo, em si mesmo no “agora”. Num planeta idealmente sem fronteiras, sem distinções de tipo algum e sem nuances, é um viajante sem bagagem, um pobre diabo. A toda a hora ele refunda-se como pode, numa espécie de senilidade do recomeço perpétuo, de infantilismo instituído, de puerilidade académica (star-academy mais propriamente). A pertença, desde que não seja convenção pura (os famosos “papeis e passaporte”) é entendida e transmitida unicamente como uma carga, uma tara, um peso morto, um fardo incómodo do qual é preciso desembaraçar-se o mais rapidamente, uma herança maldita.
São partes inteiras de conhecimento, de cultura, do saber acumulado da espécie, que são assim recusadas, deitadas abaixo, enterradas. Mais grave ainda, são partes inteiras da experiência, da actualidade claro, mas mais directamente da experiência quotidiana de viver, de viajar, de habitar a terra e habitar a cidade, de sentir o que acontece quando descemos a rua, quando apanhamos o autocarro ou o metro, não falando mesmo dos sinistros comboios, são partes inteiras do tempo, partes inteiras do olhar, partes inteiras da tactilidade de existir, que, por convenção, será conveniente, sob risco dos mais graves castigos, deixarem de existir, deixarmos de as sentir, deixarmos de as ver mesmo que nos entrem pelos olhos (por vezes quase literalmente) – tudo isso apenas existe na nossa cabeça, na nossa perversa cabeça.(…)»
Porque a lavagem cerebral passa também por aí- em nome de um ideal imposto por uma elite, fazer com que o indivíduo abandone de tal modo todo o passado, e até a si mesmo, à sua individualidade como ser pensante (porque o seu pensamento estará «infectado» pela cultura antiga...), que se torne totalmente obediente à nova ordem que a elite, arvorada em dona da verdade, quiser instituir.
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