SOBRE O CRESCENTE DESEJO DE EXPANSIONISMO ISLAMO-ALBANÊS
É uma notícia do princípio do ano mas tem toda a pinta de vir a ser cada vez mais actual...
Primeiro, uma notícia de Maio do ano passado: http://balkanstory.wordpress.com/2012/05/07/erdogan-turkish-soldiers-will-help-albanians-liberate-their-lands/
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou dissolver o Estado de F.Y.R.O.M. (Former Yugoslavian Republic Of Macedonia, ou Anterior República Jugoslava da Macedónia, que é a Macedónia que fazia parte da Jugoslávia) e os Balcãs Ocidentais, se não forem tomadas medidas para garantir os direitos dos Albaneses.
Numa entrevista concedida à televisão estatal do seu país, Erdogan declarou que a Turquia irá apoiar os seus «irmãos albaneses» com as suas tropas.
Acrescentou o turco que os Albaneses têm o direito à auto-determinação e à criação de um Grande Estado Albanês, e que o UCK não é uma organização terrorista mas sim a expressão da vontade dos Albaneses em defenderem as suas terras. Chegou mesmo a afirmar que as tropas turcas estão em a postos (em standby) para ajudar a libertar as Terras Albaneses Ocupadas...
A declaração do primeiro-ministro turco causou fortes reacções da parte dos ministros grego e sérvio dos Negócios Estrangeiros.
Por cá, nem piu sobre o assunto... nada... se calhar porque toda a elite político-intelectual tuga, agora até no CDS, está apostada em meter a Turquia pela Europa Unida adentro...
Em Novembro do ano passado, o primeiro-ministro albanês, porventura com as costas quentes na sequência do que disse o seu «irmão» turco, causou forte polémica nas Balcãs ao declarar por seu turno que há partes da Grécia que pertencem à Albânia: http://digitaljournal.com/article/337925
Por ocasião da celebração dos cem anos de libertação albanesa do domínio otomano, o primeiro-ministro albanês, Sali Berisha, falou no sonho da unificação albanesa e expressou o desejo de que a Albânia venha a unir sob o seu poder «todos os territórios albaneses de Preveza a Presevo, de Skopje a Podgorica». Preveza fica no norte da Grécia, na região do Epiro. Berisha disse mais tarde que a reunificação era para acontecer no seio da União Europeia...
Em reacção, o ministro grego dos Negócios Estrangeiros, Dimitris Avramopoulos, cancelou no último momento a viagem à capital albanesa, Tirana, declarando publicamente que ««afirmações dessas não contribuem para criar um clima de amizade, confiança e boa vizinhança entre os dois países».
Tirana foi previamente informada do cancelamento desta visita se Berisha não se retratasse. A resposta foi tardia, não chegando a tempo de permitir a visita - um porta-voz do líder albanês disse que as afirmações do dito se referiam «a um contexto histórico de há cem anos» e garantindo que, passo a citar, «não há agora reivindicações territoriais contra os nossos vizinhos meridionais, do norte ou do leste.»
Na Grécia cresce a preocupação a respeito do recrudescimento do nacionalismo expansionista e anti-grego na Albânia. Há receios de que os Albaneses possam conseguir algo na política interna grega mercê do grande número de imigrantes albaneses em solo grego.
Lavrov expressou além disso desagrado pela reacção passiva e muda do Ocidente a respeito dos relatórios que denunciam o ataque a monumentos sérvios no Kosovo albanês: mais de sessenta memoriais sérvios foram recentemente vandalizados no Kosovo, em retaliação aparente à remoção, da parte dos Sérvios, de um monumento eirigido aos combatentes albaneses na zona sul da Sérvia, predominantemente albanesa em termos étnicos.
De notar que a independência do Kosovo, antiga província da Sérvia, foi apoiada pelos EUA e contrariada pela Rússia, aliada histórica da Sérvia, bem como da Grécia.
Para mais informações sobre o que aqui se passa, ler:
onde se dá conta de que foram os ianques, com a sua miopia anti-russa e filoislâmica, que por exemplo Alexandre del Valle já denuncia há bem mais de uma década, foram os ianques, dizia-se, que mais força deram à hoste de Mafoma nesse sul europeu ainda amaldiçoado pela herança otomana...
Del Valle recorda também que o grande sonho muçulmano nas Balcãs é construir ou reconstruir a chamada «Transversal Verde», que é uma faixa de território sob domínio muçulmano, da Ásia Menor até à Albânia, passando forçosamente por espaço grego, sérvio, búlgaro...
posted by Caturo at segunda-feira, abril 29, 2013
16 Comments:
Os ALbaneses nao podem ser "irmaos"dos turcos pq os albaneses sao hindo-europeus e falam um língua hindo-europeia, já os turcos nao!
Os Macedonios sao Europeus?
A Sérvia é histtórica aliada da Rússia? Mas a Iuguslávia era neutra em relação a Moscou durante a Guerra Fria.
Pq os russos são aliados da Grécia? Só há a religião em comum com eles, fora isso eles sao aliados dos EUA.
Caturo,
Tu não consideras a Bósnia e a Albania europeus?
Os Albaneses seriam fruto dos Iliricos.
Os Albaneses seriam de facto descendentes dos Ilírios. Sejam-no ou não, tanto o idioma albanês como o ilírico são indo-europeus. O turco, em contrapartida, não o é. Mas os muslos tendem a considerar-se irmãos por cima das barreiras étnicas, por isso é que o termo «irmão» aqui aparece (entre aspas), até porque foi utilizado por Erdogan.
A Bósnia e a Albânia são europeias, sim, pelo menos até certo ponto... mas o poder do Islão, sobretudo na primeira, tornam-nas em potenciais inimigas do Ocidente.
«Pq os russos são aliados da Grécia? Só há a religião em comum com eles, fora isso eles sao aliados dos EUA.»
Aliados dos EUA, mas sempre com especial simpatia para com a Rússia. Esta ajudou os Gregos a tornarem-se independentes do Império Otomano, e o mesmo se aplica aos Sérvios, com o acrescento significativo de que neste último caso há, além da aliança histórica e da comunidade religiosa, a comunidade étnica.
A Jugoslávia foi um pouco outra coisa, afastou-se ideologicamente dos blocos, de todos eles. Mas foi um afastamento puramente ideológico, penso, e entretanto já faz parte do passado.
http://www.dailymotion.com/pt/relevance/search/Midnight+Express+/1#video=x51utz
Como definirias racialmente este polícia turco? Minuto 05:45.
Obrigado.
Mas nem todos os albaneses sao muçulmanos. Há uma considerável parcela da população que é cristã, sao catolicos e ortodoxos e vivem principalmente no Norte. A freira Madre Teresa de Calcutá era albanesa. Sem contar que no tempo em que eram comunas os albanses tinham um estado ateu. Os albanese sao nacionalistas, tanto quanto qualquer outro povo europeu, ou até mais! Já há bosnia nao é composta só de muslos, os muslos não sao nem a metade da populaçao se nós considerarmos os croatas e os sérvios juntos.
Caturo, veja:
http://www.balkaninsight.com/en/article/albania-nationalists-divided-ahead-of-polls
Esta ajudou os Gregos a tornarem-se independentes do Império Otomano
a russia tinha poder na altura pra avançar no norte do oriente medio e esmagar a anatolia com infantaria e ocupação, mas a meia duzia anglo-judia de londres colocou empecilhos com medo de o euxino virar um lago russo e ibidem o mediterraneo oriental/clnne, dai levaram uma surra em galipoli e ainda queriam fazer dos anglo-saxões da oceania seus capachos tipo como os luso-americanos da vd-df tentam fazer com luso-americanos de outras americas portuguesas e ibidem como os luso-ibericos faziam com os colonos luso-americanos e descendentes; mataram até uma freira em salvalixor que foi o estopim pros eventos dos anos 1820s..
«http://www.dailymotion.com/pt/relevance/search/Midnight+Express+/1#video=x51utz
Como definirias racialmente este polícia turco? Minuto 05:45.»
Um ar não europeu, mediterrânico entre o semita e o asiático. Também me faz lembrar o tipo norte-africano, pela espécie de «til» que a boca parece formar.
"Os Albaneses seriam de facto descendentes dos Ilírios. Sejam-no ou não, tanto o idioma albanês como o ilírico são indo-europeus. O turco, em contrapartida, não o é. Mas os muslos tendem a considerar-se irmãos por cima das barreiras étnicas, por isso é que o termo «irmão» aqui aparece (entre aspas), até porque foi utilizado por Erdogan".
Bom, se assim é, por estas horas o Atatürk deve andar a dar voltas na tumba...
O Erdogan e os seus islamistas não têm andado a fazer outra coisa que não fosse dar cabo do legado do Atatürk, que sempre quis uma boa relação com os países ocidentais, a começar com a Grécia de Venizelos (o que foi um triunfo diplomático assinalável).
Só com o partido islamista é que um certo pan-islamismo tem estado, implícitamente, na ordem do dia.
Já a relação com Israel mudou susbstancialmente.
Está por um fio uma revolução como a do Irão, em 79, e a Turquia terá de dizer adeus ao secularismo e à democracia que a têm caracterizado.
Exactamente. Mas já antes de Erdogan se observava essa reislamização da sociedade turca, com o primeiro-ministro, que depois foi presidente, Turgut Ozal, nos anos oitenta, isto segundo diz Alexandre del Valle («Guerras Contra a Europa»). A notória inimizade actual contra Israel é um bom indício desta viragem islamista, mas há mais, e mais preocupante, como a atitude de Erdogan contra a liberdade de expressão europeia para que na Europa se imponha a censura contra quem satirizar o Islão. O turco até quis boicotar a eleição para a direcção da OTAN do dinamarquês Rasmussen, porque tinha, uns anos antes, «desobedecido» à ordem da OCI para censurar o jornal que publicou as caricaturas a satirizar Mafoma.
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