BATALHA DE KULIKOVO - VITÓRIA TEMPORÁRIA DO BRANCO EUROPEU SOBRE O ORIENTE ISLÂMICO...

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Kulikovo

A Batalha de Kulikovo (em russo Куликовская битва) foi travada pelos tártaros e mongóis da Horda de Ouro contra os Russos. Este embate ocorreu a 8 de setembro de 1380 no campo Kulikovo próximo do rio Don (agora Oblast de Tuva) e terminou com uma vitória russa.

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Exércitos russos combinados sob o comando do grão-duque de Vladimir, Dimitri Ivanovich de Moscou (conhecido como "Dimitri do Don" posteriormente) enfrentaram uma força mongol muito maior sob o comando de Mamai, o forte líder militar da Horda Dourada.

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Esta vitória é considerada como o início do fim do domínio mongol sobre a Rússia, o qual terminou oficialmente com a batalha do rio Ugra cem anos depois. A sua importância espiritual para a unificação das terras russas foi ainda mais importante. Como um historiador colocou, os russos vieram ao campo de Kulikovo como cidadãos de vários principados e retornaram como uma nação russa unida.

Claro que a guerra não acabou para sempre... é pertinente citar algo do que diz o politólogo Alexandre del Valle na sua obra «Guerras Contra a Europa» (editora Hugin, Abril de 2001, página 68):

«Na Rússia, uma representação muito enraizada nos espírito dos muçulmanos considera que a "reislamização" das repúblicas muçulmanas e até, a prazo, da Rússia inteira, outrora dominada pelos Tártaros, de etnia e cultura turco-islâmica, é não só uma benfeitoria como também uma maneira de «reparar ofensas feitas aos muçulmanos tártaros da Rússia», a quem Ivan o Terrível tinha declarado, aquando da tomada de Kazar em 1542, que soou a finados do Império islâmico-tártaro, que o "Islão nunca mais voltaria à Rússia". A principal organização islamita da Rússia é o PRI, Partido do Renascimento Islâmico, apoiado, desde a sua criação em Astracã em Junho de 1990, por Riade. Contrariamente à estratégia de insurreição adoptado pelo Cáucaso, aquela que é escolhida em "zona eslava" ou tártara é mais suave, visto o Islão não dispor ainda ali de uma base de retaguarda segura nem de meios coercivos face ao poder central russo presente. O chefe intelectual do PRI, Djemal Gaïdar, de origem azéria, baseia o essencial da sua estratégia no proselitismo e conta com o anti-americanismo de numerosos russos, declarando que "os russos devem-se converter ao Islão para resistir ao Ocidente". O seu discurso, violentamente anti-ocidental e antisemita, inscreve-se na tradição dita "eurasiana", um dos poucos pontos de entendimento entre nacionalistas muçulmanos e ortodoxos eslavos ou nostálgicos da URSS. Numa primeira fase, Gaïdar preconiza a união entre ortodoxos e muçulmanos contra a influência "nefasta" do "Oeste" e dos "Judeus", depois, numa segunda fase, uma conversão geral da Rússia ao Islão, "única hipótese para esta de cumprir a sua missão civilizadora e de recuperar a sua grandeza e a sua independência".»

É sempre de desconfiar quando alguém fala em «missão civilizadora» de uma determinada nação... por cá também se diz em certos círculos que Portugal tem «uma missão universalista«... quando se considera que uma nação se caracteriza por ter um determinado objectivo ideológico, está-se sempre a desvalorizar o primado da etnicidade, subordinando-a, como se de um mero instrumento se tratasse, a um ideal «supra-fronteiriço», que na verdade é sempre anti-fronteiras e inimigo das identidades...

Continuando o texto de del Valle:

«Há já alguns anos que as teses do PRI encontram um eco particularmente atento no seio dos tártaros muçulmanos da bacia do Volga, aparentados com os Turcos, os mesmos que reinaram antes dos eslavos sobre quase todo o território russo e nunca aceitaram a vitória dos "infiéis" eslavos. Depois de se terem batido outrora contra os Russos, os Tártaros chegaram, nos anos noventa, a um compromisso mais ou menos satisfatório com Moscovo, que lhes concedeu uma soberania parcial. Mas, hoje em dia, a efervescência islamita ganha terreno no seio das elites e das massas tártaras, tanto mais que uma parte deles, os tártaros ditos "da Crimeia", em virtude de um recente acordo russo-ucraniano, regressam em massa à Crimeia, de onde tinham sido expulsos e depois deportados para a Ásia central por Estaline.

Albergando uma forte minoria muçulmana muitas vezes aparentada com os turcos, a Rússia, preocupa-se com a "crescente influência da Turquia, em locais onde o seu controlo era, ainda há pouco, absoluto. Ela teme mesmo o regresso desta influência aos grandes centros muçulmanos do interior", explica Hélène Carrère d'Encausse. (...) A origem do panturquismo vem do século XIX, quando orientalistas ocidentais e russos puseram em evidência os parentescos linguísticos e culturais que ligam os Povos do Império Otomano que vivem na Anatólia a um conjunto de outros Povos entrados no seio da Rússia nos séculos XVIII e XIX (...) O azéri Ali Huseyinzade definia a ideologia panturquista (ou panturcista) em três palavras:  turquização (administração e educação em língua turca), islamização (no seio do império russo-ortodoxo) e modernização (imitação do modelo político e sobretudo científico e tecnológico ocidental).

A derrocada da União Soviética deu finalmente uma ocasião histórica à Turquia para reactivar a ideologia do panturquismo (...)».