«PORTUGUESES TÊM TANTO DE SANGUE MOURO E OUTRO TANTO DE SANGUE JUDAICO»

Está a dar muito que falar um novo estudo genético que indica que os actuais Ibéricos, Portugueses e Espanhóis, têm cerca de vinte por cento de «sangue judaico» e onze por cento de «sangue mouro».
A descoberta é apresentada em grandes parangonas, como se fosse uma grande novidade, como se as elites culturais reinantes não passassem a vida a jurar pela mãezinha que todo o português (e espanhol) é um mestiço cheio de sangue judaico e mouro, e cada português é metade judeu metade mouro e etc. e tal. Afinal esta dita herança genética moura e judaica é bem menor do que metade-metade...

Mas... tratar-se-á realmente de uma herança judaica e moura?

Em causa estão os marcadores genéticos J2, para os Judeus, e E3b, para os norte-africanos.
Ora em vários países europeus há apreciável quantidade de um destes marcadores, quando não dos dois: Itália, Grécia, Roménia, Alemanha... claro que isso não interessa referir, não serve para sustentar a hipótese de que os Portugueses são um caso à parte...

Acresce que estes haplogrupos, J e E3b, são antiquíssimos em solo europeu e precedem, pelo menos o segundo, a invasão mourisca da Ibéria, além de existirem em regiões onde nunca se fez sentir o jugo mouro, tais como a Alemanha.

Por outro lado, também não convém aos «descobridores» referir um outro estudo recente, já referido no Gladius, que indicou a proximidade fundamental entre todos os Europeus do Ocidente, incluindo os Portugueses...

Surgem depois os apologistas do Portugalinho mestiçadíssimo, a garantir que se pelo lado masculino os Portugueses são seguramente mais europeus do que outra coisa qualquer, pelo lado do ADN mitocondrial, isto é, pelo lado feminino, têm é muito mais influência semita, moura e judaica. Ora também isso é falso, de acordo com os estudos genéticos já efectuados a esse respeito: a região portuguesa é dominada, no que respeita ao ADN mitocondrial, pelos mesmos grupos genéticos que as demais regiões europeias.

E, como seria de esperar, dão também à costa os que pegam no estafado e batido argumento dos «apelidos com nomes de árvores» para provar a ascendência judaica de grande parte da população portuguesa. Claro que quem assim fala nunca se atreve a chegar ao ponto de dizer que D. Nuno Álvares Pereira era judeu...
Por outro lado, desafia a lógica que os judeus convertidos ao Cristianismo, os chamados cristão-novos, que tudo faziam para esconder as suas origens - lembrar o caso da alheira, seja ou não historicamente rigorosa a sua veracidade - fossem escolher apelidos que os diferenciassem do resto da população.

De tudo isto se poderá ler nesta caixa de comentários, onde eu (Tautalos), o «Facho» e «Fernando» (que ou muito me enganou ou até sei quem é...) deitamos por terra certos mitos, com destaque merecido para o terceiro dos citados, pelo rigor e frequência com que cita as suas fontes, o que também será feito neste mesmo tópico, quando eu tiver tempo...