quarta-feira, novembro 19, 2008

LOCKE FALA A RESPEITO DA TRAIÇÃO CRISTÃ ÀS SOCIEDADES PAGÃS

Uma pequena e insignificante multidão de cristãos chega a um país pagão; falta-lhes tudo: os estranhos pedem aos indígenas, homens pedem aos homens, como é justo, uma ajuda para sobreviver: o necessário é-lhes dado, são-lhes concedidas terras; os dois povos fundem-se num só. A religião cristã lança raízes, espalha-se, ainda não é mais forte; ainda se cultiva a paz, a amizade, a lealdade; e direitos iguais são salvaguardados: por fim, com a passagem do magistrado para o seu lado, os cristãos tornam-se mais fortes; então, os pactos são calcados aos pés, os direitos violados, a fim de expulsar a idolatria, e se todos estes inocentes pagãos, tão respeitadores do direito, não quiserem abandonar os seus ritos antigos e adoptar novos e estranhos, devem ser privados da vida, dos seus bens e terras ancestrais, embora não pequem nem contra os bons costumes, nem contra a lei civil; e por fim, constata-se o que o fanatismo por uma igreja, aliado ao desejo de dominar, aconselha abertamente; e com que facilidade a religião e a salvação das almas servem de pretexto à rapina e à ambição.

In «Carta Sobre a Tolerância», de John Locke, Edições 70, colecção «Textos Filosóficos», página 110.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Já que falas em traição....ainda o Obama nem sequer tomou posse e já o estão a pressionar a legalizar em massa os imigrantes ilegais, que nos EUA são cerca de 12 milhões, principalmente mexicanos. E claro, a Igreja Catolica está na vanguarda dessas pressões, ou não fossem os Mexicanos maioritariamente catolicos.
http://www.chron.com/disp/story.mpl/life/religion/6117984.html

19 de novembro de 2008 às 08:37:00 WET  
Blogger Caturo said...

Ora lá está outra vez a velha e conhecida Igreja, sempre fiel a si mesma e ao Judeu Morto...

Obrigado, cara Sílvia, essa foi forte.

19 de novembro de 2008 às 10:19:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

QUANDO É QUE O iSLÃO ASSUME A SUA QUOTA-PARTE DE RESPONSABILIDADE NA HISTÓRIA DA ESCRAVATURA?

19 de novembro de 2008 às 10:36:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Já que falas em traição....ainda o Obama nem sequer tomou posse e já o estão a pressionar a legalizar em massa os imigrantes ilegais

Ó emigra, quando é que deixas de viver na terra dos outros, e voltas para a tua?

Se o Caturo tivesse uma ponta de coerencia, havia de dizer que os Mexicanos tem do direito que é seu de viver nos EUA porque são descendentes de Índios. Os 12 milhões de ilegais contribuem para a economia, os seus antepassados (Índios) viveram lá, e portanto, não é o FIM do mundo se forem legalizados. E traição o que?

És uma vergonha, Sílvia.

19 de novembro de 2008 às 11:16:00 WET  
Blogger Caturo said...

Os Mexicanos não são índios, são mestiços, predominantemente brancos. E o território dos EUA não era dos seus antepassados.

19 de novembro de 2008 às 12:30:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Mas John Locke não era, ele próprio, cristão?

19 de novembro de 2008 às 13:52:00 WET  
Blogger Caturo said...

Mas alguém podia naquela altura dizer que não era cristão?

19 de novembro de 2008 às 13:58:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Quem vivesse na Holanda, por exemplo. Lá, não só o judaísmo era tolerado, como na mesmíssima época houve um senhor chamado Baruch Espinoza a escrever um Tratado Teológico-Político em que (i) defendia que a Bíblia é uma fonte literária que pode conter erros, (ii) defendia que Jesus não é um filho do Deus Javé mas sim um «extraordinário moralista», e (iii) postulava o panteísmo, através de um seu célebre aforsimo - «Deus sive Natura».
Nada impedia Locke de procurar a histórica liberdade holandesa (que ainda se vai mantendo, a despeito das ameaças muçulmanas) para dizer que não seguia o cristianismo, se pensasse assim.

20 de novembro de 2008 às 13:59:00 WET  
Blogger Caturo said...

Mas Locke não estava na Holanda e sim em Inglaterra, e não se muda assim de país só para dar uma opinião religiosa. De resto, continua a haver notória diferença entre dizer-se judeu ou dizer-se doutra religião qualquer, pois que o Cristianismo tem origem no Judaísmo.

20 de novembro de 2008 às 14:17:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

De resto, continua a haver notória diferença entre dizer-se judeu ou dizer-se doutra religião qualquer

Creio que não leste o que eu escrevi: (i) defendia que a Bíblia é uma fonte literária que pode conter erros, (ii) defendia que Jesus não é um filho do Deus Javé mas sim um «extraordinário moralista», e (iii) postulava o panteísmo, através de um seu célebre aforsimo - «Deus sive Natura».
Isto não é ser judeu. Os judeus não acham que o Velho Testamento seja uma simples fonte literária, nem são panteístas. O que Espinosa disse choca com tudo aquilo que constitui a espinha dorsal do cristianismo. E disse-o na mesma época em que Locke viveu.
Concordarei contigo que Locke não ia mudarde país só para dar uma opinião religiosa - mas o que afirmavas é que naquela altura ninguém podia dizer que não era cristão. Saliente-se que agora dizes que haveria alguma abertura quando se tratava de judeus - mas por aqui se vê que tal não é verdade.

20 de novembro de 2008 às 18:17:00 WET  

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