CARACTERÍSTICAS GERAIS DA RELIGIÃO INDO-EUROPEIA
A) É uma religião politeísta, que reuniu a pluralidade de cultos referentes a cada grupo e a cada lugar: é pagã, isto é, campestre, reflexo da pluralidade do Povo.
B) Plural e diversa, esta religião é naturalmente tolerante; bem longe de se entregar ao proselitismo, cada grupo conserva ciosamente os seus Deuses, os seus ritos e as suas fórmulas. Neste sentido, podemos qualificá-la de esotérica e de iniciática. Tem mitos e símbolos mas ignora os dogmas.
C) É uma religião de actos e não de fé; mais vivida do que pensada, onde o cumprimento dos ritos tradicionais e dos deveres da sua condição são obrigações essenciais, não havendo lugar para o sentimento.
D) Religião política pelo seu enquadramento, que é o das diferentes unidades étnicas e, também, pelo essencial do seu panteão, religião de chefes e não de sacerdotes, ela não é fanática. Se o poeta é um inspirado que sente por vezes uma fúria divina, o oficiante é um magistrado digno e circunspecto. A "superstição" é mal vista, a magia individual é desprezada (embora praticada), a bruxaria é severamente reprimida.
E) Características e designações gerais dos Deuses indo-europeus - os Deuses são concebidos como seres com características humanas, mas cuja natureza não podemos determinar com exactidão: conforme os Povos e as épocas, a sua essência está mais ou menos próxima da do homem. Os Seus nomes são bem exemplificativos desse facto, sendo possível destacar quatro tipos:
a) Nomes comuns de fenómenos (Fogo, Aurora), de corpos celestes (Sol, Lua) ou abstractos, em especial nomes de carácter social (Contrato, Juramento);
b) Nomes comuns derivados ou compostos com valor possessivo, designando o «senhor» do fenómeno, do ser ou do facto social correspondente (latino Silva-nus «Senhor da Floresta», védico Brhaspáti «Senhor do brh- (poder));
c) Nomes de pessoas, motivados ou não (védico Indra), a maior parte das vezes atributos (avéstico Varathra-gna «O que quebra a resistência»);
d) Sintagmas exprimindo uma relação de parentesco («Filha do Sol»).
Os três últimos grupos de designações aplicam-se explicitamente aos seres humanos, enquanto que no primeiro isso está implícito. Embora a sua natureza original não seja esquecida (os poetas jogam constantemente com a ambivalência), Mitra(Contrato) e Agni(Fogo) são tão humanos como Indra nos Vedas. Não se trata pois de ser indistinto ou de uma natureza intermediária («força») entre a coisa ou o acto e o Deus. A *Dyew-(«Céu Diurno») está ligado desde a origem o título de *Phtér («Pai»). Recuperámos muito poucos nomes divinos em Indo-Europeu, designando todos eles antigos Deuses do Universo.
F) Os Deuses como pólos do sagrado - E. Benveniste revelou a dualidade da noção de "sagrado" para os Indo-Europeus, tal como se destaca no vocabulário; é "positivamente sagrado" (avéstico Spenta, germânico *Xailaz, latino Sanctus, grego Ieros) o que está "carregado de poder divino"; é "negativamente sagrado" o que é "vedado ao contacto dos homens" (avéstico yaozdata, germânico *wixaz, latino sacer, grego agios). A esta dualidade corresponde a da designação do culto: ela exprime-se, quer por verbos que significam "crescer", "fortificar", ou referindo uma das operações do sacrifício, quer por verbos como "respeitar", "não ofender" (*yag, *ayzd). Daí advém igualmente a dualidade da atitude religiosa: receio de ofender um Deus, mesmo que involuntariamente, mas, ao mesmo tempo, confiança, familiaridade para com os Deuses, em especial para com alguns Deles. O indiano védico teme as ligações de Varuna (Juramento), mas trata Indra como amigo (yuj). A religião indo-europeia contém proibições rigorosas, mas é uma religião de homens livres.
B) Plural e diversa, esta religião é naturalmente tolerante; bem longe de se entregar ao proselitismo, cada grupo conserva ciosamente os seus Deuses, os seus ritos e as suas fórmulas. Neste sentido, podemos qualificá-la de esotérica e de iniciática. Tem mitos e símbolos mas ignora os dogmas.
C) É uma religião de actos e não de fé; mais vivida do que pensada, onde o cumprimento dos ritos tradicionais e dos deveres da sua condição são obrigações essenciais, não havendo lugar para o sentimento.
D) Religião política pelo seu enquadramento, que é o das diferentes unidades étnicas e, também, pelo essencial do seu panteão, religião de chefes e não de sacerdotes, ela não é fanática. Se o poeta é um inspirado que sente por vezes uma fúria divina, o oficiante é um magistrado digno e circunspecto. A "superstição" é mal vista, a magia individual é desprezada (embora praticada), a bruxaria é severamente reprimida.
E) Características e designações gerais dos Deuses indo-europeus - os Deuses são concebidos como seres com características humanas, mas cuja natureza não podemos determinar com exactidão: conforme os Povos e as épocas, a sua essência está mais ou menos próxima da do homem. Os Seus nomes são bem exemplificativos desse facto, sendo possível destacar quatro tipos:
a) Nomes comuns de fenómenos (Fogo, Aurora), de corpos celestes (Sol, Lua) ou abstractos, em especial nomes de carácter social (Contrato, Juramento);
b) Nomes comuns derivados ou compostos com valor possessivo, designando o «senhor» do fenómeno, do ser ou do facto social correspondente (latino Silva-nus «Senhor da Floresta», védico Brhaspáti «Senhor do brh- (poder));
c) Nomes de pessoas, motivados ou não (védico Indra), a maior parte das vezes atributos (avéstico Varathra-gna «O que quebra a resistência»);
d) Sintagmas exprimindo uma relação de parentesco («Filha do Sol»).
Os três últimos grupos de designações aplicam-se explicitamente aos seres humanos, enquanto que no primeiro isso está implícito. Embora a sua natureza original não seja esquecida (os poetas jogam constantemente com a ambivalência), Mitra(Contrato) e Agni(Fogo) são tão humanos como Indra nos Vedas. Não se trata pois de ser indistinto ou de uma natureza intermediária («força») entre a coisa ou o acto e o Deus. A *Dyew-(«Céu Diurno») está ligado desde a origem o título de *Phtér («Pai»). Recuperámos muito poucos nomes divinos em Indo-Europeu, designando todos eles antigos Deuses do Universo.
F) Os Deuses como pólos do sagrado - E. Benveniste revelou a dualidade da noção de "sagrado" para os Indo-Europeus, tal como se destaca no vocabulário; é "positivamente sagrado" (avéstico Spenta, germânico *Xailaz, latino Sanctus, grego Ieros) o que está "carregado de poder divino"; é "negativamente sagrado" o que é "vedado ao contacto dos homens" (avéstico yaozdata, germânico *wixaz, latino sacer, grego agios). A esta dualidade corresponde a da designação do culto: ela exprime-se, quer por verbos que significam "crescer", "fortificar", ou referindo uma das operações do sacrifício, quer por verbos como "respeitar", "não ofender" (*yag, *ayzd). Daí advém igualmente a dualidade da atitude religiosa: receio de ofender um Deus, mesmo que involuntariamente, mas, ao mesmo tempo, confiança, familiaridade para com os Deuses, em especial para com alguns Deles. O indiano védico teme as ligações de Varuna (Juramento), mas trata Indra como amigo (yuj). A religião indo-europeia contém proibições rigorosas, mas é uma religião de homens livres.
In «Os Indo-Europeus», Jean Haudry, págs. 83, 84, 85, Rés Editora.
6 Comments:
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/4b04f4c157b9599874dfe4.html
Até fico azul...
É cada burro, manda aquilo para o ar sem se querer conseguir justificar e dizer como seria possível..é para ver se pega nos mais burros.
E o PSD nestas merdas...
Actualmente, por dá cá aquela palha há um gajo qualquer a apelar ao governo único mundial. É uma coisa que se meteu nos cornos da elite há já muito tempo, e a propósito de tudo e de nada lá vem a propaganda do costume.
"e a propósito de tudo e de nada lá vem a propaganda do costume."
sim, mas é sobretudo as elites dos Estados Unidos que querem isso.
é deixá-los ladrar.
mais depressa o império Norte-Americano se desintegra do que se concretiza essa utopia do "governo único".
depois há um ou outro papalvo aqui que se lembra de plagiar a ideia dos EUA e toca a mandar bitaites...
«Actualmente, por dá cá aquela palha há um gajo qualquer a apelar ao governo único mundial. É uma coisa que se meteu nos cornos da elite há já muito tempo, e a propósito de tudo e de nada lá vem a propaganda do costume.»
É isso e também as bocas em relação à internet.
a saber, não faz parte então das características gerais da religião indo-européia quaisquer das noções nacionalistas ou patrióticas cheias desse xenofobismo estrábico.
Religião é uma coisa, política é outra.
Mas, já agora, quanto a consciência nacional, convém dar uma vista de olhos aqui:
http://gladio.blogspot.com/2008/11/nacionalidade-entre-os-indo-europeus.html
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