RITUAL PRIMAVERIL NA ARMÉNIA ARIANA
Mihr ou Mithra, Deus Solar da Verdade
«Saudamos todos os Arianos, todos os tementes a Deus, todos os filhos de Vahagn, todos os que sentem as suas raízes na Mãe Ararat com o Novo Ano, a aproximação da Primavera Cósmica e o milésimo nono quingentésimo octogésimo oitavo aniversário de Vahagn», brada o sacerdote pagão Zhora, erguendo uma adaga.
Trata-se do novo ano pagão e cerca de cem arménios reuniram-se junto ao templo em Garni, no dia 21 de Março, para celebrar o nascimento de Vahagn, Deus do Poder e do Fogo.
Todos juntos oram deste modo:
«O Céu estava em tormentos de parto; a Terra estava em tormentos de parto
E o Mar carmesim estava em tormentos de parto
E dos tormentos do Mar
Saiu uma haste vermelha,
E saiu fumo da extremidade da haste,
E uma chama saiu da extremidade da haste,
E dessa chama, saiu um jovem ruivo...»
E terminam o seu poema com a seguinte declaração: «Que Vahagn seja louvado!»
Neste dia, o Sol entra na constelação de Áries, e o dia e a noite tornam-se iguais em duração: inicia-se a Primavera Cósmica.
Desde há dezasseis anos que a organização não governamental «O Juramento dos Filhos dos Arianos» celebra em Garni o Novo Ano, no dia 21 de Areg (nome de Março no antigo calendário arménio). O grupo diz ter mais de mil membros.
Neste dia, os filhos dos Arianos fazem valer o ritual pagão fixado há séculos.
Os sacerdotes pagãos desta ordem, trazendo adagas pendentes nos cintos, dão início à cerimónia. A sua hierarquia é diferenciada através das cores das suas vestes: o Sumo Sacerdoter usa um manto dourado; o Presidente da Classe Sacerdotal, um azul; de manto branco está o sacerdote.
Celebram o nascimento de Vahagn, que brota do Céu e da Terra.
«Ele nascerá para dar continuidade à tribo dos Seus Deuses Arianos na Terra. E aqueles Arianos que acreditarem e aguardarem Vahagn irão adquirir poder. E aqueles que não acreditarem, irão permanecer na sua indesejável doença e serão desruídos, pois nenhum Deus nasce da doença», brada o Supremo Sacerdote Samvel.
Seguidamente, fazem arder o fogo de Vahagn, aquecem as adagas até estas ficarem rubras e mergulham-nas copos de vinho.
«Louvando os Deuses da minha tribo, com a Sua ajuda, consagro este vinho... bebam-no e obtenham poder», diz o Sumo Sacerdote.
Todos provam o vinho consagrado.
Consagram copas de salgueiro e distribuem-nas pelos participantes. As copas jovens simbolizam a vida.
Tal como acontece noutros festivais pagãos, também há carneiros sacrificados neste dia. Desta feita, é o presidente da «União dos Arménios Arianos», Armen Avetsyan, que faz o sacrifício.
Avetsyan causou controvérsia na Assembleia Nacional da estação passada, com uma série de acusações contra vários grupos que eram perigosos para a pureza arménia. A própria palavra «Ariano» é no Ocidente frequentemente associada com racismo. O NGO, todavia, afirma que, no seu uso, «Ariano» é simplesmente sinónimo de «Pagão».
«Eu próprio tenho uma ode a Vahagn e sonho com o tempo em que a minha alma irá entrar em contacto com a alma de Vahagn, o Deus Arménio do Poder. Desejo que os Deuses Arménios retornem ao mundo espiritual da nossa nação, apenas Eles podem fazer-nos voltar às nossas raízes e proteger-nos dos Deuses estrangeiros», afirma Armen Avetisyan.
Um damasqueiro foi plantado no pátio do templo, conservando a tradição, apesar da neve invernal. Os pagãos arménios consideram o damasqueiro como árvore da vida e acreditam que a sua energia protege os Arménios do mal.
Os padres chamam os que estão reunidos para decorarem o damasqueiro com o intuito de conseguirem a concretização dos desejos.
Um dos pagãos aí presentes, indivíduo de trinta e cinco anos, diz: «Participo em todos os eventos desde 1990. O Cristianismo foi em tempos como uma globalização. Por isso é que nós os Arménios o adoptámos. Mas na verdade a base da nossa religião é o Paganismo. O Templo Mãe de Etchmiadzin também tem um fundamento pagão e é construído na base do santuário do Deus Mihr. Consideramos o Paganismo como uma crença e o Cristianismo como uma religião.»
Os pagãos e o resto das pessoas reunidas estavam juntas não apenas pela sua crença mas também pela sua idade. Insistem que têm nove mil quinhentos e oitenta e oito anos de idade, idade que partilham com o Deus Vahagn em Quem têm vivido todas as almas dos Arménios Arianos.
Vahagn é a variante moderna arménia do iraniano Verethragna, grande herói-Deus, matador do dragão (arquétipo fundamental nas antigas mitologias indo-europeias) considerado em tempos equivalente ao helénico Hérakles ou Hércules.
Quanto a Mihr, trata-se da versão arménia do indo-iraniano Mitra, Deus Luminoso da Verdade, Cujo culto conheceu uma vastíssima divulgação em todo a Europa romanizada.
Já agora, a continuação do poema acima entoado pelos pagãos arménios é esta:
(...)
E da chama correu um Jovem!
Ígneo cabelo tinha Ele,
E também tinha uma barba flamejante,
E os Seus olhos, eram como sóis!
1 Comments:
Ganda Cena, mas gosto mais da Marvel!!!
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