segunda-feira, abril 03, 2006

UM RETORNO DA PRIMAVERA ARIANA NO IRÃO




Apesar da repressão islâmica no Irão, o povo Iraniano mostra uma tendência, por subtil que seja, para retornar à antiga fé dos seus ancestrais arianos - a do culto de Ahura Mazda, o Senhor Sábio, simbolizado na Luz, no Fogo e no Sol, glorificado pelo profeta reformador Zaratustra (a versão grega do nome é «Zoroastro»).
Assim, no final de Março passado, observou-se uma afluência da população à celebração do Ano Novo persa, o Nawruz, que coincide com o início da Primavera, e que as autoridades religiosas muçulmanas tentaram sufocar aquando da revolução republicana islâmica de 1979. E uns dias antes do Nawruz, boa parte da população entregou-se à Chahar Shanbeh Suri, festividade que consiste na ignição de fogueiras públicas e na prática de saltos sobre brasas, ritual antigo que se destina atrair saúde.
Talvez esta mudança signifique uma nova primavera para a estirpe de Ciro, que há mil e duzentos anos caiu nas mãos do poder islâmico.

Alegremente, parece haver cada vez mais gente a trocar presentes e doces, gesto tradicional do Nawruz que foi mantido pela minoria iraniana que se manteve leal aos ensinamentos de Zaratrusta, apesar da opressão islâmica que por isso mesmo atraíram sobre si.

Este ano, a celebração do Nawruz teve especial significado, porque coincidia no mesmo dia em que os muçulmanos tinham obrigação religiosa de «chorar» a derrota e morte em combate do imã Hussein, figura histórica do Xiismo (versão do Islão dominante no Irão). No entanto, o Povo preferiu a alegria do seu festejo arcaico.

Um sociólogo definiu o que se passa no Irão de um modo que se afigura verosímil e expressa uma mudança eventualmente decisiva para o futuro deste povo:
«Penso que nestes dias há uma resistência silenciosa no Irão, especialmente no seio da classe média. Eles resistem, não politicamente, mas social e culturalmente.»


Ora isto é, como já Gramsci dizia, o mais importante do combate político - o combate meta-político, isto é, a conquista do poder pela cultura.



Zaratustra

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A fé de Zoroastro foi banida da Pérsia no século IX, pelos Muçulmanos. Só ficaram alguns, os Gabars.
Os exilados chegaram à Índia, onde os Hindus os receberam bem. Tornaram-se conhecidos como Parses, derivado da palavra indiana para persas.
Os zoroastrianos não seguem o princípio da conversão religiosa. É sua convicção de que as pessoas deveriam estar satisfeitas com a religião na qual nasceram.

4 de abril de 2006 às 01:02:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Precisamente, caro Ajtel. Por conseguinte, o Zoroastrismo, ou Parsismo, tornou-se numa religião estritamente étnica, dado que não aceita sequer conversos, ou seja, ninguém que nasça fora da estirpe Parse pode converter-se a esta religião. Houve alguns ingleses e alemães que quiseram tornar-se zoroastrianos, mas desconheço se o conseguiram.

Quanto aos Gabars, ou Guebros, eram tratados abaixo de cão e ainda hoje têm um estatuto marginal no Irão.

4 de abril de 2006 às 10:55:00 WEST  

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