quarta-feira, agosto 06, 2025

ALEMANHA - IGREJAS CRISTÃS PEDIRAM MAIS IMIGRAÇÃO

Notícia de 2021 que jamais deve ser esquecida:

Os principais representantes de duas das maiores e mais importantes igrejas da Alemanha estão a pedir ao novo governo do país — provavelmente formado pelos sociais-democratas, verdes e FDP — que promulgue políticas que facilitem o aumento da migração para a Alemanha e a União Europeia.
Ao apresentar um artigo de 214 páginas intitulado “Moldando a migração de forma humana”, que descreve uma chamada “bússola para a migração ética”, líderes da Conferência Episcopal Alemã (DBK) e da Igreja Protestante Alemã (EKD) argumentaram que as políticas de imigração deveriam ser alteradas para permitir mais imigração e naturalização mais fácil, relata o Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Nas suas apresentações, o vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, bispo Franz-Josef Bode, e o presidente do conselho da Igreja Evangélica na Alemanha (EKD), Heinrich Bedford-Strohm, instaram a chamada “coligação do semáforo” a adoptar uma “política de naturalização mais activa”, que permitiria que trabalhadores imigrantes e requerentes de asilo se tornassem cidadãos alemães com maior facilidade.
Bedford-Strohm descreveu a situação actual na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia como "intolerável", acrescentando que é "ultrajante que o ditador Lukashenko esteja a usar pessoas necessitadas" como peões geopolíticos. Ele também afirmou que a Alemanha e a Europa deveriam ajudar os imigrantes ilegais.
Além disso, o presidente do Conselho do EKD manifestou-se a favor de um sistema dentro da UE que permitiria a distribuição de imigrantes entre os Estados-membros, algo a que os países de Visegrád se  opuseram veementemente.
Ambos os representantes argumentaram a favor do “asilo eclesiástico” — um processo que permite a admissão temporária de imigrantes por uma paróquia para que eles possam evitar a deportação.

Um retorno à “Cultura de Boas-Vindas” da Alemanha?
Embora a questão da imigração seja enquadrada quase inteiramente como uma causa humanitária, autoridades da Igreja relutam em reconhecer que muitos europeus sofreram devido à crise, incluindo ataques terroristas, agressões sexuais e tragédias individuais que deixaram cicatrizes profundas no continente. Apesar dessas realidades, o Bispo Franz-Josef Bode afirmou que a Igreja, por meio da sua postura pró-imigração, está ao lado dos "oprimidos". Argumentou que as igrejas em toda a Alemanha devem reviver a "cultura acolhedora" que existia há vários anos. 
No entanto, muitos alemães estão divididos sobre a questão de aceitar mais imigrantes, e algumas pesquisas mostraram que a maioria dos Alemães se opõe à entrada de mais imigrantes de fora da UE no país.
Em vez de abordar o aumento maciço da criminalidade, do terrorismo e da violência sexual contra mulheres e crianças europeias que chegou ao continente na sequência da crise migratória, Bode afirmou que o aumento da "violência de direita representa uma ameaça à sociedade aberta".
“A Igreja sempre foi uma comunidade de migrantes, com migrantes e para migrantes”, argumentou o bispo de Osnabrück, afirmando que a Bíblia é “literatura de migração”.

O Catolicismo promoveu a imigração em massa
O papel proeminente que a liderança da Igreja Católica desempenhou na facilitação da imigração em massa para o continente europeu não deve ser subestimado. 
No início deste ano, o Papa Francisco, chefe da Igreja Católica, exortou os cristãos a "alargarem a sua tenda para acolher todos", especialmente os imigrantes. Como parte da sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2021, celebrado em 26 de Setembro, o pontífice afirmou que somos chamados a "trabalhar juntos para que não haja mais muros que nos separem, nem outros, mas apenas um único 'nós', que abranja toda a humanidade". Os cristãos devem “fazer todos os esforços para derrubar os muros que nos separam e, reconhecendo a nossa profunda interligação, construir pontes que promovam uma cultura de encontro”, continuou, acrescentando: “Os movimentos migratórios de hoje oferecem-nos uma oportunidade para superar os nossos medos e deixar-nos enriquecer pela diversidade dos dons de cada pessoa”.
Mensagens semelhantes foram comunicadas recentemente por outras pessoas no alto escalão da Igreja Católica.
No final de Outubro, quando a crise migratória ao longo da fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia começou a ganhar força, o cardeal Jean-Claude Hollerich — presidente da Conferência Episcopal Católica Europeia (COMECE) — emitiu um comunicado à imprensa onde rejeitou o alerta da Comissão Europeia de que a imigração ilegal está a ser usada como um mecanismo para "desestabilizar a Europa". Apesar de os imigrantes aglomerados na União Europeia não serem refugiados, o cardeal jesuíta disse: “O direito deles de buscar asilo deve ser protegido e os Estados devem respeitar o princípio de não deportação de pessoas em perigo de volta ao seu país de origem”.
Há vozes altamente críticas ao Papa Francisco, como o popular autor e comentarista francês Eric Zemmour, que disse que o papa é um “inimigo da Europa”: “Tivemos dois grandes papas, João Paulo II e o Papa Bento XVI. Um era polaco, o outro alemão, profundamente europeu, profundamente enraizado nas suas identidades nacionais, que acreditava em nações, que acreditava em nações europeias em particular”, disse Zemmour. “Então, aqui temos um sujeito que vem da América do Sul, que despreza a Europa, que obviamente, até onde eu sei, odeia a França. Em particular, ele despreza a Europa e, em seguida, faz um discurso universalista como uma organização não governamental.”

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Fonte: https://rmx.news/germany/germanys-top-church-officials-want-more-migrants-easier-pathway-to-citizenship/


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O bispo Bode não inventou nada. Por mais nojenta que seja a sua verve, que nenhum cristão da hoste nacionalista tenha a singeleza, ou esperteza saloia, de fazer dele um Bode expiatório do que está mal na Cristandade, porque ele não é nenhuma excepção e sim o mais típico representante da dita. Quando ele, juntamente com outro clérigo do Judeu Morto, declara o direito de dar guarida a alógenos contra a lei, fazendo uso do referido «asilo eclesiástico», não está a inventar mesmo nada, isto é Cristianismo puro e duro, e não tem um real carvalho a ver com o concílio Vaticano II como rapidamente comentariam os nacionalistas que se dizem cristãos e os cristãos que se dizem nacionalistas. Com efeito, e no mesmo espírito, sucedeu que, quando na Itália fascista o Estado decretou a proibição de casamentos entre italianos e não arianos, a Igreja declarou que não obedeceria a tal proibição porque o seu reino não é deste mundo...

O judeu de França Eric Zemmour começa por falar bem ao rotular o papa como aquilo que ele é, depois vai de tentar fazer crer que os papas anteriores é que eram bons, estabelece esta comparação para desvalorizar Francisco, por contraste, um argumento gizado eventualmente para namorar os cristãos conservadores, ou para não os alienar ou deixar sem chão, e compreende-se que o faça, só que aquilo que Zemmour diz não é verdade. Os papas anteriores eram também favoráveis à imigração, embora falassem menos nisso do que o argentino. Recordo-me de como um desses dois europeus de nascença, o alemão, criticou o governo francês numa ocasião em que este tentou travar a entrada de imigrantes «romenos», aliás, ciganos da Roménia. 

É pois bem verdade que a Igreja pugna pela iminvasão desde há muito, mais ainda do que tudo e todos na UE, mas não se ouvem os direitolas conservadores a bradar contra a Igreja, contra nenhuma igreja, como gritam contra a UE...


Entretanto, e independentemente disso, verifica-se, coincidentemente ou não, o que Berdyaev já observava há cem anos: à medida que o Nacionalismo cresce, o Cristianismo perde terreno, pois que, de facto, desce a presença de europeus na Igreja e cresce o voto de europeus no Nacionalismo. Afigura-se como um sinal de saúde do Organismo Europa, ainda que os dois fenómenos possam não estar directamente relacionados, embora se calhar até estejam, dado que, pelo menos na Alemanha, já se verificou que o voto nacionalista é maior em áreas com menos frequência das igrejas cristãs.

Pode ser que a Europa ainda se safe.

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