QUANDO É MAIS NÍTIDA A INCOMPATIBILIDADE ENTRE NACIONALISMO E IMPERIALISMO
Em terras do poente branco é grave, mas previsível, ver uns quantos alegados «nacionalistas» a torcer por Putin contra a Ucrânia.
Repare-se na cristalina clareza do caso - se um escritor nacionalista de ficção político-militar quisesse construir uma epopeia maniqueísta e nacionalista, não conseguiria fazer melhor: uma indómita Nação branca europeia que resiste a um império euro-asiático. É o cenário ideal de todo o nacionalista em termos de narrativa histórico-ideológica.
Se, em vez disso, o conflito se desse, por exemplo, entre a Rússia e o Uzbequistão, que é túrquico, ou entre a Rússia e a Mongólia, que é amarelíssima, ou mesmo entre a Rússia e a Geórgia, que, sendo branca, não é contudo indo-europeia, nem europeia, pois aí a escolha de quem teria razão, embora óbvia, não seria tão fácil para os Nacionalistas europeus - causaria alguma dorzita, aos bons etnicistas europeus, terem de condenar um Estado de raiz indo-europeia, e essencialmente europeu, contra países não europeus.
Mas assim? Sendo a Ucrânia uma autêntica Nação europeia, indo-europeia?... Como é possível, sequer imaginável, ver alegados nacionalistas europeus a apoiar o esmagamento deste Povo europeu?
É possível, sim, para quem souber, há muito, o que realmente motiva tal segmento populacional da Política. Previsível, como disse acima. Isto é pessoal que na infância sempre gostou de brincar aos exércitos. Ter um colectivo de soldadinhos todos iguais, com uma bandeira, um chefe incontestável, um território, belas armas e dinamismo expansivo, eis o ideal dos ideais. Contempla-se com orgulho. Tudo o resto é para esta malta meramente instrumental. O próprio Nacionalismo em si, o ideal da primazia da Nação, é para estes militantes um conceito meramente operativo - serve para reunir rapaziada em torno de um chefe para, a partir daí, lançar novas conquistas e agressões supremacistas de toda a ordem. Uma forma geoestratégica de glorificar a lei do mais forte. Imperialista, talvez patriota - nunca nacionalista.
Toda a Nação corre risco diante do Império, mesmo que seja o seu próprio império - risco de diluição, mesmo quando está na mó de cima, por assim dizer.
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