A JUGOSLÁVIA, A UCRÂNIA E UNS QUANTOS INIMIGOS DA DEMOCRACIA
Quem há coisa de 25, 26 anos condenou acerrimamente a intervenção «imperialista» dos EUA nas Balcãs, nomeadamente contra a Jugoslávia, ou, mais precisamente, contra os Sérvios - e eu na altura não ouvia praticamente ninguém a defender a posição dos norte-americanos e da OTAN - pois quem nessa altura encheu peitaça & bocarra com moralismo pretensamente anti-imperialista e europeísta, e agora não só não condena a invasão putineira na Ucrânia como, para cúmulo, com ela pactua, confirma o que na altura já se suspeitava sobre tais «consciências» alegadamente «anti-imperialistas» - nunca foram motivadas por nada do que diziam defender mas sim pelo seu ódio ao Ocidente democrático.
Ódio ao Ocidente democrático, sim - uns porque estavam com dor de corno desde 1945, outros porque com dor de corno estavam desde a queda do muro de Berlim, formando ambos os grupos uma só maralha com muito mau perder e ódio à liberdade alheia. Não aguentaram que os democratas ganhassem sempre, e logo os democratas!, que eram «garantidamente» uns «burgueses degenerados», a julgar tanto pelo discurso do leste colectivista e totalitário como pelo de elitistas iluminados, nomeadamente, mas não exclusivamente, o de um certo cabo austríaco que, segundo consta, terá dito, num dos seus últimos dias, que os Alemães mereciam afinal ser derrotados porque afinal os «superiores» eram «os de leste», e que, adiantou o fulano, «os de leste» iriam dominar o mundo, mas nem nessa profecia acertou, pelo menos até hoje...
Serem «forçados» a assistir ao triunfo político, económico, começando entretanto pelo militar, a vitória de um sistema no qual toda a gente é igual e tem os mesmos direitos políticos e a mesma dignidade, é anátema para o seu sentido de hierarquia, uma hierarquia baseada na força, mundo no qual gostam de ocupar o seu lugar, habituaram-se a isso e gostam de ter alguém debaixo dos pés. Serem «forçados» a assistir ao triunfo político, económico, começando entretanto pelo militar, da Democracia, a vitória de um sistema no qual toda a gente da Nação é igual e tem os mesmos direitos políticos e a mesma dignidade, sem poderem guiar o «povinho», os «fracos», o «rebanho», como muitas vezes dizem, como se lhe não pertencessem - e não há pessoal mais ovino do que muitos dos que se orgulham de não pertencer ao dito rebanho - pois serem «forçados» a viver em sociedade igualitária é coisa que não toleram.
Para argumentar, apontam as imperfeições da Democracia no que respeita à liberdade de expressão, mas é tarde para fazerem papel de quem respeita tal maravilha civilizacional, depois de terem sempre, sempre, apoiado regimes que sempre a suprimiram, até hoje.
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