terça-feira, março 01, 2016

AUMENTA A OLHOS VISTOS A MISÉRIA NOS TRÊS PAÍSES MAIS PODEROSOS DA EUROPA OCIDENTAL

Agradecimentos a quem aqui trouxe estas noticias:
http://www.dw.com/pt/alemanha-tem-maior-n%C3%ADvel-de-pobreza-desde-a-reunifica%C3%A7%C3%A3o/a-18269383
www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Reino-Unido-tem-13-milhoes-na-pobreza-cresce-procura-por-bancos-de-alimentos/6/30020 
http://br.rfi.fr/franca/20150609-franca-tem-mais-de-3-milhoes-de-criancas-pobres-diz-unicef

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A pobreza e o abismo entre os estados ricos e pobres da Alemanha estão aumentando, alertou a Associação alemã do bem-estar Social (Paritätischer Wohlfahrtsverband) nesta Joves (19/02). Em 2013, o índice de pobreza no país chegou a 15,5%, o que equivale a cerca de 12,5 milhões de pessoas.
"A pobreza nunca foi tão grande e a disparidade regional nunca foi tão profunda" afirmou Ulrich Schneider, director da associação, referindo-se aos 25 anos que se passaram desde a Reunificação da Alemanha, em 1990.
A associação define como "pobres" as famílias que têm renda 60% menor do que a média do país. Em 2012, 15% da população estavam nessa faixa.
Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira, os estados mais afectados pela pobreza são Bremen, Berlim e Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Na outra ponta, estão Baden-Württemberg e a Baviera, os estados mais ricos com base no PIB. As únicas unidades federativas em que se verificou um leve declínio nos índices de pobreza foram Saxónia-Anhalt e Brandemburgo.
"De modo geral, o ranking dos estados mostra uma república esfarrapada", disse Schneider. Para combater a crescente pobreza, seria necessária uma grande expansão do emprego público, entre outras medidas, afirmou.
A ministra alemã do Trabalho, Andrea Nahles, anunciou no mês passado a criação de milhares de empregos para os desfavorecidos no país até 2020. Para isso, seriam utilizados 2,7 biliões de euros do Fundo Social Europeu, além de 4,3 biliões de euros da Alemanha.
Quase 40% das verbas deverão ser investidas na "promoção da integração social e na luta contra a pobreza", afirmou a ministra.
Os grupos sociais mais ameaçados pela pobreza são os desempregados, as mães solteiras e as pessoas com baixo nível educacional. Schneider alertou que a pobreza também está aumentando significativamente entre os aposentados, grupo cuja renda mais diminuiu desde 2006.

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É a sexta economia mundial, origem da revolução industrial, ex-império que dominou o mundo tem cerca de 13 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Com um duro plano de austeridade que está socavando lentamente o Estado de Bem estar, salários estagnados, explosão do emprego temporário e de meio-turno, muitos têm que recorrer aos bancos de alimentos das ONGs no Reino Unido.
A Fundação Trussell Trust tem mais de 400 bancos de alimentos em todo o país. O impacto do programa de austeridade aplicado pela coligação de conservadores e liberais democratas desde 2010 é claro. Em 2011-2012, 128.697 pessoas recorreram a estes bancos. Em 2012-2013, a cifra quase triplicou: 346.992. “Há muita gente que come uma vez ao dia ou tem que escolher entre comer e accionar o aquecimento em pleno Inverno”, disse à Carta Maior o director da Trussel Trust Chris Mould.
Os especialistas medem a pobreza em termos absolutos (virtual incapacidade de sobrevivência) e relativos (em relação à renda média e às expectativas de uma época). Hoje em dia não ter um frigorífico é um indicador de pobreza; em 1913, data de invenção do frigorífico doméstico, era um luxo. Segundo o Trussel Trust, um em cada cinco britânicos encontra-se hoje em situação de pobreza relativa ou absoluta. “É fácil esquecer que se pode cair muito rápido nesta situação. Uma demissão, uma conta muito alta de electricidade, uma redução dos benefícios sociais, um drama familiar e essas pessoas ficam sem nada”, explica Mould.
Esta pobreza estende-se para além do desemprego. A actual taxa de desocupação de 7,7% (2,5 milhões de pessoas) encobre um panorama social complexo. Quase um milhão e meio de pessoas tem trabalhos de meio turno e com salários baixíssimos que geraram o movimento pelo chamado “living wage” (salário digno). 
O percentual de subempregados (que desejariam trabalhar mais se pudessem) aumentou de 6,2% em 2008 para 9,9% hoje. “A maioria da ajuda estatal não vai para os desempregados, mas sim para pessoas que estão subempregadas ou têm salários muito baixos. Muitas vezes pela própria instabilidade destes trabalhos as pessoas entram e saem de situações de extrema necessidade”, diz Mould.
A esta pobreza de receita somam-se outras formas no Reino Unido, como a chamada “pobreza energética” dificilmente visualizada na América Latina seja pela diferença climática ou porque ainda não foi conceptualizada. Este nível de pobreza afecta cerca de 3,4 milhões de pessoas (cerca de 6% da população) que tem de gastar mais de 10% das suas receitas para “manter um nível adequado de aquecimento” durante os cinco meses ou mais de duração do Inverno britânico. Muitos não têm escolha e deixam o aquecimento desligado porque não podem pagar as contas.
Uma britânica que não pode ligar o aquecimento no Inverno é Geraldine Pool, de Salisbury, sudoeste da Inglaterra, diagnosticada com depressão, divorciada, com um filho e sem trabalho. A Carta Maior conversou com Pool, um caso típico do impacto devastador que a austeridade está tendo em muitas vidas. “Em 2011 perdi O meu trabalho numa biblioteca pública devido aos cortes do governo. Desde então, busquei trabalho em administração, supermercados, seja o que for, mas é muito difícil para alguém com mais de 50 anos porque preferem sempre os mais jovens”, disse Pool.
O Estado paga-lhea 61 libras semanais (99 dólares) a título de seguro de desemprego e fornece assistência habitacional. “Não é suficiente. Se uso o aquecimento, as contas sobem para quase 300 libras semanais”. Neste momento não tenho água quente. Tenho que esquentar a água para me lavar”, explica Pool.
Pool tinha ouvido falar dos bancos de alimentos, mais foi por causa da sua médica do Sistema Nacional de Saúde que acabou por ir a um destes locais. “Não queria recorrer a isso. Mas foi fundamental. Com os “vouchers” (vales) deram-me latas de carne, peixe, massa, leite, açúcar. Umas seis semanas depois, no último Natal, tive um segundo pacote muito completo de alimentos”, assinalou à Carta Maior.
Os Bancos de Alimentos procuram trabalhar muito perto da comunidade e funcionam com as contribuições voluntárias da população e, em muito menor medida, de supermercados ou agricultores. Cerca de 95% dos alimentos que temos vem das pessoas a quem pedimos que adquiram dois itens adicionais num supermercado que sirvam para uma nutrição balanceada”, informa Mould.
Os bancos conectam-se com figuras chave da comunidade em consultórios médicos, hospitais, serviços sociais, igrejas e, em alguns casos, da polícia que identificam as pessoas que podem necessitar destes vales para terem acesso a um pacote de alimentos. Num caso raro de sensibilidade social, a polícia de Islington, no norte de Londres, não prendeu um jovem que havia tentado roubar pão e ovos de um mercado, após passar dias sem se alimentar devidamente. Quando a pessoa em questão, Adam, relatou o seu drama, levaram-no ao banco de alimentos onde, segundo o testemunho dos próprios policiais, começou a chorar.
A Trussell Trust calcula que necessitará uns “200 ou 300 bancos de alimentos mais” para cobrir todo o Reino Unido, mas é consciente que, com toda a sua boa vontade, funciona como um paliativo: necessário, muito útil, mas insuficiente. “Intervimos nestes momentos de emergência e se for necessário ampliamos a nossa assistência. Mas o que é preciso é uma política social para o emprego, a habitação, salários dignos e estímulos ao crescimento. Devido a todos os cortes que ocorreram, estamos inundados de trabalho”, apontou Mould à Carta Maior. 

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O desrespeito dos direitos das crianças e adolescentes em França preocupa o Unicef. Em relatório divulgado nesta terça-feira (9), o Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência relatou que o país tem mais 3 milhões de crianças pobres, sendo que mais de 30 mil estão sem domicílio e 9 mil vivem em bairros de lata. O documento também revela um índice alarmante de evasão escolar, além de problemas de maus tratos e abusos.
Entre 2008 e 2012, 440 mil crianças passaram com as suas famílias para baixo da linha da pobreza - hoje, uma em cada cinco crianças francesas é pobre. Todos os anos, 140 mil alunos deixam o sistema de ensino e as crianças com deficiências têm um nível de escolaridade baixo. Outro problema apontado pelo estudo é que há muitos problemas em relação à protecção das crianças no país.
"As dificuldades de acesso aos direitos das crianças mais vulneráveis persistem. Apesar das leis, dos planos nacionais, os progressos são poucos", destacou Jacques Toubon, responsável pela Defensoria dos Direitos, uma instituição independente criada pelo Estado em 2011 para defender vários grupos ou pessoas que não têm os seus direitos respeitados em França.
Embora pondere que a França ainda ofereça melhores condições para a infância do que a média dos países, o Unicef recomenda 36 medidas para melhorar o diálogo com os menores, combater a evasão escolar e garantir igualdade de acesso à educação, em especial para as crianças isoladas ou que vivem em bairros de lata.
Os responsáveis pelo documento também lamentam a falta de uma estratégia global sobre a infância na França, além de criticar a falta de estatísticas sobre os menores vítimas de abuso sexual, de maus tratos e da prostituição. "Essas crianças continuam invisíveis aos olhos das autoridades e da opinião pública", destacou Toubon.
Os dados apresentados por Jacques Toubon constam no relatório sobre a adopção da Convenção Internacional dos Direitos da Criança (CIDE). Em Janeiro de 2016, a França deve comparecer diante do Comité desta Convenção da ONU para receber comentários, sugestões e críticas.
O relatório anterior da Defesa dos Direitos foi apresentado em 2009 e as primeiras respostas do governo francês apareceram em 2012. Adoptada pelas Nações Unidas em Novembro de 1989, a Convenção foi ratificada pela França em 1990.

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Seja pela imigração em massa seja pela austeridade, ou por ambas as coisas, isto é mais uma vez a elite reinante no Ocidente a adoptar políticas que empobrecem cada vez mais o seu próprio povo, enquanto os proventos dos mais ricos aumentam de ano para ano. Só a aplicação de medidas verdadeiramente nacionalistas e democráticas pode pôr cobro a vergonhas destas e doutras.