terça-feira, setembro 01, 2009

A ESTRELA DE BATALHA QUE BRILHA COM RENOVADO FULGOR



Parece que anda por aí à venda a nova versão em dvd da série de ficção científica «Battlestar Galactica». É de comprar e contemplar, caros leitores. Deve ser a primeira vez que se vê um produto para entretenimento de massas que faz de certo modo uma propaganda em prol do Paganismo, nomeadamente o culto dos Deuses Gregos...

Como alguns da minha geração, e de gerações anteriores, se poderão lembrar, a série fez furor na televisão portuguesa há quase trinta anos, quando os Portugueses se entusiasmavam mais facilmente com o que viam no pequeno ecrã. Produzida nos EUA em 1978, chegou aos lares portugueses em 1982 ou 1983 através da RTP1, que naqueles nostálgicos e ingénuos tempos consagrava o horário nobre de sábado à Ficção Científica (onde é que isso já vai, actualmente quem quiser ver ficção científica na televisão em Portugal, tem de ter a RTP Memória e/ou a SIC Radical, ou a Fox ou assim, e contentar-se com um horário de domingo à tarde ou de altas horas da madrugada...), antes da supremacia das frustres telenovelas, dos deprimentes concursos e dos enfadonhos CSIs.

A série original não fazia praticamente referência nenhuma à Religião, que, efectivamente, não tinha nos anos setenta e oitenta a importância mediática que tem hoje, em grande parte devido à grande ofensiva islâmica que se observa nos últimos tempos. Na «Galactica» original, era apenas uma questão de guerra - guerra de sobrevivência, luta mortal entre espécies. A «deles», dos inimigos, contra a nossa, humana - uma estirpe alienígena tudo fazia para erradicar a humanidade mas um punhado de valentes humanos resistia, pelo espaço fora, a cavalo numa frota de naves espaciais maltrapilhas mas lideradas por um portentoso coraçado interestelar, a «Estrela de Batalha» Galactica, última sobrevivente da armada espacial duma civilização humana sita algures no Cosmos mas parente da terrestre, motivo pelo qual os referidos resistentes se encontravam ao longo de toda a primeira série numa demanda através das estrelas em busca da para eles lendária Terra. Uma história bonita e deveras épica, pois que em praticamente todos os episódios havia tiroteio laser a rodos e o estado de alerta militar era entre os humanos permanente...

Ou seja, em contraste com outras produções de ficção científica, orientadas por um padrão mental esquerdista, «Battlestar Galactica» era marcadamente direitista: o tema do «Nós contra eles», ou aliás, do «Eles contra Nós», a defesa intransigente e nunca hesitante do Nós; subsequentemente, brilhava ainda outro tema ou sub-tema direitista: o descrédito dos pacifistas, o desprezo para com aqueles que fazendo parte do Nós, passam a vida a querer dialogar a qualquer preço com o inimigo, chegando nalguns casos a pautar-se por uma ingenuidade criminosa e suicida, quase auto-genocida, de permitir que o inimigo esteja a ponto de poder aniquilar por completo o Nós. Um colunista do Expresso, Henrique Cardoso (que nalguns casos até tem bom gosto) enganou-se por isso ao afirmar que a ideia de «Battlestar Galactica» é de algum modo satirizar a paranóia securitária da era Bush - se havia na série alguma mensagem referente à política contemporânea, seria a satirização da tibieza da administração Carter.

Na série televisiva, o inimigo, Império Cylon, era composto de andróides, talvez a suavizar a questão do confronto entre estirpes - mas, na literatura, os Cylons eram uma espécie reptilínea que queria exterminar os humanos por os considerar demasiado perigosos e livres, e imprevisíveis.
Na nova versão, de 2004, os Cylons continuam a ser andróides (por acaso as armaduras são menos deslumbrantes do que as antigas...), mas agora, em lugar de constituirem um império totalmente alienígena, são criações do ser humano e contra este se rebelam. A ideia de uma revolta dos robôs, em boa verdade mais velha do que o cagar, não é certamente das mais interessantes e/ou credíveis, mas o que a nova versão tem de bom é que aborda a temática religiosa de um ponto de vista libertário-pagão que se divulgou no Ocidente a partir dos anos noventa: assim, o Cylon, opressor imperialista, é monoteísta, daí a sua intolerância, ao passo que o Homem é politeísta, daí a sua tolerância pela diversidade e pela liberdade de cada qual. Por feliz acaso, os Deuses que a gente desta nova Galáctica adora até são os mesmíssimos que os da Grécia Antiga: mesmos nomes e relações familiares, pelo menos a julgar pelos poucos episódios da nova versão que pude ver.

Chateia um bocado que toda aquela gente que aparece nas naves que estão a milhões de anos luz da Terra seja tão parecida com os Americanos da década de 2000, e que os fatos até colarinhos tenham (tento ignorar esse irritante pormenor, mas custa-me...), mas com boa vontade passa-se por cima disso e desfruta-se o espectáculo, feito agora com efeitos especiais que não eram possíveis com o baixo orçamento de há trinta anos, quando as cenas de batalha eram sempre as mesmas duas ou três, e sempre pela mesma sequência, o que não fazia grande mal, dado que o público também era menos exigente do que é hoje...


3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E..?

2 de setembro de 2009 às 00:35:00 WEST  
Blogger Caturo said...

E é giro.

2 de setembro de 2009 às 10:12:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

É uma criancice isso sim

2 de setembro de 2009 às 15:34:00 WEST  

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