quarta-feira, outubro 29, 2008

CELTISMO RELIGIOSO EM ITÁLIA


A cidade de Milão prepara-se para celebrar em grande o Primeiro de Novembro, festividade a que os Celtas Irlandeses chamam Samhain e os Celtas Gauleses chamariam Samonios, que marca o início de um novo ano e em que se verifica uma ligação privilegiada entre este mundo e o Outro.
Os preparativos que se observam na referida urbe norte-italiana enquadram-se no âmbito de um crescente interesse na Itália pela sua ancestralidade.
O castelo Sforzesco, monumento de Milão, irá ser palco de uma série de actividades tradicionais ligadas à metalurgia e à tecelagem, bem como à música de Itália, da Irlanda, da Escócia e da Espanha, ou seja, dos países com folclore dito céltico. E espera-se que mais de cem mil pessoas compareçam para contemplarem «guerreiros celtas» envolvidos em jogos de combate. Trata-se aqui, como diz a organizadora, de algo puramente cultural, não religioso.

Mas também há lugar para o aspecto religioso propriamente dito da ancestralidade pré-cristã. É notória a valorização dos cultos antigos em Itália, e não já apenas no que à sua tradição de feitiçaria itálica diz respeito, a chamada «Stregoneria», mas também à céltica vinda das enevoadas regiões da Britânia, conforme diz Francesc Howell, estudiosa norte-americana do fenómeno religioso num trabalho publicado recentemente: «Efectivamente, há algo em marcha aqui, silenciosa mas determinadamente, e parece ser um movimento.»

Os números não são conhecidos, mas estima-se que haja de entre dois mil a dez mil pagãos no norte de Itália. O mais significativo neste quadro é que o crescimento é rápido e constante: um fundador do grupo «Círculo das Encruzilhadas», por exemplo, afirma que ainda há seis anos o colectivo não passava de meia dúzia de gatos pingados e agora conta já com duzentos membros, realiza conferências, contém grupos de estudo, edita uma revista, um livro e realiza uma festa por mês.

Que prolifere o Paganismo de raiz céltica em Itália não admira, tal é a facilidade com que a corrente da Wicca se divulga nos meios urbanos sofisticados do Ocidente, nomeadamente no sector mais juvenil e feminil da população.
Mas talvez não se trate apenas de um fenómeno de paganismo internacional, por assim dizer - não será por acaso que a notícia de que aqui se trata diga respeito ao norte de Itália, que, embora formalmente latino, tem um forte substracto céltico. Aliás, coincidência ou não, o próprio topónimo «Milão» é de origem céltica, derivando de «Mediolanum»...