SERÁ ABERTA AO PÚBLICO A ÁREA DE UM ANTIGO CEMITÉRIO PAGÃO - NO VATICANO

Fonte: http://www.bbc.co.uk/mundo/noticias/2014/01/131231_vaticano_museo_cementerio_romano_finde_jgc.shtml?ocid=socialflow_facebook_mundo

Será aberto ao público este ano o espaço arqueológico de um cemitério pagão debaixo do Vaticano, descoberto há cerca de sessenta anos.

O cemitério fica mais concretamente sob um parque de estacionamento do pequeno Estado papal. 

Remonta ao primeiro século d.c., durante o reinado do imperador Augusto, e terá sido utilizado até ao século IV, quando o imperador Constantino se converteu ao Cristianismo e mandou construir a primeira igreja onde é agora a basílica de São Pedro, o primeiro papa, que foi sepultado nas proximidades da basílica.

Alguns esqueletos branqueados pelo tempo jazem nas tumbas abertas, ainda que nessa altura a maioria dos que morriam eram queimados e os seus ossos e cinzas colocavam-se dentro de frascos e urnas de terracota.

O mais interessante para os arqueólogos é que provavelmente o cemitério não era cristão. Com efeito, não foi aí encontrado nenhum símbolo cristão - nem o khi-ro, nem a cruz ou a pomba, imagens que se encontram commumente nas catacumbas romanas que se encontram nos arredores de Roma e são visitadas todos os anos por milhares de peregrinos cristãos.

Neste cemitério, debaixo do Vaticano, eram enterradas as pessoas de classe média, muitas delas escravas e libertas ao serviço do imperador.

Algumas tumbas mostram imagens das pessoas aí sepultadas, nas suas funções laborais, como é disso exemplo um retrato de um escultor chamado Tiberius Claudius Thesmus, em que ele próprio aparece esculpido a esculpir um busto, com um cão a observá-lo ao lado.

A maior parte das pessoas aí enterradas não chegou aos quarenta anos de idade. A má dentadura de muitos deles indica uma dieta pobre em proteínas. Há inclusivamente diversas tumbas de crianças, uma delas referindo um rapaz de quatro anos, da família Natronii, petiz ao qual a mãe chamou «Venustus» («Menino lindo»). O seu retrato mostra um rosto belo e triste.

O cemitério fica fora do muro da cidade de Roma, no cruzamento de duas importantes rotas, nomeadamente a Via Triumphalis e a Via Clodia, que conduzem, respectivamente, ao norte e ao ocidente. Os Romanos enterravam os seus mortos ao lado das principais rotas de saída da cidade. Os mais ricos construíam tumbas privadas, tendo algumas delas sobrevivido até à actualidade ou junto à Via Appia, caminho que leva ao sul, em direcção a Nápoles e a Bríndisi. Trata-se de uma área plena de parques e jardins, não muito diferente das que estão dentro da Cidade do Vaticano. Este, agora prestes, como acima se disse, a ser aberto ao público, terá sido abandonado no início do século IX. Boa parte desta área foi coberta por deslizamentos de terra, o que explica o seu bom estado de conservação.