quarta-feira, janeiro 09, 2008

O VELHO PRESSUPOSTO DA CULPA OCIDENTAL NO FILME «JOGOS DE PODER»

Não está mau de todo, o filme «Jogos de Poder», que na passada semana foi estreado em Portugal. Em curta e sumária descrição, trata-se do percurso fundamentalmente idealista dum senador norte-americano que move mundos e fundos para que o seu país financie o esforço de resistência armada dos «mujahedin» (guerreiros islâmicos) afegãos contra as tropas soviéticas, na guerra em que a URSS apoiou directa e maciçamente o governo comunista do Afeganistão, do primeiro-ministro Babrak Karmal, contra os rebeldes islâmicos, ao longo dos anos oitenta.
O dito político é no fundo aquilo a que sói chamar-se «um gajo porreiro», que se pauta por um idealismo algo sentimental, e nos intervalos das suas lutas políticas lá vai tendo as suas aventuras libertinas, rodeado de belas mulheres, mas sempre com juizinho, sem chegar ao consumo de drogas... é assim uma espécie de James Bond da política ianque, mas mais bonzinho.
Genericamente, o filme até está moderadamente interessante, sem momentos mortos; os diálogos não são maus, a trama é relativamente verosímil, as cenas reais de combate no Afeganistão estão bem metidas, enfim, come-se bem. Consegue também a proeza de dar verosimilhança à personagem duma rica proprietária texana que, por motivo puramente idealista, resolve apoiar a luta contra as armas comunistas no Afeganistão. E não me parece fácil, actualmente, convencer o espectador de que uma mulher mais ou menos mundana e podre de rica iria empenhar esforços apenas e exclusivamente por questões de ideal político-religioso (a senhora atirava um bocado para a beatice).
Efectivamente, numa época em que ter ideais e lutar por eles, investindo dinheiro e perdendo tempo sem auferir proventos materiais em troca, parece ora um sinal de fanatismo, ora de primarismo, numa época destas, dizia-se, compreende-se que não se considere credível que, sem mais quê nem para quê, uma ricaça, ou um conjunto de milionários desocupados, se preocupassem tanto em apoiar uma determinada causa doutrinária. Mas ou os tempos mudaram muito dos anos oitenta para cá, ou a América é realmente outra coisa, e lá tudo é possível em matéria de militância.

Não seria de qualquer modo razoável esperar que uma película de tais dimensões mediáticas fosse totalmente incólume no que respeita ao veneno ideológico me(r)diaticamente reinante, que tende, ou para desculpar o inimigo por excelência do Ocidente, o Islão, ou, cúmulo do dar a outra face, para culpar os próprios Ocidentais pelo infortúnio alheio e pelo ódio do alienígena ao mundo ocidental.
Assim, a parte final deste trabalho propagandístico cinematográfico transmite a ideia de que, ao fim ao cabo, os Ianques é que tiveram a culpa de o Afeganistão descambar no fanatismo que conduziria ao poder a hoste talibã. Como se os Norte-Americanos, só por não fazerem escolas para as criancinhas afegãs, só por não tomarem conta do país daquela maneira paternalista que a Esquerda gosta de exigir a princípio mas depois aproveita a deixa para a considerar um sinal de opressão e «paternalismo», os Norte-Americanos, só por não educarem devidamente o Afeganistão após a queda do império soviético, fossem «moralmente» culpados pelo subsequente radicalismo muçulmano que tomou conta daquela área do planeta. Isto ou é ignorância pura e simples, ou então, mais provavelmente, é a velha ingenuidade europeia mesclada com o degradante etno-masoquismo ocidental («somos sempre os culpados do mal e do ódio dos outros, por isso temos sempre de dar a outra face...»). Quem souber algo sobre o que ali se passa realmente, sabe que os radicais muçulmanos sempre foram adversos ao Ocidente e sempre odiaram o que não fosse islâmico. A este propósito é pertinente recordar o que durante a guerra contra as forças soviéticas era dito pelos próprios talibãs a um observador militar norte-americano: «Primeiro eles, depois chegará a vossa vez.» Mais recentemente, um ex-agente secreto paquistanês, agora inimigo do Ocidente, dirigiu às forças da OTAN no Afeganistão umas quantas palavras de significado claro:
«No Afeganistão, quando os Russos atacaram, os Canadianos e os Americanos e os Europeus apoiaram a jihad contra os Russos. As políticas externas e os exércitos estrangeiros podem mudar ao longo do tempo, mas os verdadeiros muçulmanos mantém-se firmes. A nossa religião não mudou - se era jihad nessa altura, é jihad agora.»
(...)
«O Paquistão e o Afeganistão são uma parte de uma luta maior, em que posições estão a ser alcançadas em toda a parte do xadrez mundial. Isto nunca acabará. Na Palestina, com todo o poder israelita e americano, eles não conseguiram acabar com isto. O mesmo se passa em Caxemira.»

Ora, a que se referirá o sujeito?...
Só há um ponto em comum entre as guerras da Palestina, de Caxemira, do Paquistão e do Afeganistão: não é nem o sionismo nem o poder americano, mas sim a violência islâmica contra o infiel, seja ele judeu, americano ou hindu.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

.

Atenção que o MAP está cheio de traidores e infiltrados que não são, nem nunca foram verdadeiros antifascistas! Apelo ao boicote!

9 de janeiro de 2008 às 17:55:00 WET  

Enviar um comentário

<< Home