VITÓRIA ELEITORAL: PSD / VITÓRIA ASCENCIONAL: CHEGA / VITÓRIA MORAL: GLADIUS

Confirma-se o que ando a dizer, sozinho, há perto de vinte anos - a Democracia é aliada do Nacionalismo.

Contra todos os poderes instituídos - todos os outros partidos, as universidades, as igrejas, os grandessíssimos mé(r)dia, a elite em geral - o Nacionalismo só tem um grupo que está cada vez mais do seu lado - o povo, sobretudo o das classes baixas.

O «povinho» que é implicitamente, às vezes explicitamente, definido pelos «analistas» como pouco clarividente, pouco instruído, pouco capaz de distinguir a verdade da mentira - este «povinho» está farto de ser insultado diariamente na televisão, depois de ser diariamente ameaçado e moralmente agredido, às vezes fisicamente agredido, por aqueles que as elites andam a trazer à cara podre para território nacional. A chama nacionalista alastra, chamusca toda a elite reinante, nem as empresas de sondagens ficam incólumes, cada vez mais cidadãos as acusam de trabalho pouco honesto, o de elaborar alegadas previsões que indicam a queda do Chega, talvez de maneira a desmoralizar os eleitores da Ultra-Direita, e, se foi disso que se tratou, correu-lhes espectacularmente mal.

Um a um, caem todos os postos de poder da elite. A maralha comentadeira baba-se na generalidade de ódio impotente, enquanto alguns deles já começam a demarcar-se dos seus colegas, como quem diz «não, eu não acho que o povinho que vota no Chega seja estúpido, não, não, eu nunca disse isso, isso não é comigo»...

O que está a acontecer não é verdadeiramente surpreendente, embora eu não tenha imaginado que poderia acontecer tão cedo. O que está a acontecer já podia, de qualquer modo, prever-se há muito - as elites estão agora a pagar pela sua despudorada impunidade arrogante que durante décadas se manteve sem ser confrontada.

Agora, à medida que as vozes do «povinho», que humoristas das elites ridicularizaram durante décadas, nomeadamente com o sketch do «gajo de Alfama», pois aguentai, elites, aguentai que agora o «gajo de Alfama» tem em quem votar, e ainda a procissão vai no adro, as vozes do «povinho», que as elites ignoravam enquanto falavam em nome do povo sem contraditório, pois agora estas vozes do «povinho» já se fazem ouvir por si mesmas, através das pela Esquerda odiadas redes sociais, e, como se não bastasse, as pessoas correspondentes a estas vozes do «povinho» podem agora apoiar quem exprime o que o «povinho» realmente pensa... pois à medida que tudo isto se vai clarificando, vê-se nas fuças das elites um semblante a fazer pensar no que teria sido a expressão facial dos aristocratas franceses quando, durante a Revolução Francesa, avistaram a guilhotina...

As elites apátridas, militantemente cosmopolitas, internacionalistas por natureza, sempre

- odiaram abertamente o Nacionalismo

- desprezaram sonsamente o «povinho»

- temeram secretamente a Democracia

e, nisto, tinham toda a razão, pois que, quanto mais democrática for a sociedade que tenha um partido nacionalista, mais ameaçados de morte estão os valores do universalismo e seus derivados, enquanto o povo é cada vez mais igual a si mesmo - tribal.

Não se pense todavia que toda a Ultra-Direita cá do burgo está contente. Mesmo depois de os resultados nacionalistas andarem a ser simplesmente esplendorosos em todo o carvalho de toda a Europa, mesmo assim, é que mesmo assim, continua a haver militantes nacionalistas que aproveitam qualquer merdoso detalhe para repudiar a Democracia: «então aquela maravilha ficou fora do parlamento enquanto a Mariana Mortágua e a Inês do PAN ficaram dentro, é por estas e por outras que desprezo a democracia!» Não inventei este desabafo que pus entre aspas, limitei-me a citá-lo. Não há dúvida de que os patriotas anti-democráticos foram bem adestrados... e não admira que o Movimento Nacionalista tenha em Portugal andado quarenta e tal anos sem resolver ou significar absolutamente nada para além de umas tertúlias e umas revistolas a fazer revisionismo histórico e a dizer «que agora é que é, isto só lá vai com Revolução!», pois como é que o Movimento Nacionalista em Portugal poderia algum dia ter avançado se não tivesse surgido AV, um democrata abrilista, claramente fora da área da Extrema-Direita anti-democrática, ainda hoje ninguém nos média falava da imigração e o país ia estar muito mais iminvadido do que já está...

Foi entretanto giro ouvir a líder de bancada do PS, Alexandra Leitão, a comentar a prestação do líder do Chega, e repare-se que a senhora teceu este comentário depois de saber dos resultados deste partido: «AV perdeu os debates...» - ora, se, «perdendo» os debates, teve o resultado que teve, o que faria se tivesse ganho os debates, eventualmente chegaria logo à maioria absoluta...

Acima de tudo, vem à memória o que as elites me(r)diáticas andaram anos a comentar em jeito de lição de moral condescendente a partir dos seus púlpitos me(r)diáticos: «Isso da insegurança é só uma sensação... a culpa é da Extrema-Direita, que vos enche a cabeça de medo, ó coitadinhos...»... ora agora são essas mesmas elites que estão com forte sensação de insegurança desde ontem à noite... ainda não lhes aconteceu nada, mas já se sentem inseguros... a culpa é da Extrema-Direita, que lhes enche a cabeça de medo... e com razão...