quarta-feira, dezembro 16, 2015

SOBRE AS FAMÍLIAS MAIS RICAS QUE EM PORTUGAL PAGAM MUITO MENOS IMPOSTOS DO QUE DEVIAM

Depois de ter passado sete anos à frente da Direcção-geral dos Impostos mergulhado num silêncio sepulcral, José Azevedo Pereira concedeu uma entrevista à SIC-Notícias (a segunda no espaço de poucos meses) que vale a pena ouvir. 
Entre o muito que não diz mas insinua, e as conclusões que consente que se tirem sobre a manipulação política a que o Fisco terá sido sujeito durante o último Governo, há uma informação que deixou cair sem ambiguidade: em 2014, quando saiu da Autoridade Tributária, uma equipa especial por si chefiada tinha identificado cerca de 1.000 famílias ricas – os chamados "high net worth individuals" – que, por definição, acumulavam 25 milhões de euros de património ou, alternativamente, recebiam 5 milhões de euros de rendimento por ano.
Ora, "em qualquer país que leva os impostos a sério", este grupo de privilegiados garante habitualmente cerca de 25% da receita do IRS do ano (palavras de Azevedo Pereira). Por cá, os nossos multimilionários apenas asseguravam 0,5% do total de imposto pessoal. Ou seja, (conclusão nossa), como estamos em Portugal, onde estas coisas da igualdade perante a lei e a equidade tributária são aplicadas com alguma flexibilidade, os "multimilionários" pagam 500 vezes menos do que seria suposto.
Sem nunca se querer comprometer muito, Azevedo Pereira descreve que, em Portugal como no resto do mundo, estamos perante grupos de cidadãos que têm acesso fácil aos decisores políticos e grande capacidade de influenciar a feitura das leis. Mas se, como assinala e bem, este não é um fenómeno exclusivamente nacional, e lá por fora os ricos sempre vão pagando mais impostos, presume-se que em Portugal a permeabilidade dos nossos governantes e deputados tem sido bem maior (conclusão nossa).
A situação não é uma fatalidade, pode remediar-se "desde que haja  vontade política", sendo certo que o grupo de funcionários do Fisco que estava a trabalhar neste tema até 2014 foi entretanto desmantelado (palavras de Azevedo Pereira). 
Citando apenas meia dúzia de números elucidativos, e sem quebrar qualquer dever de confidencialidade, o antigo director-geral dos impostos prestou um importante serviço público. Só é pena que tenha demorado oito anos a começar a falar e que, oito anos depois, a Autoridade Tributária continue a ser uma estrutura opaca, que silencia informação estatística fundamental para se fazerem debates informados, e que subtrai do conhecimento geral todas as valiosas interpretações que adopta. Não é só o acesso privilegiado de um punhado de contribuintes ao poder que distorce a democracia e desvia milhões dos cofres públicos. A falta de transparência das instituições públicas também. 
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Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/visto_por_dentro/elisabete_miranda/detalhe/as_1000_familias_que_mandam_nisto_tudo_e_nao_pagam_impostos.html

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O aperfeiçoamento da Democracia faz-se assim, a pouco e pouco - só com a diversidade de posturas e «lados» é que se podem fazer falar as comadres, para que se saibam as verdades, com a diversidade e com um grau de exigência cada vez mais límpido.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sim, claro, quem não trabalha ou trabalha mas passou a vida a cumprir os mínimos, gosta sempre de olhar para cima e dar umas bordoadas, como na apanha da azeitona, a ver se lhe cai também.

É a *uta da inveja. Nunca vi este regabofe todo com o dinheiro das minorias (incluindo os refugiados), dos políticos "reformados " (coitadinhos!), dos mongoloides que nem sabem que cá estão, mas vão comendo do prato de quem trabalha e tem filhos válidos, toda a vida.

Ora ide para a dita *uta que vos pariu, xuxas de todo o tipo, incluindo os disfarçados.

E não, não ganho estes valores. Mas quero que fique claro que se me esforçar para os ganhar, não quero que mos roubem para dar ao monhé ministro, à preta ministra, ao cigano, à cega e ao restante circo de aberrações.

16 de dezembro de 2015 às 23:51:00 WET  
Blogger Caturo said...

É a *uta da inveja o *aralho. É mas é as pessoas deixarem de ser estupidamente subservientes, e desde já envio ao real *aralho que os foda todos os que, de Direita ou «nem de Direita nem de Esquerda» (sim sim...), quiserem manter o actual estado de coisas, em que num dos países mais pobres da Europa aumenta a olhos vistos o número de ricos e, surpresa das surpresas, aumenta também o fosso sócio-económico. Quanto a averiguar quem é que ganha o quê por mérito, até parece que os donos das grandes empresas é que fazem tudo por lá, desde os projectos à produção na oficina, ou ao armazenamento ou à limpeza do estabelecimento... ou então o trabalho todo é feito por anjos...
Quanto à treta do dinheiro que vai para o monhé e os mongolóides e tal, também não pega - o monhé, a preta e o cigano continuariam a receber o que recebem de qualquer maneira, juntamente com a cega, que por ser cega não merece menos que os outros nem é menos portuguesa por isso; aliás, no anterior governo toda a cambada parlamentar foi aumentada em doze por cento (12%) para «fazer face ao aumento do custo de vida» (sic), isto numa altura de alegada austeridade, em que os deputados ganham já mais de três mil euros por mês líquidos, fora tudo o resto («ajudas de custo» e o *aralho a sete em regalias). Esses recebem isso tudo à mesma. A diferença está portanto no dinheiro que o resto do povo pode ou não receber, mas que lhe pertence, e que não está a ser pago por quem de direito, porque quem de direito precisa de comprar um Ferrari todos os meses.

17 de dezembro de 2015 às 00:45:00 WET  

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