segunda-feira, novembro 17, 2014

UMA RAPARIGA IAZIDI CONTA COMO FOI TRATADA EM NOME DA «RELIGIÃO DA PAZ»

Fonte: http://www.noticiasaominuto.com/mundo/306909/rapariga-yazidi-conta-escravidao-as-maos-do-isis
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A história é contada pelo New Iorque Times, que falou com esta rapariga de 15 anos depois de uma fuga bem sucedida. O nome desta adolescente, por uma questão de segurança, resume-se às iniciais D. A., mas o seu cativeiro às mãos do ISIS é só mais uma entre as histórias de milhares de mulheres que se encontram nas mãos dos jihadistas do Estado Islâmico.
Ao todo, estima-se que o Estado Islâmico, também conhecido como ISIS, já tenha raptado mais de 5.000 yazidis, a etnia de D.A, cuja história de horror começa no êxodo de yazidis, que tentaram fugir para as montanhas, no passado dia 3 de Agosto, altura em que os jihadistas chegaram à região de Sinjar, onde D.A. vivia.
“Estava a chorar e a segurar a mão da minha mãe”, contou, sobre o momento em que o ISIS chegou. Agrediram-na e apontaram-lhe uma arma à cabeça. A mãe, desesperada, cedeu: “a minha mãe disse-me para ir com eles caso contrário matavam-me”, conta.
Com D.A. foram levadas dezenas de outras raparigas, incluindo as duas irmãs, de 19 e 12 anos, em direção a Mosul, cidade já a viver sob o regime brutal do ISIS. Dias depois estavam entre centenas de jovens raparigas, todas prisioneiras dos jihadistas, que é conhecido por vender jovens raparigas em leilão em mercados abertos aos militantes do ISIS.
Todos os dias membros do Estado Islâmico chegavam e escolhiam raparigas. Um dia chegou a vez de D.A. – a jovem tentou resistir, agarrando-se à irmã mais velha. O jihadista, no entanto, apontou uma faca à garganta da irmã. D.A. cedeu e recorda esse como o último momento em que viu as duas irmãs. A mais nova, de apenas 12 anos, já não falava nem chorava. “Era como se já não tivesse sentimentos”, conta.
A dada altura tentou fugir com outras raparigas. Foi considerada a líder e acabou espancada violentamente. Ponderou suicidar-se para não ter de ser forçada a casar com um dos jihadistas. Mas certa noite, ela e outra rapariga conseguiram escapar através de uma pequena janela, durante a noite.
Fugiram até chegar a uma casa onde um homem as ajudou, mas só depois de contactar familiares de D.A., que lhe terão pago mais de três mil euros para a libertar. “Acho que precisava do dinheiro”, contou a jovem ao New York Times. Foi levada para a Síria e sobreviveu para contar a história.
D.A. contou a sua história juntamente com outras quatro raparigas, que conseguiram fugir das ‘garras’ do ISIS. Nenhuma delas admite ter sido violada mas contam as histórias de muitas outras raparigas que o foram. Neste momento tem sido acompanhada mas além das irmãs tem muitos outros familiares a viver em território do ISIS. Conta a jovem que de dia tem oportunidade de se distrair mas é de noite, quando se encontra sozinha, que as memórias do que sofreu a magoam mais.
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Para quem não sabe, a escravização de mulheres não muçulmanas é parte do saque de guerra autorizado pelo credo muçulmano, conforme se lê no Alcorão.