segunda-feira, maio 06, 2013

RELIGIÃO ÉTNICA E CONVERSÕES AO ISLÃO NA MAIOR NAÇÃO DA EUROPA

Na Rússia, o mufti (supremo líder espiritual muçulmano) do distrito autónomo de Yamalo-Nenets, Khaydar Khafizov, declarou há poucos dias que as conversões de russos étnicos ao Islão é «intolerável e um fenómeno perigoso para a Rússia», afirmação, polémica, que reflecte o fortalecimento da perspectiva segundo a qual a etnia deve corresponder à religião.
Líder de uma crescente comunidade muçulmana numa região rica em gás do extremo norte da Rússia, Khafizov proferiu esta declaração numa sessão do conselho consultivo das relações etno-confessionais de Yamalo-Nenets, em reacção a um relatório que indica haver mais conversões de russos étnicos ao credo muçulmano.

Do outro lado da barricada religiosa, a Igreja Ortodoxa Russa tem defendido há muito a posição segundo a qual os russos étnicos não devem converter-se ao Islão; mas, apesar da promessa de não empreender acções de missionação entre muçulmanos, a verdade é que a Igreja Ortodoxa relata com orgulho a conversão ao Cristianismo dos muçulmanos da Federação Russa...

Tal como tem sucedido no Ocidente, a Cristandade usa aí a manipulação da etnia-civilização como instrumento para se fortalecer e levar a bom porto o seu objectivo mundialista: por um lado, tenta dar o Cristianismo como traço de união e até de identidade do Povo, por outro não pára de fazer o seu proselitismo para conquistar o maior número possível de pessoas doutras estirpes. É como querer ter sol na eira e chuva no nabal. Já há alguns anos se discutia isso no seio da Igreja Católica, quando numa qualquer reunião mundial deste credo alguém afirmou que ou o Cristianismo é a religião do Ocidente ou não, mas se o é, então não pode aspirar a uma posição universal e universalista.

A maioria dos líderes muçulmanos da Federação Russa concorda em evitar conduzir trabalho missionário entre os Povos que historicamente seguiram religiões diferentes, embora tenham tentado alcançar comunidades cuja ancestralidade não se enquadra em nenhuma das quatro «tradicionais» religiões da Rússia: Cristianismo Ortodoxo, Islão, Judaísmo e Budismo.

Dá ideia que há ali uma espécie de acordo, declarado ou não, entre ortodoxos e muçulmanos, para que um não interfira no rebanho do outro...

Alguns líderes muçulmanos verificaram já que os russos étnicos convertidos ao Islão são frequentemente os islamistas mais radicais, não apenas porque são mais propensos a deixar-se influenciar pela propaganda dos radicais, mas também porque têm tendência a exibir o fanatismo que é muitas vezes observado nos recentemente convertidos a uma religião.
Neste contexto, a declaração de Khafizov veio intensificar a ideia da segregação etno-religiosa e causou discussão.
O director do Centro para o Estudo do Islão no Cáucaso Setentrional, Ruslan Gereyev, comentou que «a islamização dos Russos é em grande medida o resultado de um fraco trabalho da parte da Igreja Ortodoxa Russa e dos funcionários estatais que não dedicam à juventude etnicamente russa a necessária atenção.» «A defesa espiritual da população etnicamente russa não existe na Rússia. Como resultado, os Russos são os primeiros a cair vítimas do alcoolismo, das drogas e das seitas totalitárias, e estão sujeitos à infecção do vírus do islamismo radical.» Assim, diz, muitos russos, especialmente mulheres novas, convertem-se ao Islão e tornam-se potenciais bombistas suicidas. A este respeito acrescenta que o número de russos convertidos ao Islão «só vai aumentar porque os emissários do jihadismo (guerra santa) têm planos especiais para as raparigas russas». E, diz também, o trabalho dos jihadistas com a população etnicamente russa é «infelizmente mais produtivo do que o mesmo trabalho feito pelas estruturas da Igreja Ortodoxa Russa ou pelo Islão tradicional.»
Um razão maior para o sucesso destes jihadistas nesta campanhna é, segundo Gereyev, que eles fornecem respostas simples e claras a todas as questões, enquanto a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) e os imãs e muftis muçulmanos falam das complexidades e dilemas que qualquer crente enfrenta inevitavelmente. Para alguns, a simplicidade vence.
Por seu turno, um pesquisador do Centro do Volga para Pesquisa Regional e Etno-Religiosa do Instituto Russo de Pesquisa Estratégica, Vasily Ivvanov, focou os seus comentários na Organização Nacional dos Muçulmanos Russos (ONMR) e no seu envolvimento com os «separatistas nacionais tártaros». Essa aliança significa, a seu ver, que «os russos étnicos muçulmanos da ONMR sonham com o colapso da Rússia.» Por isso, acrescenta que «dificilmente se pode chamar russa a essa gente.» Mas raramente são aceites pelos muçulmanos tradicionais, por mais que o tentem. «Os muçulmanos na Rússia estão preparados para ver os russos étnicos como correligionários, mas não querem que estes russos étnicos ocupem quaisquer posições na hierarquia espiritual.» Assim, enquanto por um lado os russos étnicos convertidos ao Islão estão marginalizados pela comunidade etnicamente russa que os considera «traidores», por outro são tidos como «de segunda classe» na umma (comunidade muçulmana) da Rússia.
Tal isolamento, observa Ivanov, predispõe-nos para a acção extremista e até para o terrorismo.
Finalmente, um especialista de São Petersburgo em Islão, no Instituto Russo de Pesquisa Estratégica, Akhmet Dzhafaroglu, sugere que os russos étnicos de credo muçulmano estão segregados por outra razão: raramente conhecem as línguas nacionais das comunidades muçulmanas tradicionais, tais como o Tártaro e o Checheno, e portanto estão sempre a tentar provar que são verdadeiros muçulmanos.
Um exemplo deste fenómeno foi Shamil Basayev, cujos ancestrais russos foram capturados pelo imã Shamil no século XIX e que tentou por meio de acções extremistas demonstrar que era verdadeiramente parte da comunidade muçulmana. Mas, apesar disso, afirma Dzhafaroglu, foi sempre chamado «o checheno com cauda russa

O raio do povinho é lixado - quando em grupo, não esquece a etnia... só tomado como indivíduo desenraizado, ou seja, separado da sua etnia, é que o indivíduo mais facilmente adere a uma doutrina a-racial, universalista e totalitária.

Outros russos muçulmanos estão hoje em posição psicológica ainda pior, diz Dzhafaroglu, porque não querem estudar Tártaro ou Checheno ou qualquer outra língua «muçulmana» (leia-se, de comunidades muçulmanas). Como resultado, «o típico russo muçulmano é caracterizado por amor a si mesmo, agressividade e intolerância contra as outras religiões e convicções.»
Tais pessoas são - sempre segundo Dzhafaroglu - especialmente agressivas «contra a Ortodoxia Cristã Russa e a tradição patriótica russa, ou seja, contra tudo o que faz do homem russo um verdadeiro russo.» Assim, conclui, não sendo bem recebidos nem pela sua própria nação nem pelos muçulmanos tradicionais, estes conversos são apenas aceites pelos «islamistas radicais».
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É notória a semelhança entre estes russos conversos ao Islão e os brancos europeus militantes do Universalismo esquerdista anti-racista - tanto uns como outros aderem a um credo universalista totalitário e, como resultado, e/ou como causa, odeiam a sua própria estirpe e tudo o que seja coesão identitária da sua própria estirpe. Um pouco, ou um muito, a fazer lembrar as palavras de JC que aos apóstolos dizia «em verdade vos digo que se não odiardes a vossa família e a vós próprios, não sereis dignos de me seguir», e também que «julgais que vim trazer a paz?, não, vim trazer a guerra, no seio de cada lar, voltar pai contra filho», etc.. O universalismo militante é, no fundo, isto mesmo, e só fica matizado no seio de certas comunidades étnicas estáveis na medida em que o sentido de etnia se sobreponha ao do credo propriamente dito. Quando aí se estabelece uma rotina e uma vivência nacional estável, o sentido de coesão étnica prevalece, até porque o totalitarismo doutrinário já tratou de eliminar as divergências no seio do Povo.
Não significa isto, contudo, ao contrário do que o texto do link pode sugerir, que as comunidades muçulmanas tradicionais sejam geralmente menos radicais - não é de esquecer que um dos países mais etno-homogénuos do mundo islâmico, precisamente a Arábia Saudita, é também o país donde parte mais radicalismo islamista para o resto do mundo, com a disseminação da doutrina wahabita. Isso não impede que o povo saudita - a plebe, o homem comum da Arábia Saudita - tenha um «tradicional» desprezo para com os muçulmanos hindustânicos (Paquistaneses e não só). Pode apenas dizer-se, creio, que a um etnicismo chauvinista (árabe) se sobrepõe, em última análise, a causa universalista do Islão. E, assim, a bandeira da etnicidade europeia é ao mesmo tempo vítima mas também motivo de combate contra essa religião.


2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

""Alguns líderes muçulmanos verificaram já que os russos étnicos convertidos ao Islão são frequentemente os islamistas mais radicais, não apenas porque são mais propensos a deixar-se influenciar pela propaganda dos radicais, mas também porque têm tendência a exibir o fanatismo que é muitas vezes observado nos recentemente convertidos a uma religião.""

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É igual arbitro de futebool quando esta apitando uma partida daquele time para o qual todos sabem que ele torçe. Pode apostar que ele fará de tudo para prejudicar o seu time e assim agradar a chefia.

6 de maio de 2013 às 20:03:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Sim, e é por isso que a tara que os antirracistas ocidentais têm pelo Islão não se deve só ao facto de ser uma religão exótica, do amado outro, e por isso automaticamente sagrada, mas deve-se também ao facto do Islão e o antirracismo terem a nível ideológico muita coisa em comum. Os antirrascistas sentem-se genuinamente identificados, sabe-se lá até que ponto, com o Islão e a «causa» islâmica.

6 de maio de 2013 às 21:31:00 WEST  

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