quarta-feira, maio 14, 2025

Mércores, 18 de Junho de 2778 AUC

FRANÇA - LÍDER NACIONALISTA DENUNCIA FALSA DEMOCRATICIDADE NA UE

Marine Le Pen aproveitou uma visita a Roma no Sáturnes para denunciar aquilo a que chamou de um crescente "escândalo democrático" dentro da União Europeia, após a sua recente condenação que a impediu de concorrer na próxima eleição presidencial de França.
Falando ao lado do vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, a líder nacionalista francesa alertou que o seu caso fazia parte de um padrão mais amplo de repressão política que visava silenciar os movimentos soberanistas em toda a Europa. 
“Tenho um amigo africano que me disse que há países onde não há eleições e países onde os candidatos são impedidos de concorrer”, disse Le Pen em entrevista ao Corriere Della Sera durante a visita. “Acredito que a minha condenação seja realmente um escândalo democrático: fui impedida de concorrer, apesar de ter apelado, e, portanto, ainda sou presumida inocente.”
Le Pen fez uma comparação directa entre os seus próprios problemas jurídicos e o que descreveu como esforços sistemáticos do sistema europeu para neutralizar as vozes da oposição. "Não consigo deixar de pensar no que aconteceu com Salvini, no que aconteceu na Roménia com Călin Georgescu e no que a União Europeia quer fazer com Orbán", disse ela. "A UE não gosta de derrotas, mas está pronta para ir contra o povo para esmagar aqueles que a incomodam."
Os seus comentários foram feitos durante uma aparição conjunta com Salvini na Escola de Formação Política da Liga, após uma cerimónia religiosa em homenagem ao Papa Leão XIV. Os dois líderes, aliados de longa data no movimento nacionalista europeu, apresentaram uma frente unida contra o que consideram a inflexibilidade e a rigidez ideológica de Bruxelas. "As suas ideias políticas são praticamente as mesmas que as minhas", disse Le Pen sobre Salvini. "E quero acrescentar que ele é um homem corajoso, fiel e com grande força de vontade. Ele é realmente um amigo."
Le Pen também aproveitou a sua viagem a Roma para criticar os esforços em andamento de integração da defesa na UE, em particular a iniciativa Readiness 2030, que, segundo ela, é mais um veículo para centralizar o poder em Bruxelas. "Sempre que há uma crise, a UE aproveita para promover políticas integradas que se sobrepõem à soberania nacional", disse ela. "Hoje, faz isso com a Ucrânia e tenta construir um exército europeu. Faz isso de forma absolutamente cínica, para impor a sua agenda ideológica ao povo europeu."
Com o presidente francês Emmanuel Macron e outros líderes da UE visitando Kyiv para reuniões com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e a chamada "Coligação dos Dispostos", Le Pen questionou o verdadeiro objectivo da coligação. "Quer chegar a um acordo de paz ou acabará por fomentar a guerra?", questionou. "Macron colocou-se no lugar do guerreiro. A França deveria fazer o oposto: dedicar todos os seus esforços a actuar como mediadora na direcção da paz."
Embora o Patriotas pela Europa, grupo parlamentar nacionalista co-fundado por Le Pen, seja agora o terceiro maior bloco no Parlamento Europeu, ela reconheceu que a união com os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, poderia aumentar ainda mais a sua influência. "Não perco a esperança de que os soberanistas possam evoluir para uma única formação", disse ela. "Afinal, já votámos juntos em muitas emendas. Certamente, há mais coisas que nos unem do que aquelas que nos separam."
Sobre a própria Meloni, Le Pen insistiu que ela tem "um papel diplomático importante, e isso não é surpresa. Temos divergências — especialmente o seu apoio à eleição de Ursula von der Leyen —, mas ela alcançou resultados, tanto externamente quanto para a economia italiana".
Apesar das tensões entre os governos francês e italiano, Le Pen defendeu a restauração das relações bilaterais. "França e Itália são os dois países mais semelhantes da Europa", disse ela. "Eu apoio um verdadeiro renascimento nas relações entre eles."
Em contrapartida, descartou o antigo eixo franco-alemão. "Esse eixo é uma escolha do actual governo francês", disse. "A Alemanha sempre seguiu as suas próprias políticas. Acredito que a Europa precisa de regras que se apliquem igualmente a todos."
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Fonte: https://rmx.news/article/le-pen-pines-for-unified-nationalist-front-in-european-parliament-slams-warmongering-franco-german-axis/

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A líder nacionalista tem total razão no que diz à forma como está a ser impedida de representar a mensagem nacionalista nas eleições mais importantes do seu país, só é de lamentar a sua postura algo «tímida», para usar um eufemismo, no que respeita à questão ucraniana. É certo que já condenou a Rússia, valha isso, é o principal, e o mínimo exigível em matéria de decência, mas, pelo que aqui diz, parece muito pouco propensa a querer apoiar seriamente o regime de Kyiv. Esta é talvez a primeira vez que Macron tem mais razão que ela... 
O seu efusivo apoio a Meloni, entretanto, é muito bom sinal, dado que a italiana tem-se revelado como a melhor líder estatal do actual Ocidente, travando a iminvasão e apoiando inequivocamente a defesa da Ucrânia.